domingo, 22 de abril de 2012

FIOS DE VIDA

Fios ténues prendem nossos sentimentos, entre o passado e presente. Fios delicados, emaranhados, tão confusos como o nosso cérebro, e o seu pensar.
Fios de vida que não nos deixam partir, percorrendo outro caminho, procurando outro lugar, e nos mantêm amarrados ao ficar.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

AS PARTIDAS DEIXAM MARCAS

As partidas são sempre difíceis e deixam marcas, sejam elas de que tipo forem.

A partida é a perda de algo e causa sempre dor. E, por vezes, só avaliando repetidamente os factos passados é que encontramos respostas, que nos ajudam na vivência do presente, e na construção de um futuro melhor. As memórias não podem ser eliminadas, elas são usadas como motor da aprendizagem.

O deixar para trás vivências e emoções, e muitas vezes por causa alheia, inevitavelmente provoca uma ruptura com o nosso bem estar, cria inseguranças, perda de auto estima, perda de lucidez.
Dizem que não se deve remoer o passado e dar um passo em frente, mas na realidade isso não é mais do que um chavão. Ninguém esquece mais a morte de um filho, de um pai, de um irmão, de um amigo, ou de um grande amor. Tudo fica registado, como se costuma dizer, para memória futura. A dor e a sua presença na nossa mente vai-se esbatendo, mas dificilmente desaparece. O grau, a intensidade da partida, ou as razões dela acontecer, são um factor importante no seu maior ou menor esbatimento, assim como essa dor se veste de diferentes emoções. pode ser por algo que se gostou, ou por algo que se não gostou. Se for por algo que se gostou, podemos vir a ter um sorriso para a aceitação. Se for algo que nos magoou, teremos sempre um esgar quando lembrada.

As partidas são também motivo de criatividade para artistas, escritores, alimento de psicólogos, ou psiquiatras, todos eles falando delas por experiências vividas, ou observadas. Todas elas estudo de memórias, do passado, do presente, e se calhar do futuro.

Ela partiu de facto, mas deixou atrás de si memórias, e levou memórias que nem a pele dos dedos esquece, nem o frio nos lábios faz desaparecer o calor dos seus beijos, nem a distância atenuam o prazer da memória do seu abraço. De tempos a tempos elas regressarão, as memórias, e com elas virão os momentos mais gratificantes, porque os outros não interessam.

REFORMA AOS SETENTA

É assim que na Europa se pretende fazer com o aumento da idade da reforma. Gozar com os clientes gozando com os idosos.
Quantos mais anos trabalharmos, menos hipóteses têm os mais novos de começarem a trabalhar, e maior é o  desemprego. Não esquecendo que a maioria dos que hoje têm sessenta anos, começaram a trabalhar aos dez e doze anos.

Eles pensam que o povo é estúpido e que não percebe, que o aumento da idade da reforma é só mais uma forma que inventaram para tirarem direitos e de evitar que a Segurança Social despenda dinheiro, podendo assim usá-lo para tapar buracos no orçamento.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

The Young Gods - ONLY HEAVEN

Uma banda que nunca tinha ouvido tocar e que fiquei surpreendido. Vale a pena ouvir.

The Young Gods
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A seminal banda The Young Gods foi formada em 1985 por Franz Treichler, Cesare Pizzi e Frank Bagnoud na cidade de Genebra, Suíça. O trio é um dos precursores na utilização do sampler como instrumento musical e tornou-se uma das bandas de rock industrial mais influentes da época. Devido às diversas mudanças de line-up, a sonoridade do grupo foi se modificando ao longo dos anos, passando a adicionar elementos de música eletrônica e ambiente. O nome do grupo foi inspirado pelo EP The Young God da banda de noise rock Swans. Treichler, líder e único membro constante em todas as formações dos Young Gods, atua como vocalista e principal compositor. Al Comet, nos teclados/samplers, e o baterista Bernard Trontin completam o trio atual.

Embora o grupo nunca tenha alcançado grande êxito comercial, o legado dos Young Gods na música contemporânea é indíscutível. Diversos artistas consagrados já evidenciaram sua admiração e reverência ao trio suíço. Dentre as várias bandas e músicos passíveis de citação, destacam-se os Chemical Brothers, Mike Patton, The Edge (U2), Maynard James Keenan (Tool)[1], Napalm Death[2], Ministry[3], Apoptygma Berzerk[4] e David Bowie[5].

