sábado, 7 de abril de 2012

NÃO SERÁ A ESPONJA DO TEMPO...


Não se perde a sonoridade das palavras e o conteúdo no seu dizer, nem o sabor da textura da pele, nem os cheiros. nada desaparece só porque alguém decidiu, ou porque se estabelece ser a esponja do tempo a fazer-nos esquecer. Mas saber que se ganhou perdendo.

Perdes-te como pessoa, magoando com o rasto de incompreensão, com o comodismo do que entendes ser a vidinha. No entanto aconteceu. partir sem choros nem lágrimas, na explicação fácil, de uma carta, que distante, ficou sem resposta.

A resposta adequada, à banalidade como tratam os sentimentos  dos outros, as pessoas, pequeninas, que se deliciam cuidando-se importantes e morrem na ignorância do mundo, quando a beleza exterior desaparece. E no futuro...
Qualquer beijo acontecido
Cada voo alcançado
Será como um pedaço de vidro
do espelho, de um amor despedaçado

quinta-feira, 5 de abril de 2012

(A)MAR DE ENCANTO


No mar pousas os olhos esperando respostas.
Ali no voo das gaivotas desfazes cansaços,
Nas ondas que na areia se espraiam
te deixas levar pensando e sonhando a espaços.

Na abstracção que lentamente te vai dominando,
O murmurar do mar é fala de encanto,
O piar das gaivotas música do teu pranto
Tua mente e alma para longe voando.

A realidade foge e outro mundo em ti nasce
E nele outros projectos outros amores
Outras vidas, outros lugares, menos dores.

A brisa do mar trás o cheiro de outras paragens,
E a tua mente e alma se limpam, e o amor cresce
trazendo-te a paz, e à vida uma outra paisagem.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

SEM MEDO DE PERDER

Espero ter-te confortado com o som baixo da minha voz, e que as palavras saídas dos meus lábios tenham sido a resposta ao teu pedido. Que te sintas inteira na preferência, na escolha assumida. Que seja o amor que te comande os sentidos, sem ciúme, sem medo de perder.

Quero-te senhora da alegria, vivendo e enfrentando o mundo, determinada pela conquista da tua paz interior, e por teres encontrado o que querias.

Tens duvidas que te assaltam. Sem saberes que opções tomar, se caminhar em frente ou parar. Nem sempre o caminho mais curto é o melhor. Difícil é escolher o caminho. Se o que te norteia é o sentimento, opta por aquele onde te sentes melhor e mais realizada. Contrariar a natureza é impedir a vida. Olhar para trás nada resolve, no presente fazes o teu futuro.

e o SENHOR é nossa testemunha


Impossível não gostar do seu sorriso, e das marcas da idade no seu rosto, que não disfarça. Gosta-se pela forma como se exprime na suavidade dos gestos, das palavras, das emoções, das vivências. nos olhos, um brilho permanente, onde se não vê arrependimento ou dor. o conjunto do seu rosto sugere uma ternura, quase ingénua. as suas mãos, de dedos longos e desenho suave, são expressivas certamente apetecíveis ao tocar.

A voz é audível perfeitamente calma e equilibrada, entremeando as falas com sorrisos, como um guru em aula de ioga. As tensões na sua presença, se quebram e o discurso flui, como entre dois velhos amigos.

Tinham destinado encontrar-se, aproveitando ambos, para estarem num espaço comum, lendo e acompanhando-se. Não foi possível tudo se foi desenrolando no correr das horas inesperada e agradavelmente. Trocaram-se experiências, risos, pensamentos, gostares e projectos.

De repente as necessidades físicas se impuseram e o almoço aconteceu. Também de forma não prevista. Saíram do lugar onde estavam com destino próximo, que se alterou quando ele, percepcionou a ausência da carteira. Preocupado que pensasse aproveitar-se da sua generosidade, decidiu de imediato, antes de almoçar, procurar onde a deixara, e sim depois irem para o repasto. encontrada a carteira, que por esquecimento deixar no bolso do casaco que na véspera usara, não tardou estarem sentados à mesa do restaurante, mesmo bem perto de onde morava.

O almoço decorreu no mesmo espírito de sorrisos e pequenas frases. Posta mirandesa algum vinho e menos siso.

