sexta-feira, 18 de maio de 2012

UM PONTO DE VISTA


É difícil escrever sem que o que sai de dentro de nós não transmita um pouco desse nós. No entanto, nem tudo o que se escreve tem a ver com esse nós de que fazemos parte.
Em cada coisa que se escreve, a parte maior do nós está no que nos mobiliza a escrever, ou seja, a forma como encaramos e vivemos determinados momentos da vida e aquilo que nos rodeia. São as emoções, opiniões, realidades distintas das nossas ou semelhanças à flor da pele. Tudo isto sublinhado pelo empenho de fazer chegar aos outros este "nós", tão comum a todos que os mobiliza a lerem o que se escreve. Escrever é uma mistura de recordações, invenção, fantasia, ficção e realidade. Ter o prazer de saber e comungar opiniões. Esta é a forma como vejo as pequenas coisas que aqui coloco.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

DE IMPACIÊNCIA



Já não chegam as palavras, a impaciência te consome
No entanto não escutaste os meus dizeres quando de ti tinha fome

Hoje serenamente espero a paz, mesmo que enterrando meu desejo
Só quero que o tempo e a saudade não matem o sabor de teu beijo

Não me interessa a demora, espera, ou outra dimensão
Sei que preciso deste tempo para acalmar meu coração

O sol com seu brilho traz-me o calor e alegria de viver
E no azul do mar espero encontrar tudo o que preciso saber

Tropeçarei no areal imenso, na flor brava de estio
E saberei se és tu que me esperas nesse outro desafio.

Acredito nas leis do universo e nos seus caminhos para a razão
E se na verdade seremos peças que encaixam no puzzle do coração

terça-feira, 15 de maio de 2012

UM RAPAZOLA COMANDA O PAÍS

Não podia deixar de publicar este texto, embora curto, bem expressivo.

Temos de facto um primeiro-ministro que leva qualquer um a "perder a cabeça", ao ouvir tais dilates. E se repararmos bem, as figuras públicas que se pronunciam a seu respeito, já são tantas e dos mais variados sectores profissionais, intelectuais e políticos, que se torna um "caso de estudo", o papel que esse senhor ministro representa na cena política. Tanta incompetência seria suspeita, mas sobre tal figura, todos, intimamente, sabemos que está a cumprir um papel no teatro político, para quando sair de cena o país ser entregue aos srs. que comandam o mundo e que têm um só objectivo, obter mais e mais dinheiro e poder.



DANIEL OLIVEIRA: ANTES PELO CONTRÁRIO

Um rapazola a quem calhou ser primeiro-ministro

Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Segunda feira, 14 de maio de 2012


"Estar desempregado não pode ser um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha, uma mobilidade da própria sociedade." Pedro Passos Coelho

Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas não se esqueceram de onde vieram e por o que passaram. Sabem o que é o sofrimento e não o querem na vida dos outros. São solidárias. Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas ficaram para sempre endurecidas na sua incapacidade de sofrer pelos outros. São cruéis. Há pessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que receberam, não deixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca perderam a consciência de que seus privilégios são isso mesmo: privilégios. São bem formadas. E há pessoas que tiveram a felicidade de viver sem problemas económicos e profissionais de maior e a infelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São rapazolas.

Não atribuo às infantis declarações de Passos Coelho sobre o desemprego nenhum sentido político ou ideológico. Apenas a prova de que é possível chegar aos 47 anos com a experiência social de um adolescente, a cargos de responsabilidade com o currículo de jotinha, a líder partidário com a inteligência de uma amiba, a primeiro-ministro com a sofisticação intelectual de um cliente habitual do fórum TSF e a governante sem nunca chegar a perceber que não é para receberem sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participam em eleições. Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aos calcanhares de quem fala com esta leviandade das dificuldades da vida de pessoas que nunca conheceram outra coisa que não fosse o "risco".

Sobre a caracterização que Passos Coelho fez, na sua intervenção, dos portugueses, que não merecia, pela sua indigência, um segundo do tempo de ninguém se fosse feita na mesa de um café, escreverei amanhã. Hoje fico-me pelo espanto que diariamente ainda consigo sentir: como é que este rapaz chegou a primeiro-ministro?


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Entre o Sonho e o Acordar



Choro convulsivo, dor de um amor ido que lhe enche os dias.

Cospe através da janela do quarto exíguo, onde vive num apertado desespero de sobrevivência. aquele gesto repulsivo traz-lhe à memória, aquele outro, aqui impulsivo, de custos elevados, que terminou na sua separação recente. A vitima é ele mesmo. Tenta sanear do corpo, não só da saliva, mas também daquilo que na sua mente o persegue. Qual o significado das unhas do gato semi-enterradas na pele do antebraço? Sono, sonho, realidade, medo? Porquê os dentes aguçados e o olhar felino centrado no seu rosto que não reage. Ele desconhece o saber do povo, “gato branco ( ou preto) dá azar”? Não vá o Diabo tecê-las. O Diabo? Não, o gato, não vá ele aborrecer-se e deixar-lhe no corpo rasgos, qual terra lavrada, semeada pela angústia que o assola.

O Sonho esvai-se no acordar, provocado pelo ar fresco da janela do quarto. O gato branco se esfuma libertando-o das suas garras e corpo reage, sobrevive. Ainda perdido, sem rumo quanto à origem daquele medo, daquele choro convulsivo sonhado. Se reencontra com o momento de sempre na casa preenchida por objectos sem vida. Recomeça mais uma semana sombria e de rotinas estruturadas.

