terça-feira, 20 de setembro de 2016

Noite sem sombras




Estou parado olhando, mas não vejo
Sinto só o calor dos lábios, o teu beijo.

A noite não tem sombras nem lua
Sentimos pelo cheiro da pele nua

Pelo vai e vem das marés nos corpos
A certeza de que não estamos mortos

Acordo todos os sentidos de teu ser
E nos meus dedos sinto o teu viver

É nessa noite sem sombras e sem lua
Que te entrego a minha alma nua

Nessa noite de marés sem tempos mortos
Sente-se o vai e vem dos nosso corpos

Até que restem entre abraços amplexos e beijos
Os nosso corpos húmidos de seus desejos.

dc


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

DESAFIO




A verdade, por vezes encoberta, nas palavras evasivas
Torna tudo mais cruel e faz criar novas feridas.
Necessário é, que respire a claridade da luz do dia
Para que cumpra tarefa esclarecida, que nos desafia
Seria bom falar de nós, de ti, no nascer da madrugada
Beijar-te, na doçura do tempo, que raras vezes nos liberta,
Caminhar construindo tudo do nada
Partindo para a vida com alegria, na aventura da descoberta.



dc

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Desde que partir..




Desde que partir
Não seja fugir
Desde que partir
Seja viver
Desde que partir
Seja só crescer
Então sim
Nos leremos
Em qualquer lugar.

dc



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Profundos são os apegos.




Profundos são os apegos
Quando, sós, somos abeirados
Saímos dos nossos sossegos
E ficamos desacertados.

Queremos mais do que a conta
Exigimos uma alma pronta
Queremos o voo cerrado
Antes que tudo tenha acabado

Somos férteis no pedir
Sem bem enxergar
Se desse alguém estamos a sentir
Muito mais que só gostar.

Caminhando com cuidado
Passo a Passo se acertando
No dizer e seu significado
Até se saber quem se está amando.

dc




terça-feira, 13 de setembro de 2016

O "click"





Pode não ser a Barbie
Pode não ser o Ken
Nem ter cultura de biblioteca
Importante é que seja alguém
Que se ajuste na medida certa.

e...

Se o beijo vibrar
Se a pele esquentar
Se o cheiro te agradar
É melhor avançar
Aproveitar o momento
Nestas coisas do amor
Há que aproveitar o tempo


dc

sábado, 10 de setembro de 2016

O Tempo da Queda





As pálpebras preguiçosas fazem-no semicerrar os olhos, observando tudo como um filme em câmara lenta. O sol apossou-se do alcatrão atraindo os lagartos, que se expõem seguros nas quatro patas e cabeça levantada farejando o ar. O calor tórrido e a luz recortam os edifícios no espaço reforçando os seus volumes e características, com sombras marcantes e generosas...um dia de verão de sol e calor abundante. Não lhe apetece despertar da modorra que em si se instalou. Quer ficar eternamente assim, insensível a tudo, menos aquela luz que marca todos os objectos que o rodeiam. Quer que tudo se fixe neste momento, como se nada mais existisse, só ele e as circunstâncias onde se encontra. Não quer saber de mais nada, não ter mais nada. Tombado na beira do caminho, cara colada no alcatrão se pergunta, “que me aconteceu.. há quanto tempo estou aqui?”. O tempo da queda nunca é devidamente dimensionado, quase sempre inesperada, nunca estamos preparamos para ela.
Difícil é voltar a levantar.

dc