Tocou-lhe com a mão o pescoço longo, enquanto esperava a conta e ela deliciada sorria com os olhos brilhantes, reflectindo carinho e agradabilidade ao gesto simples da sua mão. Já em plena rua, na hesitação de caminharem de mãos dadas, foram-se encostando lado a lado, evitando o frio.

O carro não tinha sido estacionado muito longe do lugar onde almoçaram. entraram, no seu interior estava um calor reconfortante. já sentados, ele como já fizera no restaurante, massajou-lhe suavemente o pescoço fazendo-a relaxar e encolher os ombros em direcção ao pescoço como se dum bébé crescido se tratasse. ele então, abusador, debruçou-se sobre ela e beijou-a. primeiro os lábios se encostaram levemente, e de seguida, as línguas se entrecruzaram num beijo mais prolongado, saboreando-se sem sofreguidão. Ele afasta-se para o seu lugar e ela diz-lhe com um sorriso: “ E o senhor é nossa testemunha”. Espantado olha-a, e o seu cérebro em décimos de segundo elabora vários pensamentos. “ Não.. uma beata não...era o que me faltava?? “; “Não me digas que ela pertence aos tipos do reino de Deus??”; “será que para ela, isto é compromisso, casamento??? Uahu estou feito. Pergunto: “ O senhor???”. Ela desata a rir às gargalhadas percebendo a sua confusão e diz-lhe: “ Sim o senhor que estava a janela viu-nos a beijar.” Então sim, foi rir a bom rir, quebrando a tensão gerada. e continuaram rindo durante os largos minutos que demorou a leva-la ao seu destino.

Quando na despedida, voltaram a gargalhar sobre o assunto e despedindo-se com aquela sensação agradável, que deixam os bons encontros e com um mistério bem agradável de tentar resolver. “Quem somos, nós nesta etapa do conhecimento?”

terça-feira, 3 de abril de 2012

NA PARTILHA DAS DÚVIDAS


Na partilha das dúvidas, das dores, das incompreensões. O dizer presente, quando sós. o empurrão que se precisa na hesitação. o calor que nos aquece a alma gélida pelo infortúnio, ou dilemas da vida. É ouvir a tua voz atravessando os ares sempre que necessário.

A sociedade com os seus valores ancestrais, nem sempre adequados, ao evoluir dos tempos, paralisam decisões, não te deixam voar, tiram-te a liberdade de seres. se assim não fosse, o teu riso seria mais solto, teu caminhar dançado, e o teu coração liberto.

Não é justo que te manietem o gesto, que te tirem a alma e não possas atravessar os ares para veres esse tal lugar, que em tua memória tem registo, pelo quanto foste ouvindo nas minhas histórias.

Não poderás dividir comigo, esse outro mar, esse outro estar, em amena cavaqueira, a desoras, sem dia nem noite. No entanto eu espero-te com a convicção que um dia voarás, ao encontro deste outro lugar, quanto mais não seja, porque será uma noite ao luar.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