CAMINHAR À CHUVA

Caminhava pelas ruas, a chuva miúda caía sobre ele enquanto cantarolava coisas incoerentes. Hoje estava só, os companheiros, ficaram-se pelo aconchego do lar. Era ele, a chuva, e os seus pensamentos que corriam tão rápido como a superfície do passeio debaixo dos seus pés.
Longos meses observando, lendo, tentando memorizar, traçando formas, na alvura do papel. Linhas, tintas de várias cores, procurando um rosto, um corpo, uma alma...pensava. E a chuva caindo, criando uma espécie de neblina sobre as vivendas modernas, que enfileiravam ao longo das ruas....pensava...e porquê esta incerteza de saber, se o final é, mesmo o final? Os pensamentos se diversificavam, e o tempo passava.
A caminhada se aproximava do seu fim, uma hora tinha decorrido, sem se aperceber, e a chuva continuava, acompanhando a mente que trabalhava, sem se preocupar em esclarecer dúvidas, ou respostas, tudo surgia no meio do cantarolar. Tudo funcionava como em plena meditação, não se agarrando a qualquer pensamento, tudo deixando seguir sem paragens, como a caminhada um tempo antes começada.
Chegado a casa, tomou banho, vestiu-se calmamente e foi sentar-se no sofá, em silêncio reflectiu; Naquele espaço de tempo, em que a chuva caiu, o seu corpo se mexeu, a mente trabalhou, uma certeza lhe ficara, a caminhada, como sempre, fora muito útil para não stressar e pôr a vida a andar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

VÁ A SERRALVES


Domingo passado, mais uma vez, fui a Serralves, da parte da manhã, e por isso não resisti em escrever sobre aquele lugar.

Serralves, localizado numa das avenidas mais bonitas da cidade, a Av. Marechal Gomes da Costa, na cidade do Porto, é um lugar onde se podem encontrar algumas coisas, das que melhor servem, para o bem estar, das pessoas. O lazer e a cultura de mãos dadas, ou seja, espaços verdes de variada composição, espelhos de água, uma pequena zona agrícola, e espaços para sentar ouvindo os ruídos da natureza. Sítios ideais para um chá, ou uma refeição, e um Museu de Arte Contemporânea gerido superiormente (também temos disto em Portugal), considerado dos melhores da Europa e talvez do mundo.

O espaço verde, muito bem cuidado, com variadíssimas espécies de plantas, que são um prazer observar, entremeados por caminhos que permitem passeios muito agradáveis e com lugares para descansar, ler, namorar, e simplesmente estar usufruindo.

Um Museu de Arte Contemporânea, onde podem ver-se exposições de qualidade, de grandes artistas, de variados quadrantes de intervenção e diferentes países. Pode-se, por vezes, não entender a onde querem chegar, mas os seus trabalhos são um desafio à nossa imaginação e uma forma de aprendizagem de novas linguagens. São trabalhos desafiadores que perspectivam futuro, bem acompanhados, com opúsculos que documentam o artista e a sua obra.

Lamentavelmente muitos portuenses e visitantes estrangeiros desconhecem este belíssimo espaço, ou raras vezes o frequentam, quase dando a ideia de ser um lugar de elite, o que não é verdade. Actualmente aos domingos até às 13.30 horas a entrada é gratuita, portanto não existem sequer razões de ordem económica que impeçam de o visitar. Mas mesmo pagando, seria o local ideal para passar uma parte do dia bem agradável, afastando o stress de uma semana de trabalho agitada.

Serralves é o lugar ideal para os pais e crianças, avós e netos, namorados, casais a vencer a ressaca do tempo, idosos e por aí fora. E se têm dúvidas visitem Serralves com crianças, e verão o modo incrível como eles vivem as exposições e se deliciam com os passeios no exterior.

Vá Serralves.
Não é um chavão, mas um roteiro obrigatório para todos os portuenses.



QUEM FALA ASSIM MERECE DESTAQUE


negócios oneline



Texto de Baptista Bastos - 13 Abril 2012

 
As palavras do banqueiro


"Portugal está a trabalhar bem para cumprir os seus objectivos", disse o banqueiro Ricardo Salgado, com aquele ar assustador que o distingue. É um elogio ou o sinal de que somos a obediência em estado puro? A verdade é que sempre trabalhámos bem, muitas horas, cabisbaixos e tristes, não somos culpados deste infortúnio que nos caiu em cima, e pagamos uma culpa irremediável. Trabalhamos bem. Diz o banqueiro. E ele e os outros, têm trabalhado bem?


A pergunta modesta e singela tem razão de ser. Que têm feito pela pátria, ele e os outros? Que objectivos perseguem senão aqueles dimanados pelo lucro? Nada destas questões assentam num primarismo tonto. Correspondem a uma verdade como punhos. Eles enriquecem com o nosso dinheiro, quando cometem disparates têm sempre o respaldo do Governo, e, ainda por cima, atrevem-se a ditar sentenças. Sei, claro que sei e sabemos, que a Banca é um dos pilares do capitalismo, e que o capitalismo, ao contrário do socialismo, não promete nada, e muito menos a felicidade dos povos. Mas deixá-lo à solta, é arriscadíssimo. Tem-se visto.

