domingo, 22 de janeiro de 2012

PALAVRAS NÃO ENCOTRARAM ECO...

As palavras partiram, mas não encontraram eco. Uma corrente gelada manteve-as imóveis por tempo indeterminado. Não foram lidas, escutadas, comentadas, nunca chegaram ao seu destino. O destino, estava fechado para obras e decidiu que não as lia, enquanto congeladas. Perdera-se o tempo e a oportunidade. Agora, mesmo depois de descongeladas, já não teriam sentido. As mãos que as escreveram, perderam a agilidade, a capacidade de as ordenar no espaço, seguindo a linha de pensamento que as originaram. Nem outras ele encontrava para as substituir. Não se tratavam as palavras como peças de substituição de uma máquina. As palavras que foram escritas num tempo certo com um objectivo claro. Tinham calor, paixão, e sentimentos vários, nem sempre claros, mas sentimentos. Tudo passara, agora só sobreviviam como esculturas de gelo.
Inconscientemente ao escrever ele pensara no destino que lhes queria dar, embora não soubesse, se seriam lidas, mesmo que não congeladas. Já estava habituado, a que muitas das palavras, que colocava nas folhas que escrevia, fossem deixadas a esmo, como mortas. Nem todos, têm tempo para ler as palavras que se escrevem, nem motivação para ler qualquer um que lhe aparece.
Afinal, as suas palavras não eram tão importantes como isso. Melhor seria colocar imagens, em vez das palavras. “Uma imagem vale por mil palavras”, ufa.. que bom, menos papel a gastar, e se a imagem for bem clara no seu conteúdo, fácil será entende-la. Ler cansa, é preciso interpretar as palavras, o sentido das frases, a subjectividade do autor. São tantas, tantas palavras, que as pessoas se aborrecem. Dá trabalho, e demora imenso a chegar ao fim do texto, para se tirar uma conclusão. Quando esta acontece. Perguntam-se, “ o que queria ele afinal?”.
Melhor é falar com música, imagens vistosas directas e poesias curtas com versos repetitivos, brancos, que não rimam e com palavras simples. Se não se entenderem sempre se pode fazer figura de intelectual tergiversando.

Temos pena, quem te manda escrever?

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Não vou para o lar


Perco-me na leitura, do livro. Digo para mim próprio. Isto é literatura. E leio e releio, sublinho frases, e espanto-me com o que leio. Interrogo-me como é possível, este não velho, falar dos velhos, dos lares de velhos, do pensar, do sentir, do viver dos velhos. Que recolhas fez? Que vivências encontrou, que lhe permitem tal capacidade de transformar em letra de forma tudo isso? Tanta coisa. Que nem eu próprio, que já estou nesse percurso, alguma vez seria capaz de enumerar?

Aprendi. Não sei se aprendi. Na verdade eu sempre pensei que quando chegasse a altura, optaria por ir para um lar de terceira idade. Não dar trabalho, nem ser peso para ninguém. Ao ler-te fiquei ensimesmado e decidi que não quero ir para lá. Só se não tiver espaço, para o amor, ou se meu amor morrer. Não quero ficar envelhecendo no fosso de um lar. Quero sair viajar. Ser indigente, dormindo nos passeios. Morrendo respirando o ar da cidade e das gentes. Não. Não quero o cheiro fétido da velhice que se encrosta nas paredes, nas roupas, nos espaços que nos rodeiam, nesses lares de meia tigela que me sobram. Prefiro comer uma isca, uma sopa rala, no tasco da esquina. E andar nas ruas e nos jardins públicos mesmo que os pássaros me caguem em cima. Não quero, ir para o quarto dos mortos. Não quero estar no meio dos que, morrem todos os dias. Não quero sentir, nem ver, “o tempo diante dos olhos a acabar-se cada dia”.*
Mesmo não querendo ir para um lar de "seniores", como pomposamente nos iludem, sugiro, que eles se construam longe de cemitérios, próximos de jardins, junto ao mar, com extensos areais, ou, em locais onde a natureza nos alimente o prazer de viver. Com direito a visitas guiadas pelo país. Um almoço fora uma vez por mês. E com muitos voluntários para nos lerem livros.

