sábado, 14 de abril de 2012

É A FALA DO CORAÇÃO


Senhor de todas as dores
É a fala do coração
Que escreve seus amores
Em letras de canção.

A partida tem uma chegada,
A vida tem muitas cores,
Uma alma magoada,
Tem de apagar muitas dores.

Nem sempre nem nunca, se pode dizer
Tudo pode acontecer, no virar da página
De um livro que ainda se está a escrever.

Usar a imaginação, mostrar a verdade,
Cumprir o que manda o coração.
E tudo se há-de realizar ao sabor dessa emoção

sexta-feira, 13 de abril de 2012

ELES NÃO NOS DEIXAM SAÍDA


"Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para ele. Caso contrário, ele lutará até a morte."
SunTzu – Arte da Guerra



Somos seres humanos. Dizem. Seremos? O que nos leva a nós, diferentes dos animais, a sermos piores do que aqueles que classificamos de irracionais, em vez de utilizarmos a inteligência, a cultura, a nossa sabedoria acumulada, as nossas emoções, criatividade e capacidade para tudo e mais alguma coisa para o beneficio de todos.

Talvez na sociedade primitiva todos fossemos melhores, sem tanta evolução cerebral e emocional. Pelo menos muito mais solidários na luta pela sobrevivência. Se assim é, qual o estado em que nos encontramos? Teremos de voltar a ser macacos, subindo ou rastejando, ou “modernizando" com um novo Salazar, ou outro Hitler?

Matamo-nos uns aos outros, uns de forma individual, por diferentes motivos e razões, por ciúme, pelo roubo, pela ambição, ou puro deleite. Outros matam colectivamente, com bombas, com tiros, com fome, em nome de valores que dizem ser os melhores porque são os seus. Põem bombas em Hiroshima, Nagasaki, Vietname, Afeganistão, Iraque, e outros sítios que tais. Que raio de merda é esta? Não queremos Salazares nem Hitleres. De que HUMANIDADE falamos?

Quem nos governa, mente, procura levar à prática a defesa das classes sociais minoritárias e mais favorecidas, em detrimento daqueles que mais se esforçam, para que o país cresça e evolua. Propagandeiam o individualismo, o cada um por si, nas televisões, nos empregos, nos vários pressupostos de beneficio da sociedade.

Espalham o egoísmo, e dizem que todos no sistema capitalista temos direito a “ter” desde que trabalhemos. A “ter” o quê? Um Ferrari? Quantos o têm e como obtiveram? Quem usufrui da modernidade? Quem usufrui dos SPAs, dos SPOns, e de toda essa merda, que todos os dias anunciam devemos aproveitar? Quem pode gozar férias a sério, se não eles, que sempre foram os privilegiados? Quem frequenta as clínicas privadas, e as públicas quando de qualidade? Quem tem reformas chorudas? Quem ganha num mês o que muitos de nós não ganhamos numa vida de trabalho? A quem dizem que gasta mais do que devia, aos ricos, ou aos pobres? Quais os filhos, e de quem, que frequentam os melhores colégios e universidades, os mais inteligentes, os mais capazes, ou os que têm melhores condições económicas?


Quantos gestores foram acusados de má gestão? Quantos ficaram sem a fortuna pessoal, por ter prejudicado quem trabalha? Quem foi preso por má gestão das entidades públicas ou privadas? 
Quantos governantes pagaram o desgoverno a que o país chegou, e qual a entidade independente de fiscalização, dos órgãos do poder, que os acuse e leve à barra do tribunal, que é aquilo a que todos nós estamos sujeitos, os cidadãos comuns?


E que dizer desses muitos países que foram espoliados das suas riquezas naturais e agora vivem em situações miseráveis, a quem se disse levarmos o progresso? Talvez o progresso tenha sido roubar-lhes, o que hoje lhes falta e acima de tudo a sua dignidade. Hoje vemo-los a morrer de fome, sede e de doença. Deixamo-los nas mãos da AMI, da Cruz Vermelha, e de meia dúzia de abnegados que ainda se preocupam com o ser humano, e assim vivem da caridade. E A ISTO CHAMAMOS HUMANISMO?


