quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Retrato composto




Tantas vezes desenhamos o retrato acrescentando elementos que na realidade já se perderam das memórias, outras vezes tiramos elementos criando vazios, subtraindo pormenores que não queremos. Nos dois momentos, tentamos produzir aquilo que são os nossos desejos e vontades, o retrato, é só um objecto que intermedeia aquilo que é a realidade e que marca o sentido das coisas, e aquilo que escamoteamos para que o nosso sonho se mantenha. Podemos questionar-nos se isso é correcto, se isso é benéfico, ou quais as vantagens. Pura perda de tempo, a realidade com a sua crueza, encarrega-se de demonstrar, se encontramos o que buscamos, inconscientemente, ou fazemos com que a verdade aconteça.

dc


 “Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade, porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas”. Nietzsche


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Viva contradição




Tem em si, a beleza da paz e o inferno, estruturados no seu adn, faz parte da natureza. Falo desse sentimento contraditório, amor><ódio, que nos faz mortais e nos alimenta, ao qual tentamos e não conseguimos fugir. Entranha-se de forma irracional em nós, tira-nos do sério, leva-nos às lágrimas, às gargalhadas mais claras, às tristezas mais profundas, tudo num vai e vem, em ritmo alucinante, na esperança de que um dia o equilíbrio aconteça. Será que acontece, ou é esse procurar constante que o mantém aceso e vivo? Na realidade, talvez seja esse percurso que lhe dá consistência, o alimenta e nos faz optar na ora das decisões por mantê-lo. Usufruindo em pleno, dessa alegria de amar, somos frágeis parecendo fortes, somos fortes parecendo frágeis na sua avaliação, ou, na justeza das nossas opções. Nos dias de hoje, podemos dizer o que quisermos sobre o assunto, todos têm a sua opinião, mas ninguém sai indiferente ao que ele mobiliza em nós. Há necessidade da sua existência e de o cuidarmos, para encarar esta vida moderna, onde os valores, cada vez mais exíguos, são substituídos por uma materialidade que agrega um valor de status em detrimento de todos os outros.


dc 

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A Ponte




A vida é o rio que atravesso
Numa ponte sem fim
E nela me confesso
Se vale a pena ser assim

Tem o desgaste do tempo
E fragilidade na estrutura
Com este corpo que sustento
Atravessá-la é minha loucura

Sem temor vou sozinho
Com a neblina no horizonte
Sem me afastar do caminho
Tento entender a razão da ponte.

dc





quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Tem dias..




Talvez devesse confessar que me fazes falta, de que as tuas mãos ainda são a chama de que se lembra o meu corpo, que a suavidade dos teus lábios, a humidade da tua língua na minha pele ainda permanece latente.
Sinto a tua falta todos os dias, desde de o acordar ao anoitecer, Sem apelar à memória, és presença que interrompe os minutos que decorrem. Uso todos os álibis possíveis para me esconder das memórias, banho-me, desgasto-me física e mentalmente em disparates, entretenimentos supérfluos, leio,  tresleio, prendo as imagens que passam perante os olhos, no entanto tudo se entrelaça em fundidos da tua imagem sobrepondo-se à realidade. Na impossibilidade de te ter, de nos termos, de te ouvir, nos escutando, do possuir, nos possuindo, de te olhar olhando-nos, vou-me definhando da vida deixando que ela se assegure da transformação, me torne um espaço vazio, sem emoções, um corpo como tara perdida.
Escrevo, sabendo que não chego perto de ti, nem lerás o que escrevo, mas ficará no registo da memória futura e te fará perceber um dia, que o amor entre nós era muito mais do que descrevemos na superfície das coisas, nem pode ser explicado em linguagem técnica de psicólogo.

