segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O adeus acontece




a pele se arrepia
neste adentrar
da melodia
a dor se instala
o
adeus acontece
o amor fenece

a voz se sumiu
a música parou
o vazio cresceu
o silêncio feriu
a alma marcou
e a solidão
se lhe ofereceu

doce enlevo
sem a sorte do trevo
se foi
se perdeu
como folhas
de um romance
que nunca se escreveu 


dc

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

RAP marado



Quero que me escrevas
em letra redonda
e me digas que me esperas
que vais na minha onda

Quero que me digas
tudo como gostas
e não vás de intrigas
nem faças outras apostas

Quero te ler e pensar
naquilo que escreveres
e eu tudo te contar
para melhor me perceberes

Neste ritmo marado
quero mesmo acreditar
que sou o ser mais amado
para o teu lado ficar

Meu amor sei que consegues
lê o que te estou a pedir
vê se me escreves
palavras do teu sentir

Escreve-me em letra redonda
faz-me acreditar
que me queres na tua onda
a ver o sol a brilhar.


DC "rapper em si"




quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Retrato composto




Tantas vezes desenhamos o retrato acrescentando elementos que na realidade já se perderam das memórias, outras vezes tiramos elementos criando vazios, subtraindo pormenores que não queremos. Nos dois momentos, tentamos produzir aquilo que são os nossos desejos e vontades, o retrato, é só um objecto que intermedeia aquilo que é a realidade e que marca o sentido das coisas, e aquilo que escamoteamos para que o nosso sonho se mantenha. Podemos questionar-nos se isso é correcto, se isso é benéfico, ou quais as vantagens. Pura perda de tempo, a realidade com a sua crueza, encarrega-se de demonstrar, se encontramos o que buscamos, inconscientemente, ou fazemos com que a verdade aconteça.

dc


 “Por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade, porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas”. Nietzsche


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Viva contradição




Tem em si, a beleza da paz e o inferno, estruturados no seu adn, faz parte da natureza. Falo desse sentimento contraditório, amor><ódio, que nos faz mortais e nos alimenta, ao qual tentamos e não conseguimos fugir. Entranha-se de forma irracional em nós, tira-nos do sério, leva-nos às lágrimas, às gargalhadas mais claras, às tristezas mais profundas, tudo num vai e vem, em ritmo alucinante, na esperança de que um dia o equilíbrio aconteça. Será que acontece, ou é esse procurar constante que o mantém aceso e vivo? Na realidade, talvez seja esse percurso que lhe dá consistência, o alimenta e nos faz optar na ora das decisões por mantê-lo. Usufruindo em pleno, dessa alegria de amar, somos frágeis parecendo fortes, somos fortes parecendo frágeis na sua avaliação, ou, na justeza das nossas opções. Nos dias de hoje, podemos dizer o que quisermos sobre o assunto, todos têm a sua opinião, mas ninguém sai indiferente ao que ele mobiliza em nós. Há necessidade da sua existência e de o cuidarmos, para encarar esta vida moderna, onde os valores, cada vez mais exíguos, são substituídos por uma materialidade que agrega um valor de status em detrimento de todos os outros.


dc 

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

A Ponte




A vida é o rio que atravesso
Numa ponte sem fim
E nela me confesso
Se vale a pena ser assim

Tem o desgaste do tempo
E fragilidade na estrutura
Com este corpo que sustento
Atravessá-la é minha loucura

Sem temor vou sozinho
Com a neblina no horizonte
Sem me afastar do caminho
Tento entender a razão da ponte.

dc