As famílias desfazem-se porque os casais e seus filhos não têm tempo uns para os outros. Porque o amor e a disponibilidade para o exercer morre. Vivemos mais tempo em deslocações nos transportes e no trabalho, do que podemos dar aos familiares. Quem explora e domina, em nome do lucro quer-nos disponíveis para o enriquecimento das suas fortunas e a dar o sangue em nome da sua nobre causa, sua excelência o capital. ISTO É HUMANISMO?


Hoje, na Europa moderna, vive-se como no tempo dos romanos, antes de Cristo. Cidadãos são os senhores, o restante são escravos e servos. É isto que a humanidade vai construindo nos últimos séculos, cidadãos de primeira e de segunda.
 Nos dias de hoje, batem com a mão no peito em nome de Cristo, todos os que nos roubam e tiram a dignidade. 
Então o que é afinal essa tal coisa a que se chama HUMANISMO?

Não concebo, na minha pobre inteligência, que indivíduos possam sentar-se à mesa comendo com os seus familiares, descansadamente, quando umas horas antes despediram e condenaram à fome dezenas de outros seres humanos, que não raras vezes os sustentaram e enriqueceram. 
Não concebo que um governo possa ser sério, quando os senhores que o constituem ganham dez vezes mais do que aqueles a quem pedem sacrifícios e para gastarem menos.

Todos temos o dever de lutar por valores humanistas na sociedade, e estes não estão de certeza do lado de quem explora a maioria.


O HUMANISMO pressupõe solidariedade, partilha, amor, sacrifício para o bem comum, disponibilidade, criatividade, respeito pela individualidade no objectivo comum do colectivo.

Estamos todos exaustos e tristes, nada nos é facilitado na vida, temos de dar uma lição definitiva a esses senhores. 




“E descobrira, exausto e triste, de que pouquíssimas vezes o tinham deixado ser feliz e livre. “
Um tiro em Atenas - Por Baptista-Bastos (publicado no DN)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

RAZÃO E EMOÇÃO


Perderam-se nos dias, presos nas palavras não ditas, com medo de perder o chão.
Diz o povo “quando a esmola é demais o pobre desconfia”, assim ficou, deixando o tempo correr esperando o esmorecer, e mais tarde o morrer. em nome de algo, que não se explica, matou o que nascia. Doces foram os momentos, de leves encantamentos, no entanto insuficientes, para a levaram a acreditar que alguém na verdade a poderia amar.

A decisão não foi fácil, doeu e de que maneira. Mas quem disse que a vida é fácil?
Foi criado o desassossego, não sabia se era esse o objectivo, no entanto fora o que tinha ficado.
Amanhecido dum sonho tenebroso, em que atraiçoava os seus princípios. exausto e suado, sentou-se na beira da cama e escreveu em poucas palavras, o que o coração não queria, mas a razão o esclarecia. Queria viver olhando o céu e pousando os pés na terra, com a firmeza que humano deve ter, doa a quem doer.

Nesse dia partiu, levando somente seus desenhos e escritos, algumas coisas mais que lhe serviam no corpo, e acima de tudo, aquele ser, razão da sua vida, fruto de seu amor. tudo o mais ficaria para trás.

Tudo tão intenso, tudo tão belo, e porque razão tão curto no tempo? Essa a angústia, que no arrastar dos anos permanecerá.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ele concluiu que devia calar-se



Ele concluiu que devia calar-se. Em tempos aprendeu a comunicar saindo do silêncio, que durante anos trouxera consigo. Aprendeu a ler com assiduidade, a falar com os outros, e de quando em quando a substituir os desenhos por palavras construindo frases. Começou a usar a oralidade, como forma de estar permanente, expondo com frontalidade, tentando chegar aos outros, comunicando tudo o que sabia e aprendia, colocando as suas ideias. Não se apercebeu porém, que por vezes falaria demais, ou estava escancarando tudo o que na sua alma sentia, ficando sem defesas. O universo, dizem-lhe alguns, trouxera-lhe a afonia, para ele se precaver de tal defeito, escrevendo mais, falando menos, mas ele continuou surdo, e as palavras, as ideias, as histórias foram surgindo, assim se continuando a revelar. Inesperadamente o universo deu-lhe a resposta, tirando-lhe o tapete, deixando-o a falar sozinho. agora tinha sido, mais do que evidente. ele tinha que aprender.
A lição foi dada. ele recebeu-a com galhardia e disse para consigo, “hoje fecharei a porta”, assumirei o silêncio subliminar. Não mais seria acusado de falar efusivamente, nem com as frases e ideias ao pé da boca. Tudo ficaria nos subentendidos dos seus murmúrios.

