Pode ser, o começo de uma
qualquer perturbação mental, princípio da senilidade, alzheimer, o esgotamento
das alternativas, ou até a incapacidade de tolerar, a inconsciência que nos
rodeia perante o caos que se instala. Cansa abrirmos a boca, como peixes fora
de água, para questionar as anomalias sociais, políticas e culturais que se
propagam pelos média, acompanhadas pelos dislates de governantes que se
manifestam afastados das vontades do povo. É como se ninguém nos ouvisse, como
se o som não se propagasse. Sentimo-nos uns inúteis, perante as chamadas
cabeças pensantes de hoje, estas possuídas de ideias feitas, vivendo a
sociedade com uma espécie de dissonância cognitiva, que vão vomitando, como
verdades absolutas. É como se tivéssemos nascido numa outra galáxia e estes
daqui não entendessem a nossa linguagem. Caímos nessa armadilha, que o cérebro
sustenta, quando se nos empecilha o discernimento de tal acontecimento,
paralisado pela dúvida e sem argumento para avançar. Vamos caindo na modorra de
não exercer o raciocínio, deixando que as sinapses não existam. Um modo letárgico de navegação à vista, abandonando-se ao marear à-toa.
dc