segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Escrevi...




Escrevi nas tuas pernas o romance de uma vida, mais do que as tocar para percorrer com os dedos, usei o marcador que te ia provocando coceira divertida, e não a excitação que as palavras no seu conteúdo possuíam. Era a necessidade de deixar memória escrita do nós, para além daquilo que fisicamente sentíamos.
Cada palavra foi escolhida na partilha de desejos, sentimentos, emoções e vontades. Cada vírgula um toque subtil, cada acento um reforço do gozo, cada parágrafo, uma pausa para que romance físico se desenvolvesse. Momento a momento fomos preenchendo o espaço disponível, tatuando as tuas pernas com as letras, as palavras, as frases construídas e tudo saboreado com aquilo que lhe deu origem...o que fazer para que não se torne efémero o que se passou? A escrita pode esbater-se, ou pagar-se, pela passagem da água e do tempo e tudo ficará como resquício de memória... mas o que vivemos ...espero que reste eternamente.

dc


domingo, 28 de fevereiro de 2016

se o fizeram...




.... a mão estava ali, avançava na direcção da sua boca, tocou nos seus lábios, como se cego fosse querendo conhecer o caminho para dentro dela…o seu corpo tremia de emoção e ansiedade… o mundo era pequeno demais para o que sentia, seus lábios, por certo, queimariam a ponta dos seus dedos, seria melhor que ele a afogasse com os seus lábios e a possuisse definitivamente, arrefecendo as vontades, saciando o corpo, No seu coração e na sua mente o seu amor já era dele.
> ele tocava-lhe os lábios, e sentia-se dominado pela força que dentro dela lhe chegava, ela já era dona do do seu corpo, seu pensamento, seu coração, só isso fazia sentido, naquele calor que parecia queimar-lhe a pele da ponta dos dedos, sentia-se possuído pelo voo irrepetível da paixão que se desfaz em amor que adentrava no seu ser, O prazer de permanecer, definitivamente a seu lado, naquele abraço que não se desfaz, na morna serenidade, da realização dos afectos.
> domingo à tarde, por vezes, para alguns a vida acontece, que eles mereciam mereciam…se o fizeram...  

dc


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

d'Vermelho




Na suavidade da pele
A cor de que se despe

No gesto atrevido
O insinuar do avanço

No deslizar dos dedos
O impulso do fogo
Que consome a paixão

Será tudo um logro
Se os dedos tremerem

Ah..
Se os dedos tremerem
Sem despir o vermelho
Com que te seduzo
Para que te fiques na pele

Que se será de mim
Se contigo recuso
Ir até ao fim.

dc




quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

SINTO...




Sinto a agonia da perda, num soluço que espreita,
Na voz que sussurra teu nome, e se lamenta
Dessa nossa bonança quase perfeita
Transformada em tempestade violenta.

Veio a tristeza ensombrar minha mente,
Com ela um aperto no meu peito,
Nos meus olhos um rio se acrescenta,
Nas faces do meu rosto faz seu leito.

Neste inverno que em mim se instala,
Perdem-se as palavras de sentido,
Se todo o passado, por dentro me abala,
Nada se reconstrói do que já foi vivido.

Enxugarei meu rosto com a brisa que vem do mar,
Aproveitarei o sol da primavera por certo,
Fazendo de meu corpo lugar de seu pousar,
Transformando o bisonho em algo belo e concreto.  

dc

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

OUTRORA ..OUTRA HORA




Outrora
é um passado já vivido
Outrora
é o passado arquivado
Outrora
pode matar o presente
Outra hora
desvia-nos do agora
Outra hora
já não há o que havia

Outrora
Se gostado o acontecido
E agora apetecido
Será um outrora no futuro
Feliz por ser conseguido.

dc

domingo, 14 de fevereiro de 2016

DIA DE S.VALENTIM




  

Na hora que foste nascida
Não pensava eu conhecer-te
Nem esperava que a vida
Me surpreendesse ao trazer-te

Nessa caixinha de surpresas
Do encontro de gentes
Fomos armados das certezas
Das estrelas cadentes.

Na hora que foste nascida
O mundo devia ter rodado
Tantas voltas as necessárias
Para hoje ser teu namorado

dc


sábado, 13 de fevereiro de 2016

SILENCIADO




Silenciado, corro a estrada tentando encontrar os sinais que me conduzam ao melhor lugar, não me penso vadio, nem perdido dos valores, ou referências, entrei em vielas estreitas, estradas de macadame, ou avenidas, sem o espírito da aventura, ou da experiência por si só, nem de ceder ao fácil, e, mesmo esse, quando surgido sem procura, despertou o calor dos sentidos. Tudo foi, procura de respostas às perguntas que não fiz, por não saber como e o que perguntar. Há sempre a esperança de ao topar na pedra dos dias duros e intensos, se encontre a pepita brilhante, que dê as respostas, ou ensine as perguntas certas, para que os afectos encham em pleno os dias.
Silenciado, faço da metáfora e das palavras os códigos da estória, escuto-me tentando encontrar os afectos e aceitar os factos, esperando que pelo menos o que de bom existia ainda se mantenha. 

dc -10/JAN/2016