A lista que divulgou, as premissas de que falara, tudo o que lhe ouviram dizer, rasgou da sonoridade. talvez um dia, volte a sentir a necessidade, de ser ouvido, e que quem o escute, ou se delicie com o som das suas ideias e sonoridade da sua presença.

terça-feira, 10 de abril de 2012

É NESTE LUGAR QUE ME PERCO

É neste lugar que eu me perco, na procura de mim. Aqui encontro o meu silêncio.
Neste espelho de água deixo-me vogar para tudo o que é impossível. Sonho-me num paraíso longe da acidez das gentes, e da sua pequenez. Avalio os meus sentimentos, julgo e me julgo, de erros e omissões, nas controversas decisões, por vezes tomadas a frio, ou no calor das discussões.

Também aqui me deixo levar pela ausência de pensar. Para que o peso das coisas terrenas, se dilua e encontre a paz na minha loucura.

Como eu gostaria de estar observando este espelho de água, pela janela aberta de um qualquer espaço sobre ele pousado, gozando com a brisa delineando nossos corpos na nudez do amanhecer, no arrepio poderoso da emoção.

Sim, como gostaria eu de restar, a teu lado, entre leituras, conversas sem tempo, abraços, beijos e prazeres inesperados. Do acordar sentindo-nos inteiros, entre aromas do mar e dos pinheiros. dos nossos corpos, no ar o seu cheiro, na nossa pele as marcas do prazer e do orvalho.

Venho-te visitar na continuidade dos tempos, nem sempre com a mesma alma, mas sempre de esperança às costas, de encontrar as respostas.

É aqui, que filtro a razão e a emoção, apurando a sua presença no espaço da minha vida.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

PÁSCOA


No dia de Páscoa, não ligo há celebração em si. A religiosidade da época, não me diz nada, mas sim, o que ela permite de atenção dos nossos mais próximos, família e amigos. é bom, estar com aqueles que mais gosto.

Gosto também deste dia, porque permite apreciar, com prazer, todas as delicias gastronómicas da época. Tendo à mesa, mesmo em dias de precariedade, diferentes iguarias, que vão desde de umas entradas variadas, de presunto, bolinhos de bacalhau, espetadas, queijos, ao bom cabrito de chanfana, ao cabrito e vitela assado no forno com os respectivos acompanhamentos, e aos diferentes doces da sobremesa, como o leite creme, arroz doce, o afamado “pão de ló”, e vários tipos de amêndoas.

Este momentos tornam-se divinos e fazem esquecer, que há p’raí uns “coelhos” que andam a dar-nos cabo da vidinha.

sábado, 7 de abril de 2012

FOI TÃO BOM PARA TI COMO....


Saíram. No exterior o sol, agora brilhante, iluminava todo o ambiente realçando as cores das casas e as pinturas floreadas dos barcos no cais. As pessoas sentadas nas esplanadas gozavam o prazer do ar livre, mesmo que frio, mas mais do que agradável, tendo em conta como o dia começara, negro, chuvoso.

O almoço tinha sido bastante interessante, num diálogo preenchido de assuntos banais, mas de conhecimento entre duas almas, dias antes desconfiadas e distantes, que agora se iam mostrando. A ementa sóbria, apontara um “bacalhau à lagareiro”, que deliciosamente foi devorado, enquanto a conversa ia em crescendo. Na mesa ao lado as crianças olhavam com curiosidade o seu cabelo loiro e o seu ar nórdico, ouvindo a sua linguagem carregada de sotaque, aumentando a ideia de “turista”.

Já no carro, caminhando junto ao espelho de água, ela diz-lhe: “ o dia está a decorrer bem, Foi tão bom para ti como para mim?”. O que nos levou, ambos, a romper serenidade e calma que pontificara até aquele momento, em gargalhadas de ir às lágrimas. De facto, o que tinha acontecido até aquele momento, sugeria a necessidade de apurar, tal como os casais no final do amor, quanto o prazer encontrado.