ASSIM seremos nós tratados.

“Sorriem, umas palmadinhas nas costas, devagar que é velhinho, e depois vão-se embora para casa a esquecerem as coisas mais aborrecidas dos dias. Onde ficamos nós, os velhinhos, uma gelatina de carne de amargar como para lá dos prazos”  Valter Hugo Mãe - A máquina de fazer espanhóis*


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Será preciso dizer mais????


Até para cair é preciso aprender

Não há necessidade de inventar, para pôr fim, ao que não queremos. Temos é que saber bem o que queremos e avançar. O cansaços, a falta de tempo, a vida, enfim… são palavras gastas, que já não disfarçam o que se sente efectivamente.
A vida de todos nós, em especial dos mais desfavorecidos, é dura e difícil com constantes retrocessos e avanços. Necessário é, ter força física e mental para superar todos as dificuldades que se nos deparam sem medo de perder. Perde-se mais quando não se arrisca. Perdemos de várias maneiras. A confiança em nós próprios, e o benefício que usufruiríamos por ter tentado. O permitir avaliarmos as nossas capacidades para enfrentar o êxito, ou o erro. Não ficarmos amarrados ao que temos.
Quantas vezes, em consciência, sabemos que o que fazemos deveria ser feito de outro modo, e acabamos por fazer errado com medo de magoar, de dizer a verdade, de sermos leais para com aqueles de quem somos amigos, maridos, pais, ou filhos.
Nem sempre dizer a verdade é fácil, e por vezes é necessário certa subtileza, para que ela não seja cruel, ou até cínica a forma como a expressamos, mas acima de tudo o importante é que ela seja dita. Manter a ambiguidade, com medo de dizer, ou perder o que se tem, transforma tudo numa monstruosa mentira que cada vez se vai avolumando e mais difícil de sarar.
Não raras vezes, os pais poupam os filhos, a enfrentarem as dificuldades económicas com que têm que lidar para sustentar a família; são muitas vezes excessivamente benévolos em relação aos horários a cumprir para com a família e seus valores; não lhes dão as tarefas essenciais da gestão de vida familiar, protegendo-os estupidamente, em vez de os ajudar a crescer.
Até para cair é preciso aprender. Esfolar os joelhos, sentir o chão duro das dificuldades, abre-nos a mente na procura de encontrar um antídoto para dor, ou o modo de evitar a queda violenta, aprendendo a cair e a sobreviver. Muitas vezes quando se diz a alguém que dar uma pistola de brincar a uma criança é incitá-la à violência, logo nos respondem, que eles têm de se habituar a ver e não se deve evitar. No entanto se dissermos que é necessário ensinar as crianças, ou jovens a serem disciplinados, respeitar a liberdade e os valores dos outros, a perceberem as dificuldades da vida, logo vem o espírito de protecção ao de cima, dizendo que eles têm muito tempo para aprender.
Hoje os jovens têm muito mais de tudo, que alguma vez seus pais tiveram e é necessário fazer-lhes sentir isso. Por respeito a nós próprios e por respeito para com eles preparando-os para um mundo difícil, corrupto, cheio de compadrios, onde o acesso ao trabalho, a uma carreira profissional, uma vida social, económica, cultural, no fim a uma vida com dignidade, exigem formação e valores humanos sólidos.
As emoções e a racionalidade têm de andar de mão dada, pesando as decisões e ajudando a encontrar as melhores soluções em cada momento.
Temos deixar de nos isolar, e nos deixarmos subverter pela propaganda, que nos fazem crer, de que na sociedade actual, existe uma democracia e que os direitos são todos iguais. Os direitos são de facto mais iguais para uns do que para outros, e se não nos cuidarmos vemos os nossos esforços de criar cidadãos de qualidade gorados.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

