domingo, 14 de fevereiro de 2016

DIA DE S.VALENTIM




  

Na hora que foste nascida
Não pensava eu conhecer-te
Nem esperava que a vida
Me surpreendesse ao trazer-te

Nessa caixinha de surpresas
Do encontro de gentes
Fomos armados das certezas
Das estrelas cadentes.

Na hora que foste nascida
O mundo devia ter rodado
Tantas voltas as necessárias
Para hoje ser teu namorado

dc


sábado, 13 de fevereiro de 2016

SILENCIADO




Silenciado, corro a estrada tentando encontrar os sinais que me conduzam ao melhor lugar, não me penso vadio, nem perdido dos valores, ou referências, entrei em vielas estreitas, estradas de macadame, ou avenidas, sem o espírito da aventura, ou da experiência por si só, nem de ceder ao fácil, e, mesmo esse, quando surgido sem procura, despertou o calor dos sentidos. Tudo foi, procura de respostas às perguntas que não fiz, por não saber como e o que perguntar. Há sempre a esperança de ao topar na pedra dos dias duros e intensos, se encontre a pepita brilhante, que dê as respostas, ou ensine as perguntas certas, para que os afectos encham em pleno os dias.
Silenciado, faço da metáfora e das palavras os códigos da estória, escuto-me tentando encontrar os afectos e aceitar os factos, esperando que pelo menos o que de bom existia ainda se mantenha. 

dc -10/JAN/2016



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

CONFIDÊNCIAS




Na sombra,
Ou no beco escuro
Confidências
Vivências
E futuro

Frases abertas
Noites incertas
Vida num fio
Revolução
Um desafio

Delação
Policia secreta
Quem luta
Sofre pela traição
É preso pela certa

Quem escuta
Vai à luta
Defende o povo
É o caminho
Dum mundo novo

Conversas secretas
Noites incertas
É a revolução
E suas vivências
Na luta das consciências.



dc

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O reflexo



Encarando o reflexo como filtro de si própria, a beleza da forma ainda sobressai das ruínas que a envolvem... ali se vê...um corpo, só um corpo agora despido das roupagens, se refrescando na brisa que o fustiga, livrando-a do cheiro e do peso das mãos que a acariciaram, os seus pensamentos e desejos se mantêm intactos, para que a saudade não se instale, e o futuro seja sempre uma janela a acontecer.

