segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O beijo nunca aconteceu






As falas e seu dizer
Eram difíceis de perceber

O sonho e a fantasia
Confundiam a noite com o dia

As horas se perdiam
Sem saber porque o faziam

A conversa começada
Nunca era acabada

O beijo nunca aconteceu
No sonho prevaleceu

O corpo nunca abraçou
Na esperança se ficou


O poema foi a realidade
E sua dolorosa verdade

dc



sábado, 5 de novembro de 2016

Só por dizer




Foi-se o mês de Outubro com rapidez inesperada e com ele o calor acima da média, quase de verão, que nos confundiu um pouco. Foi uma espécie de verão atrasado para compensar os dias menos felizes no período de férias. Até árvores continuaram cheias de folhas que pareciam recusar-se a cair, matizando o chãos, como sempre acontece.
Com este clima híbrido, nem carne, nem peixe, a mudança da hora contribuiu para nos afectar um pouco mais, pondo-nos “como baratas tontas”, tornando este período do calendário meio confuso. Se a tudo isso juntarmos o fim das praxes aparvalhadas e a festa de importação, o “Dia das Bruxas”, tudo fica pior.
Ao abriram-se as portas do mês de Novembro, este se apresentou desde já com alguma frieza, trouxe com ele lembrança de que o inverno está aí a dois passos, e portanto há que começar a andar de guarda-chuva e roupa adequada, para enfrentar a coisa a sério. Cá por mim, estou tentando não me deixar levar pela ideia negativa, expressa já por alguns, de que o tempo já não é o que era...pudera, nunca foi. Dizem só por dizer para tentarem deixar-nos ainda mais confusos


dc

domingo, 30 de outubro de 2016

Ilusão de Outono



A chuva, abençoada cai encharcando o solo, amaciando as terras endurecidas pelo calor do verão. Solo que liberta vapor quando a água fria lhe toca.
A água na terra faz lama grossa, espessa, onde rastos indefinidos nascem e morrem rapidamente, não há moldagem possível, assim se sente ele feito de matéria, não moldável nem adaptável a qualquer fôrma. Tudo vira fantasma, como se nevoeiro tomasse conta da paisagem, fazendo que a vida vire algo volátil.
A natureza o instruiu a resistir às vontades alheias de formatarem os seus desejos e vontades. Partilhar sem se perder de si, sentir sem que seja apego, viver e não ser um morcego só visível na noite que o protege. Antes a tartaruga que sai do ovo, partindo a casca da “segurança”, e batalha para sair da areia em direcção ao mar para se encontrar com a vida, nesse mar intenso, imenso, onde se pode sobreviver e durar.
Quem disse que a vida é fácil? O tempo não se ganha, perde-se como tal há que aproveitar as próximas vinte e quatro horas tentando contabilizar o maior de momentos positivos. Com a mudança da hora, a ilusão de que se ganha mais algum tempo para viver, afinal precisamos de manter a ilusão.

dc

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A VoZ






É uma voz que se apaga no iniciar da noite e chega pela madrugada augurando o dia. Não sei se é fruto da minha imaginação, no acordar atordoado, ou há noite com o sono a pesar. Uma coisa é certa, é uma voz que chega sempre na hora e sem demora e no adormecer acontece, ou na hora do despertar prevalece. Já algumas vezes pensei que era uma voz do “Além”, que chegava no seio do cansaço e desmentia a minha realidade. Há momentos em que me aconchega e trás sonhos dúbios que aparecem para me confundir com o que vivo, e fico sem saber em que filme a estória está a acontecer.
A voz na verdade sempre chega e se repete dia após dia, sem muito de dito que se prolongue, mas resta o suficiente, para saber que fala comigo. A voz não se liga na pessoa, não se lhe imagina figura, doce ela é, como tal serve para confundir, se o sonho é realidade que está para vir, ou se é a realidade que faz sonhar naquilo que se quer sentir.
A culpa é do silêncio, que me faz confundir aquilo que ouço, com aquilo que eu penso, quando meu olhar se perde naquele mar imenso e da vida me esqueço.


dc







sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Onde os leva o coração





Ele gordo bonacheirão
Ela gorda bonacheirinha
Ambos se davam a mão
Com sorriso na carinha

Caminham o dia à dia
Sem qualquer direcção
Fazem-no com alegria
Vão onde os leva o coração

Quando por mim se cruzam
A ternura neles transparece
Amores destes não abundam
E quem os sente se engrandece

Os anos por eles não passam
Sempre o brilho no seu olhar
Vê-se que não se cansam
Daquele seu modo de caminhar.

dc