“A auto-estrada no sentido Norte-Sul junto à Ponte da Arrábida, está interrompida devido ao despiste de um pesado junto à....”, diz o locutor de uma qualquer rádio. Assim se inicia o purgatório de mais um dia de chuva miúda, numa segunda-feira que todos os sete dias significa o começo de mais uma das muitas semanas que fazem parte da nossa vida.

Agora, encontra-se sentado num sítio onde pode observar a rua. No seio de um espaço físico onde o tilintar das chávenas, do café da manhã, são a sua companhia. Delicia-se a olhar as curvas e requebros dos corpos femininos, vistosamente aperaltados, que são laboriosamente preparados, para que, além do acto diário de cobrir o corpo, criem momentos encantatórios que deixam de rastos, no parceiro, que ainda não é, mas pode vir a ser, esteja ele onde estiver. O sonho, esse já não está lá, agora só resta a pressão a angústia de algo que não sabe mas que permanece desde que se iniciou o seu dia.

Não damos muita importância aos sonhos, no entanto, eles marcam-nos o dia que nasce, com tanta força como a realidade. É o sonho que nos comanda a vida....

sábado, 12 de maio de 2012

OS AMIGOS "INVISÍVEIS"

Sento-me na sala e olho os meus parceiros silenciosos que ao longo de tantos anos tenho tido como companhia.
Tem aquele seu estar silencioso, mas quando “abertos” contam-me as mais diversas histórias, dos muitos pensadores, artistas, sociólogos, políticos, enfim todo um manancial de gente e de informação nos mais variados âmbitos do conhecimento, necessários a um ser humano. Neste diálogo entre nós, usamos o silêncio, e privadamente com todo o respeito, conversarmos sobre o que cada um encerra nos seus pensamentos. Sinto-me enriquecido, acompanhado e feliz por serem meus parceiros de vida. São eles que me preenchem a ausência física dos humanos, falando-me de humanos interesses. Com a sua cumplicidade faço, por opção, dos momentos de silêncio e solidão, uma espécie de catarse das vicissitudes do quotidiano da vida, tornando-a mais leve e inteligível.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

COM A SAÚDE NÃO SE BRINCA


Quando doentes somos uns atrasos de vida. E quando a idade começa a pesar pior ainda. Ficamos piegas, com lágrima ao canto do olho, vendo a inutilidade em que nos tornamos. O mal estar sobrepõe-se a tudo. Não discernimos com correcção perante os que nos rodeiam. "Odiamos" os médicos que não acertam com o mal que nos consome, que mal nos ouvem começam a prescrever como se o que dizemos é o comum de todos os doentes que lhe entram pela porta dentro. Como se cada doente não tivesse as sua própria doença e idiossincrasia. Acho que, quando entramos no consultório do Centro de Saúde, os médicos já estão saturados e cansados de atender tantos doentes que nem capacidade têm para atender devidamente. Não é uma questão de incompetência, mas sim de excesso de trabalho e de empecilhos burocráticos, que por vezes lhes limitam as decisões. 

Quando o Passos veio ao Porto, eu fui lá vê-lo e enviar-lhe uns piropos de agradecimento, altamente justificados pelo que aconteceu depois disso. Ao tentar fazer-me ouvir por ele, na esperança da sua simpatia, fiquei bastante rouco. Primeiro, para não incomodar os médicos, e porque o preço da consulta dobrou, tentei resolver com as mezinhas caseiras. Nada se alterou, o que me levou dias depois a ir ao Centro de Saúde da área da minha residência ver o que se passava. Resumindo, fui a primeira vez sem que os medicamentos fizessem efeito, mas como o médico dissera ser também uma questão de tempo, deixei passar mais uns dias e lá voltei ao centro, para ser visto por nova equipa de médicos que me disseram que, se não doesse nem tivesse febre, o tratamento seria eficaz. Assim fiz. Melhorou, piorou, melhorou piorou e agora, passados dois meses, a tão propalada febre chegou e, mesmo sem dor, terei que ir novamente ao Centro de Saúde. Com tudo isto gastei, em consultas, dez euros, mais os diferentes medicamentos, cerca de vinte e cinco euros. Como vou lá voltar, possivelmente terei de tomar novos medicamentos, esperar que acertem, e pagar mais um tanto. Se não resultar, possivelmente, por fim enviar-me-ão para um especialista, onde irei pagar mais não sei quanto, e esperando que ele tenha vaga nos próximos meses. Entretanto, continuarei com dificuldades respiratórias, a garganta com pigarro, que por vezes me leva a vomitar, e abençoar todas as medidas que o governo tem tomado para que eu possa morrer mais depressa, ou fique com uma doença crónica, ou ainda algo mais grave, que mais tarde dirão que foi por desleixo do doente em devido tempo não ter alertado os médicos. Dasssssss.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O TEMPO E O UNIVERSO


Nem tudo na vida se explica, e nem sempre significa indiferença. O tempo e o Universo se encarregarão de responder no futuro, se o que hoje parece errado, é o certo, ou se é a paragem necessária, para que o que vem a seguir seja melhor. Há quem diga, que o tiver de ser será. Oxalá assim seja.