Olhava o céu onde as nuvens, faziam e desfaziam formas, como imagens sucessivas de um filme. Procurava encontrar a resposta adequada a esse silêncio, que escolhemos como cama das nossa incertezas. As respostas não chegavam, entretanto as pausas sem nuvens e as gaivotas voando em acrobacias deliciosas, faziam-no planar sem rede, perdendo-se, de forma abstracta, dos raciocínios. Sem se aperceber ia baixando lentamente os olhos, até encontrar a linha do horizonte, como que a sugerir que era a hora de aterrar, agarrando-se novamente à terra firme. A serenidade se apossara dele, o silêncio tinha agora um outro efeito, menos vazio, como se aquele tempo, ali passado, sentado no banco da marginal face ao mar, tivesse funcionado como uma espécie de Prozac, medicado pela natureza. Agora, sentia dentro de si a energia, necessária, para não se deixar corromper, pela modernidade bacoca, A natureza o acordara mais uma vez, para o que mais imprescindível existe no humano, a liberdade de decidir, contra ventos e marés.
O silêncio e o isolamento são uma opção, nada de mau existe nisso, fazem-lhe acreditar cada vez mais naquela frase que diz: importante não é quantos os bens materiais que possuímos, mas termos os bens que necessitamos. Ele não prescindia da sua vida, para assumir uma outra, castrada por uma vontade estranha, importante, importante é ter a mente livre e deixá-la voar.
dc
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Escolhemos o Silêncio....
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Foto. Diamantino Carvalho
quarta-feira, 1 de julho de 2015
APEGO...
o meu corpo
é prisioneiro
do teu corpo.
meus olhos
se perdem
dentro dos teus,
meu desejo
do teu desejo,
meus lábios
são do teu beijo,
até os sonhos
já não são meus.
dc
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Imagem internet: Escultura de Eva Antonini
segunda-feira, 29 de junho de 2015
Num só dia, 365
Os aniversários passam marcando a mudança, e esta será tanto mais curta, quanto dentro de nós, ainda exista algo de criança.
São datas passando pela vida, são momentos do caminho na construção de projectos, importante é termos a família e amigos por perto, porque com eles sabemos, que não nos deixam perdidos, a pregar no deserto.
Num só dia, somamos trezentos e sessenta e muitos, e se alguns foram menos bons, na hora do balanço ficamos pelas coisas boas que aconteceram, apagando as velas de uma idade que não fixamos, “encharcamos a esponja” do champanhe de alegria e brindando aos novos dias que virão.
Agradeço a todos os que se lembraram e a todos os que se esqueceram, porque uns e outros são humanos, sentem, vivem e esquecem por motivos, ou razões diferentes.
Junho 2015
dc
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Foto:Diamantino Carvalho
Geometria D'um espaço
pontas de setas
raios de sol
ou veias abertas
indicando um destino
talvez um girassol
alegrando a terra
dum homem sozinho.
dc
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Foto: Junichi Hakoyama
terça-feira, 23 de junho de 2015
QUERIAS...
Querias
Que eu fosse
Como tu és.
Se eu fosse
Como tu és
Que diferença
Haveria
Se o espelho
A mesma imagem
Reflectiria?
Nem eu
seria quem sou
Nem tu
Serias quem és.
Então para que serviria
Que eu fosse
Como tu és
Se foi aquilo
Que nos diferencia
Nos aproximou
Um dia?
Sê tu como queres
E eu serei como sou.
Nas diferenças
Nos completamos
E talvez por isso
Nos gostamos
Sabendo ambos
Ao que vamos.
dc
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segunda-feira, 22 de junho de 2015
Falar de Quê?
De repente a banalidade, a omissão, como se nada mais houvesse, se não isso mesmo. Falar de quê e para quê? Só o silêncio, dando crédito à dúvida, confirmando quanto estava perdido da promessa, efémero seria o tempo de viver e de amar.
De repente fica no ar a certeza de que nada existia, só palavras soltas sem crédito, sem verdade. Os jogos de amor são para utilizar no leito, com sabedoria e preceito, os outros são desconfiança, ou habilidades, que se usam para se enganar o tempo que se esvai e as vidas que nele decorrem.
O discurso desfaz-se, como se o amor pudesse decretar-se de repente morto, ou que se encontra em parte incerta.
dc
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sexta-feira, 19 de junho de 2015
Presa à Memória a Estória
Sente,
por dentro
um vazio
a preencher,
prende-se
agarrada
à migalha
que persiste.
Presa
à memória,
a estória
dum alguém
tão ausente,
trazida
ao viver
do presente.
Nesse
pensamento,
construído
na saudade,
confunde
sentimento
com a realidade,
e assim a alma
torturada,
vai
ao encontro
do nada.
dc
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