FLORBELA NO DIA DE ENGANOS

Não foi por engano. Foi mesmo propositado, no dia 1 de Abril de 2012 fui ver o filme “Florbela”. Fi-lo, como bom cidadão, isto é, não pensar que por ser um filme português, tinha de ser mau, e também por teimosia, porque nem todos vemos do mesmo modo ou gostamos das mesmas coisas; nunca liguei muito às criticas que por aí aparecem, nos vários medias sobre os filmes; na maioria dos casos, as criticas são feitas sem que se tenha a preocupação de motivar as pessoas a verem o filme, independentemente da opinião do autor.
Embora tivesse ouvido críticas das pessoas, desde longa data, apontando como defeito número um, aos filmes portugueses o de, "serem muito parados”, por as cenas se desenrolarem de forma lenta, com diálogos chatos e pouco esclarecedores, e como número dois, o som não ter grande qualidade. não sendo eu um espectador muito habitual dos filmes portugueses, quis saber se essa forma de classificar os nossos filmes tinha alguma razão especial.
Para o efeito, questionei alguém muito sabedor nesta área do conhecimento, que nessa altura me apresentou como justificação, para essa sensação, a ausência das legendas. Habituados a estas, que apareciam no rodapé, não as tendo, tínhamos mais tempo e estávamos mais atentos a tudo o que se passava no desenrolar do filme. Desde os diálogos aos planos, e de que modo como as imagens correspondiam ao que se pretendia transmitir, a banda sonora etc.
A justificação tem alguma razão de ser porque, de facto, não tendo de ler as legendas, podemos reparar melhor na qualidade da linguagem cinematográfica e essencialmente na imagem que é o elemento número um da leitura de um filme.
Por quê toda esta explicação??? Porque, se não fosse estar em boa companhia, morreria de tédio ao ver o filme, ou passaria pelas brasas. De facto, o filme tem uma boa imagem, técnica e artística, com uma cor a condizer. Por vezes as imagens, pela sua qualidade, sobrepõem-se de forma individualizada, fazendo-nos esquecer o filme, e o que pretendem comunicar dentro deste. Quanto ao resto, infelizmente tenho de dar razão ao que não queria. Os diálogos são monótonos, parados, e tudo dá a sensação de chatice. As cenas “eróticas” são fracas, muito “dejá vu”, e pouco integradas na leitura do filme. Sobre o elenco, não me devia atrever a falar porque não sou conhecedor, mas achei-os demasiado “teatreiros”. Sobre a história, ou apontamento, sobre a vida de Florbela, fica a ideia de uma mulher mundana, paranóica, com uma relação incestuosa com o seu irmão, sobre a poetisa ...???.
Como sempre entendi que a critica deve ser feita para chamar a atenção de determinados elementos, mais ou menos conseguidos do filme, e motivar a que este seja visto independentemente de quem faz opinião.

Daí, não ficando pela minha opinião, coloco aqui três criticas que são interessantes.
http://ipsilon.publico.pt/cinema/filme.aspx?id=299794
http://pedroroloduarte.blogs.sapo.pt/257826.html
https://www.facebook.com/notes/francisco-lou%C3%A7%C3%A3/florbela/10150603813263214

domingo, 1 de abril de 2012

AMOR versus ÓDIO. E esta heim?


"Embora possa parecer paradoxal, mesmo assim é verdade que, se não existe ódio suficiente, não existe amor bastante. Se não existe ódio suficiente, ele deve ser evocado para estimular a cooperação. "

"Evocar o ódio para estimular o amor é truque que os políticos contemporâneos e os psicoterapeutas conhecem e usam com frequência"

O Lado Obscuro do Amor - Jane G. Goldberg.
Estes dois nacos de texto, extraídos de livro, do capitulo 2. Amando o Amor Odiando o Ódio. São suficientes para assustar qualquer um. Já tinha ouvido falar que o "amor estava a um passo do ódio e vice versa", mas ler vinte e seis páginas a justificá-lo, como sendo parte do dia à dia da nossa existência, deixou-me perplexo. Quase todos nós, os que já amamos, encontramos situações em que odiamos a pessoa amada, pelo que exige de nós, pelo que nos tira de sossego, pelos ciúmes e uma infinita quantidade de coisas, mas entender, que isso faz parte da manutenção do amor é que faz confusão.
O sentimento de ódio sempre foi analisado pelo cidadão comum, como algo que não deve acontecer. ódio é um sentimento condenável, pensava eu, mas afinal não é verdade. De facto já alguém dizia" a úlcera não é o resultado do que comemos, mas daquilo que nos come", ou seja os alinhadinhos, os certinhos, estão tramados, porque não defendendo a sua integridade emocional, reprimindo sentimentos de raiva, competitividade, ciúme, se tornam seres miseráveis, como indivíduos.

Ao  ler estas ideias começo a ficar confuso. Parece aquela história, de lermos algures, que a cerveja engorda e não se deve beber, e uns dias depois, dão-nos um folheto qualquer a dizer que os investigadores da universidade XPTO, chegaram à conclusão de que beber dois copos ( não se sabe o tamanho) de cerveja, por dia, até faz bem à saúde.

Por isso, a partir de hoje, vou odiar muito para ver se governo me trata com amor, e se o verdadeiro amor me corresponde às carradas.
Dito isto bom domingo.