dc




segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Murais na cidade



Olho as frases “escritas” nos muros, perdem-se da alma que as escreveu e se entregam a quem passa. Não são inocentes, alguém quis dividir, dizer em “voz alta”, fazer-se ouvir. Nem sempre são grotescas, na maioria falam de quem as escreveu, o que o preocupa, o que quer que seja ouvido. Talvez um alerta, a alguém, ou "alguéns" que circulam indiferentes, ao que vivem, ao que os rodeia, ou simplesmente o gozo da performance. Tem frases moralistas, tem frases com conceitos e muitas outras cheias de humor, Por vezes são as palavras, por vezes os desenhos, a linguagem para dizer.  Na sua ânsia de comunicação, não raro, usam paredes e incomodam seus donos, mas um grafiteiro não pensa nisso, só pensa no seu trabalho e no melhor “spot” para grafitar e no modo como chegar aos outros. Impressiona a facilidade(?) com de desenham e como comunicam com toda a riqueza da sua linguagem.
Há os que merecem critica, pela sua intenção de destruir, de imitar e mal, ou somente, de forma anárquica sujarem um espaço, Esses não merecem paredes nuas nem lugar para se expressarem. Aos outros, de alma limpa e criativa, tiro o meu chapéu, admiro seu trabalho, gostaria de os ver criando as suas maravilhas nessas paredes bizarras, nuas, desperdiçadas, que pelas cidades escurecem a alegria e tornam pesado o nosso habitar.

dc



O vocabulário do Graffit
Publicado em 21 de maio de 2009 por Alice Souza

O Graffiti possui uma terminologia própria e por ter nascido nas ruas da Filadélfia e de Nova Iorque, o vocabulário dos grafiteiros é recheado de termos em inglês.
Para se aprofundar e entender um pouco mais obra e criador (graffiti e grafiteiro) se faz necessário conhecer alguns dos termos usados por eles.
E que fique claro que é perfeitamente possível que esta lista não esteja completa, visto que – ainda – não somos profundos conhecedores do assunto.
Fiquem a vontade pra completá-la…

WRITER – Grafiteiro, praticante da arte de graffiti, escritor urbano.
BITER – Aquele que copia o desenho ou até mesmo o estilo dos outros writers.
PIECE – Graffiti feito por um writer, onde se usa mais de 3 cores.
MURAL, PRODUÇÃO, SPOT – Feita por um writer ou uma crew. Envolve no mínimo 2 pieces e alguns bonecos.
CREW – Grupo de grafiteiros.
TOY – Expressão utilizada para indicar um principiante ou alguém que grafita apenas por moda.
SPOT – Lugar onde é praticada a arte do grafitismo
FAME – Aquele que já tem o trabalho reconhecido pelos outros grafiteiros.
ALL CITY – é considerado aquele que escreve por toda cidade, ou pelo país. Pode se referir a um writer individualmente ou uma crew.
ROLL CALL – Assinar o nome de todo mundo do crew depois de ter feita um produção.
WILDSTYLE – Um estilo complicado, com letras entrelaçadas entre si. É considerado um dos estilos mais difíceis de fazer.
BACKGROUND – Fundo de um piece ou de uma produção.
FILL – Preencher, pintar o piece.
TAG – Assinatura do nome ou apelido do grafiteiro.
TAGGING UP – Tagear algum lugar difícil.
BOMB – Graffiti rápido ou ilegal, geralmente feito na noite.
BOMBER – quem faz o bomb.
BOMBING – Sair pra fazer graffiti ilegal.
FREE STYLE – trabalho livre, improvisado.
STICKERS – Adesivos que foram produzidos e taggiados antes.
THROW-UP – Vomito, estilo simples de letra, usado nos bombs. Geralmente feito em duas cores.
GOING OVER – Largar fora, fugir, correr da policia.
BUBBLE LETTERS – Tipo, estilo de letras em forma de bolha.
BACK TO BACK – Muro preenchido de ponta a ponta.
WHOLE CAR – Um lado do trem ou carro pintado completamente.
INSIDES – Tagear, bombardear os trens, ônibus etc. por dentro.
WINDOW DOWN – Piece feito pela janela de um trem ou ônibus.
BUFF – Termo usado quando se remove o piece ou bomb.
BONECO – desenho que representa figura humana.
PIECEBOOK – O livro com sketchs do writer.
OUTLINE – Desenho feito em piecebook, sketch.
CAP – Bico do spray do qual depende o traço… Pode ser fino (SKINNY) ou grosso (FAT).
FAT – Linha grossa, feita com Fat Cap.
MARKER – Marcador, pincel atômico.
HOMEMADE – Caseiro, é relacionado aos marcadores ou vídeos.
HOMEMADE INK – Tinta pra marcador feita em casa.
GRIFFIN – Feltro, usado na construção de marcadores caseiros.
FANZINE – Uma mini revista de graffiti, sem fins lucrativos, apenas pra divulgar e divertir.
FLICKS – Fotos. Também “flick” (singular) e “flix” (plural).
RACK – Roubar tinta ou marcadores.