Os “mortos” colocaram
as máscaras para se simularem vivos. No lugar dos olhos, existe um buraco fundo
onde se escondem as palavras, que os mortos não pronunciam. Uma vida que se gasta na
espera que o medo se vá, que morra, e as ausências se percam pelo tempo. Incapaz
de enxergar o rosto dos outros, fica-se por um pensar tolhido pelo medo. Muitos
se afastam, cruzam as ruas de um lado ao outro, mudam de passeio, fogem das
pessoas. Fechados ao amor, perderam-se de abraços, de beijos e carícias,
enleiam-se em cansaços, em correrias e regras absurdas sem sentido. Pensar é
proibido, deram aos outros a força de decidirem por si, mesmo que com voz de
falsete, ou em vozeirão de sabedoria feita que ninguém questiona. Pressinto o
absurdo, a desculpabilização futura, quando o estrago se evidenciar na
humanidade perdida, e os autómatos começarem a fazer sombra naquilo que fomos e
não voltaremos a ser. É certo que a “normalidade”, será uma outra, como sempre
acontece, até se tornar comum, convivermos pacificamente com aquilo que se
alterou. As elites terão humanos ao seu serviço, médicos, “personal trainer”,
massagem e empregados vários, os pobres terão robots, internet para se
comunicarem e até fornicarem. Não estamos todos no mesmo barco, alguns têm o
iate, muitos outros nem jangada. Entretanto, pacificamente, vamo-nos assumindo
como responsáveis, censurando-nos a nós próprios, “cidadãos que se creem livres”
adaptando-nos cada vez mais, à figura de não sermos ninguém, mesmo quando a nós,
cabe decidir, a quem dar a força de decidir por nós. Aceitamos mutações e
outras explicações para tudo, sem que se permitam a um fim, prolonga-se a
agonia, não se vai do mal, vai-se pela cura. Se houver futuro, não
telecomandado, talvez a verdade surja, caso contrário passará para as calendas
gregas. Atordoados, pressionados com as falas mediáticas, que plantam o medo, passamos
ao lado dos movimentos de nucleares exércitos, com nucleares engenhos que se passeiam
a descoberto pelo espaço europeu, com beneplácito dos governos, em exercícios,
sem aviso prévio, enchendo mares, calcorreando estradas, voando pelos ares,
simulando o terror, fazendo-se salvadores de males maiores, relativizando o
perigo e esquecendo o passado de Hiroshima e Nagasaki, e da actual Central
Nuclear Fukushima cujo o acidente nuclear de grau elevadíssimo, cujos resíduos a
deslocar para o alto mar, que podem pôr em causa a natureza e a vida das
pessoas. Acredito na ciência que aprende com a natureza e nos ajuda, a com ela evoluirmos,
mas não quando está contra ela e ao serviço de fins inconfessáveis. Também o medo terá de se ir. Só poderei
dizer: não temo a morte, se me tiram o prazer de viver.
dc
6. Apelar
para as emoções
As
mensagens que são projetadas a partir do poder não têm como objetivo a mente
reflexiva das pessoas. O que eles procuram
principalmente é gerar emoções e atingir o inconsciente dos indivíduos. Por isso, muitas dessas
mensagens são cheias de emoção.
As terríveis 10 estratégias de manipulação massiva, reveladas por Noam
Chomsky
020-11-09
A absoluta contaminação mediática pelas informações (e desinformações) associadas à COVID-19, alimentando o clima de pânico entre as populações, tem ainda outro efeito perverso: omite às mesmas populações outras situações igualmente graves e que têm todo o direito a conhecer. Uma delas é a escandalosa decisão do governo do Japão e da empresa que gere a central nuclear de Fukuxima de lançar no mar mais de um milhão de toneladas de águas radioactivas originárias dos reactores fundidos na catástrofe de 2011. Águas que entrarão na cadeia alimentar de milhões e milhões de pessoas. Um acto criminoso que apenas engrossa essa pandemia esquecida: a de índole nuclear –civil e militar.
Manlio Dinucci, Il Manifesto/O Lado Oculto