Sobre
a cabeça inclinada, tinha colocado um chapéu de cor clara, que lhe tapava grande
parte do rosto, lobrigando-se o queixo saliente, e umas pequenas rugas em volta
da boca. Aquela figura aparecera-lhe de repente do nada. Ele temia ver mais do
que se via, temia encará-la se ela se revelasse totalmente. Possivelmente não
seria o rosto que a sua mente mantinha vivo, e nos olhos provavelmente
encontraria ambiguidade, indiferença ironia, omissão e porque não mesmo,
mentira? Melhor seria não levantar o chapéu, assim tudo ficaria como antes,
mantendo uma ideia positiva de alguém, que outrora, fizera parte do seu mundo
de emoções. Quem sabe, se usar o chapéu não fora um modo inteligente de criar
suspense, de fugir ao olhar do outro, assim sempre evitava que se percebesse
que as palavras não casavam com o olhar. Talvez uma espécie de silêncio, uma
forma diferente de chamar a atenção sobre si; “reparem no chapéu, no meu corpo,
e esqueçam o que meus olhos dizem, ou o que sinto”, assim tudo
se tornaria mais fácil, “chapéus há muitos”.
dc