A crise por que atravessamos não tem merecido, dos banqueiros, um esforço aturado de análise. E se, entre 1929 e agora, a crise possui semelhanças que têm sido escamoteadas, as causas são sempre as mesmas, porventura mais ou menos graves. Por sua vez, os políticos, esta geração de políticos, não sabe o que fazer. E a Europa está nas mãos de uma Direita tão anacrónica como incompetente.

Os senhores da Europa assenhorearam-se do mando porque são mais fortes, dispõem de dinheiro, de informação e de poder. Mais ainda: arregimentam Governos servis, de cega obediência, que mais não são do que serventuários de interesses alheios. O Governo português não foge à regra: é um arregimentado, sem personalidade própria, seguidor de uma estratégia imperial bicéfala. Mas não será a França a detentora absoluta do poder. Chegará a altura que ela própria sofrerá as consequências da megalomania.

O discurso clássico sobre a bondade da economia moral não passa de uma facécia. A economia vive de si mesma, e o pretendido equilíbrio geral que provoca é o equilíbrio instável do momento. Marx esclareceu. E se alguns preopinantes desenfreados entendem Marx como um pensador ultrapassado, ignoram que a relação económica imposta sem regras conduz ao descalabro. Como nos aconteceu esta desgraça?, perguntam as pessoas que mais sofrem a crise. Acontece que o mundo e os homens se transformaram em cobaias ou mercadorias, e introduzidos como engrenagens de uma roda infernal.

"Gastámos de mais. Gastámos acima das nossas possibilidades", dizem por aí. Gastámos, quem? Gastámos de mais, se sempre tivemos de menos? A falácia não esconde o jogo desta hipocrisia inominável. Quando Ricardo Salgado formula aquela opinião, sabe muito bem que somos comprados, utilizados e manipulados a BEL-prazer das circunstâncias. Trabalhamos bem porque não recalcitramos contra estas afrontas, porque somos colonizados como peças de um empreendimento de domínio. No caso português, por submissão e impossibilidade criada pelos mecanismos de mando, chegamos a ser cúmplices dos nossos próprios verdugos.

Todos os dias, de forma quase implacável, surgem notícias de novas submissões. Todos os dias aumentam os impostos, de forma directa ou indirecta, e ninguém sabe explicar porquê, a não ser que a crise é que determina. Os portugueses nunca foram senhores da sua liberdade, é verdade. Desde sempre fomos colónia de qualquer império, e chegámos a ser colónia do nosso próprio império. A banalidade económica do mal (parafraseando Hannah Arendt) provém da banalidade do mal do capitalismo. E a implosão do "comunismo" auxiliou, grandemente, a voracidade da luxúria. Não digo nada que se não saiba: as coisas estão por aí.

Sofremos, em Portugal, o reflexo de uma ideologia que se oculta sob o nome de "neoliberalismo." Não é "neo", nem "liberalismo." As palavras têm sido alteradas e adulteradas ao sabor das circunstâncias históricas. E dispõe, a ideologia, como todas as ideologias dispõem, de turiferários [bajuladores] encartados [comentadores mediáticos], que encenam o destino dos outros e são pagos para isso. "Portugal está a trabalhar bem", assevera Ricardo Salgado. Está. Mas será em benefício próprio? 



Turiferários(bajuladores) encartados, que encenam o destino dos outros e são pagos para isso


Comentário

O caso do pensionista grego de 77 anos que pôs termo à vida na manhã de quarta-feira (4 de Abril de 2012) na praça Syntagma, trouxe para primeiro plano o desespero das vítimas das políticas de austeridade. Dimitris Christoulas escreveu uma nota responsabilizando o Governo: "Não vejo outra solução senão pôr, de forma digna, fim à minha vida, para que eu não me veja obrigado a revirar o lixo para assegurar o meu sustento. Eu acredito que os jovens sem futuro um dia vão pegar em armas e pendurar os traidores deste país na praça Syntagma, assim como os italianos fizeram com Mussolini em 1945”, escreveu o antigo farmacêutico de Atenas.

É desejo de muitos que Portugal comece finalmente a trabalhar bem, recusando-se a continuar a encher os bolsos a banqueiros e acólitos, e cumprindo aquele que deve ser o seu primeiro objectivo: pegar em armas e pendurar os traidores deste país – banqueiros ladrões, políticos a soldo e comentadores venais - nas muitas praças deste país. Pelourinhos não faltam...