"O ALGODÃO NÃO ENGANA" amarelos.. são sempre amarelos


Aí estão os “amarelos” da UGT. Criados no tempo do soarismo, para dividir os trabalhadores. Associaram-se sempre a todos os desmandos que os últimos governos têm usado, dando-lhes o aval. Por muitas maquilhagens que usem, colando-se por vezes a iniciativas da CGTP, não deixam de ser uns traidores dos interesses dos trabalhadores ao serviço do patronato e do poder do capital.
Aprovar qualquer das medidas de concertação social com o actual governo e patrões, na conjuntura actual, é uma traição sem nome. Toda a Europa se revolta, era preciso que o pais cobaia, Portugal, com a sua central de traição, desse uma ajudinha, para dar apoio às políticas, dos que em nome da crise, espoliam os bolsos dos que trabalham. 
O sindicalista da CGTP Arménio Carlos considerou, esta terça-feira, hoje que o acordo alcançado de madrugada entre o Governo e os parceiros sociais é um regresso ao "feudalismo" e vai fazer "aumentar a exploração, a desigualdade e a pobreza".

"Este acordo é um bom acordo para o grande patronato e um péssimo acordo para os trabalhadores porque é um documento que põe o Estado ao serviço das empresas, que visa fragilizar a segurança social, que aponta para uma redução do rendimento do trabalho e dos trabalhadores", disse Arménio Carlos, membro da comissão executiva da CGTP. “
http://www.destakes.com/redir/92e651dc3e3598cf3292fb524133c292

domingo, 15 de janeiro de 2012

A FENDA

Ambos viviam uma relação próxima. Sempre foram amigos coloridos. Desde tempos imemoriais, que se descobriram e foram importantes na construção de um mundo melhor. A intimidade era obrigatória e a dependência em termos práticos era bastante grande. Mais ela do que ele. Ele era um pouco, “Pau para toda a colher”. Na realidade, dizia ele, era a sua funcionalidade, daí prestar assistência, a múltiplas almas, das mais variadas aplicações. Era muito macho e o seu corpo excessivamente fálico variava de volume, tendo em conta as exigências a que tinha de ser submetido.
Não era um giglô, era sim um amigão capaz e disponível, para que nada lhes faltasse, e, para que elas próprias sentissem que a satisfação do seu ego seria posta no tope das exigências, fazendo-as felizes e úteis. Ao contrário dele, elas mais estáveis, podiam permanecer tempos infinitos no mesmo lugar, sem se preocuparem, nem com as relações exteriores a que ele se debutava, nem a sair do seu espaço. Embora por vezes o fizessem, por razões não propriamente pessoais, mas simplesmente para ajudar. E aí, ele voltava, e as satisfazia novamente com todo o seu potencial e vigor. Seria possivelmente, a única relação de amor funcional, jamais vista.

Ela não tinha um corpo especial, como todas as do seu género. O importante era estar de acordo com as intenções que ambos serviam, e para as quais se sentiam devidamente habilitados. Tinha carnes rijas, e não seria o seu uso, ou o passar dos anos, que a iriam debilitar. Ela era forjada de material de primeira não fosse o diabo tecê-las e na primeira arremetida, se deixar quebrar ou ceder. Mentalmente estava preparada para o tipo de amor que a sociedade escolhera para si. Orgulhosa da qualidade com que a mimaram, desde que nascera, sentia-se mais do que protegida para todas as intempéries.

A verdade é que aqui nesta relação comummente aceite, não havia nem ciúme, nem machismo, era amor puro e duro. Sem controlo de chegada, ou partida, nem desconfianças que abalassem a relação. Embora sem filhos para dar continuidade ao seu amor, sempre se entenderem e contribuíram para que o mundo fosse melhor e evoluísse.

Pode-se por isso pensar, que o amor, ou a forma como se ama, tem muitas nuances e nem sempre o que está estabelecido como regra serve, de igual modo, para o bem estar.


Sempre que comprar um a caixa de parafusos, pense sempre, na necessidade de comprar uma “Chave de parafusos” adequada à cabeça do parafuso, e à necessidade do que está indicado
para fenda para que não seja facilmente estragada e que cumpra a sua função.