dc


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Beijo de Carnaval



Caminhava em passo estugado, como de costume, fazendo disso o meu exercício matinal. Sentia no rosto o frio das pingas escassas de chuva “molha tolos” e o vento, que trazia com alguma força, tirando-me da modorra e sono que ainda habitava em mim. As ruas estavam silenciosas, de onde em onde passava um carro e muito poucos se encontravam estacionados. Sugeria uma espécie de abandono das gentes, talvez expectável tendo em conta que era um dos três dias de Carnaval, como tal seria normal que os farristas e as famílias aproveitassem, a tolerância de ponto, para se deixarem dormir um pouco mais, gozando o calor da casa. Os pensamentos, em tal cenário, divagavam para outras zonas menos citadinas e tempos mais distantes, que mais se acentuavam com o cheiro a madeira queimada que por certo alimentaria os recuperadores e lareiras. Se não fossem os pormenores citadinos, como aquele correr de vivendas, os edifícios de apartamentos, as bocas de incêndio, o alcatrão, quase parecia caminhar por uma aldeia dos meus ancestrais.
Nesse caminhar e divagar fui fazendo o meu exercício, quando de repente, ao chegar ao fim de uma das ruas, trazido pelo vento chega-me um perfume intenso misturado com o cheiro mundano, noctívago, e no dobrar da esquina deparo-me com uma figura feminina voluptuosa, suportada num corpo escultural, que se adivinha através da lingerie que o desenhava, debaixo de uma espécie de tule preto que a cobre desde os ombros até pouco abaixo dos joelhos, secundado por umas aberturas laterais que deixam apreciar uma pele branca marmórea, O rosto de cor pálida, belo, tem as sobrancelhas e as pestanas pintadas de negro, as pálpebras de um tom de azul acinzentado, e as olheiras acentuadas, sugerindo cansaço, realçavam o brilho dos olhos, Lábios marcados, por um batom cor rubi, meio esborratados, especulando beijos, O retrato que agora faço do momento, foi desenhado no meu cérebro como se fosse um laser rápido, que em segundos me marcou. O espanto e a surpresa, daquela figura perante os meus olhos, provocou-me um ligeiro tropeço, que a sua mão delicada impediu que tomasse proporções mais graves, agarrando o meu braço e colocando-me em milésimos de segundos a meia dúzia de centímetros de si, Inebriou-me com o seu perfume e sorriso divertido, enquanto os seus olhos perscrutavam-me. Ainda mal refeito, sinto a sua boca quente sobre a minha sorvendo-me os lábios, sentindo a sua língua  insinuando-se na minha, e o seu corpo se insinuando no meu, Meio atordoado, pela surpresa do que ocorria, ouço o barulho de portas se abrindo, dum carro negro que parecia surgido do nada. Caímos no banco de trás em inexplicável samba de corpos que se libertam do supérfluo e se encaixam, ambos perdidos na bruma do prazer que os tomava, nem o meu corpo suado parecia incomodá-la, antes pelo contrário, A sua boca é um vulcão, percorre-me e assenhora-se de mim, sinto os seus beijos e os dentes ligeiramente afilados na pele, entro num labirinto de emoções e perco a noção do tempo, como se asas me tomassem o corpo levando-me para as nuvens, numa espécie de loucura que se apoderou dos meus sentidos...ouvia a sua voz quente se distanciando num discurso que não percebia. Algum tempo depois, recuperando a razão, vou-me assenhorando do lugar e de mim. Ela tinha desaparecido, somente um pequeno lenço preto repousava no estofo do carro, com uma ligeira mancha vermelha, a luz do dia que chegava do exterior incomodava-me os olhos, Fechei um pouco mais a porta enquanto me recompunha e olhei o rosto pelo retrovisor do carro e fiquei horrorizado com o que via. Os meus olhos se perdiam numas olheiras profundas, escuras, num rosto descolorido, dois pontos pequenos, escuros marcavam o pescoço, e os lábios como um desenho escuro desenhando a boca...ainda não refeito do que sentia e via, ouço a sua voz quente, como surgida de nenhures, em que se adivinhava um sorriso, que dizia pausadamente: ”caminhante o caminho faz-se caminhando...é Carnaval não leves a mal...ah ah ah” 
dc



sábado, 6 de fevereiro de 2016

A História faz-se de estórias




O tempo passou rapidamente, ainda ontem a fralda te enrolava e a tua voz era feita de nham hnam..e sorrisos. Hoje, já és um menino crescido o suficiente para te expressares num falar coerente, pedires e dares atenção a quem te rodeia, pais, avós, tios, e todos os outros amigos, professores, expressando com clareza bastante, desejos, vontades e as necessidades que te movem construindo o teu caminho.

Fazes hoje nove anos, e pela tua frente um mundo para viver com aventuras cada vez maiores. Já não serão as estórias como a “Vida Mágica da Sementinha” de hoje, mas outras estórias não menos ricas, mas mais reais e vividas do que nunca, com que irás crescendo e fazendo a tua própria história.


Hoje, enche o dia vivendo sonhos de princesas e príncipes que a tua imaginação alimente, vive a
  alegria da amizade, fraternidade, dos teus companheiros, amigos e família. Aproveita o sol da vida e sorri com a alegria do girassol, que alimenta os pássaros com a sua cor e presença.

É muito, mas mesmo muito bom, que existas para todos nós que tanto gostamos de ti, e tudo faremos para te acompanhar o mais tempo possível, na tua/nossa existência, no futuro largo que tens a percorrer.

Beijos e um xi apertado do teu avô.

dc

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Através das Janelas



por trás da janela,
descendo, ou subindo,
vidas se movimentam
na especulação dos dias
sem prever quando caem
ou quando se levantam,
nem quando o azedo
ou a doçura
se fazem presentes.

vidas, através de janelas
mais ou menos discretas,
mas todas vidas concretas,
existentes nas ruas, ou vielas,
com estórias que falam delas.
nem sempre vistas de fora,
nem sempre janelas com horizonte,
às vezes, só mesmo luz como fonte.

difícil olhar um sol ambicioso
através do embaciado destino,
que o vidro caprichoso
afasta do nosso caminho.

ficamos subindo e descendo,
descendo e subindo,
num sucessivo crescendo,
à espera que num dia radioso
toda a dor se torne ausente
num mundo sem janelas
com a liberdade presente.

dc