terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sonho-te Casa do LAgo


Desenhei-a várias vezes, imaginei-a centenas, sonhei-a vezes sem conta.
Todas as estações do ano passam por ti sem que se tornem incomodas.

Sempre sobre a água, sempre com noite de luar espalhada nas águas, sempre com a transparência das coisa boas que por indescritíveis nos deixam presos no limbo do tempo.

Sento-me na cadeira confortável, da sala de estar enorme, onde as janelas que preenchem paredes do chão ao tecto me deixam como levitando sobre as águas.

Observo. Na pausa entre as palavras do livro, que vou lendo debaixo da luz amarela do candeeiro. Fixo-me nesse além das transparências, sentindo o farfalhar das águas batendo contra estrutura da casa e lendo poemas no leve ondular das águas do lago.

A serenidade conquistada do nascer nas águas, que só alguns tiveram direito, ali me refaz de uma maternidade dorida.

Tem uma estrutura simples, de todo o lado, sem escusas, o vidro e o infinito da água, companheiro de noites de amor, de jantares sem velas mas com peixes dourados saltando. Os reflexos desenham pinturas holográficas recheando o espaço.

Sonho o amanhecer vendo o manto de vapor que plana sobre as águas como algodão doce, no qual apetece navegar fazendo amor com a natureza.

Como diria o poeta

Vem, serenidade!
Faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros
e com que os ombros subam à altura dos lábios,
faz com que os lábios cheguem à altura dos beijos...
(extraído do poema de Raúl de Carvalho- Serenidade és minha)

AVANTE, A FESTA DAS FESTAS

É já no próximo fim de semana 7,8 e 9 SET 12  a FESTA DO AVANTE, a festa das festas.

Miguel Esteves Cardoso num texto sobre A FESTA DO AVANTE
escreve:

"Dizem-se muitas mentiras acerca da Festa do Avante! Estas são as mais populares: que é irrelevante; que é um anacronismo; que é decadente; que é um grande negócio disfarçado de festa; que já perdeu o conteúdo político; que hoje é só comes e bebes.

Já é a segunda vez que lá vou e posso garantir que não é nada dessas coisas e que não só é escusado como perigoso fingir que é. Porque a verdade verdadinha é que a Festa do Avante faz um bocadinho de medo.

O que se segue não é tanto uma crónica sobre essa festa como a reportagem de um preconceito acerca dela - um preconceito gigantesco que envolve a grande maioria dos portugueses. Ou pelo menos a mim.

Porque é que a Festa do Avante faz medo?

É muita gente; muita alegria; muita convicção; muito propósito comum. Pode não ser de bom-tom dizê-lo, mas o choque inicial é sempre o mesmo: chiça! Afinal os comunistas são mais que as mães. E bem-dispostos. Porquê tão bem dispostos? O que é que eles sabem que eu ainda não sei?....

http://oblogdopovo.blogs.sapo.pt/3654.html

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DominGo e O Seu conTráriO


Será estranho que faça do silêncio o seu "fetiche", na verdade ele o acompanha há largo tempo, deixa-o ouvir a ópera escondida do dia à dia, o Pavaroti que lhe enche a alma, o Leonard Cohen na sua voz semi-rouca e todos os outros sons, é um silêncio que lhe permite a leitura atenta dos que escrevem e lhe tocam os sentidos, é no seu silêncio que as linhas surgem no papel, a mão já sem norte na procura do reencontro, reavivando traços e cores, atenuar a distância entre o real e a realidade.
O dia de hoje, santo, porque não se trabalha, é um nado morto no correr dos tempos

o domingo é um espaço perdido nos dias, maior no silêncio

outrora o dia de família, das conversas leves, comuns e das outras mais vibrantes, das gargalhadas fartas, da alegria do abraço, do beijo fraterno, hoje, este dia para ele, foi esvaziado de conteúdo, todos perdidos em famílias outras, que cada um foi de per si construindo, matando a origem, criando outras origens.

Domingo, dia de rituais, onde os mais novos se apercebiam, de um outro mundo além dos telemóveis, computadores, televisão, onde sobressaindo no meio dos vários perfumes de cada um, surgiam os odores das diferentes iguarias em degustação, rematadas num leite creme delicioso, de um café fraco, feito naquelas máquinas esquisitas que o “torram”, nem cimbalino, nem de saco, mixórdia gostosa porque é o da casa

no sofá semi-cerrando os olhos deixa-se ir para a sesta

o almoço nada teve de tradicional, nem na qualidade nem a companhia, silêncio rompido pelo mastigar e do mexer dos talheres, os olhos de vez em quando vagueando pelas paredes da cozinha, os amigos também estão ocupados com o mundo deles, interromper é injusto

o domingo decorrerá como sempre para ele

ao contrário das outras pessoas para quem o domingo é o descanso antes de segunda feira, tempo para dar um naco de afecto à família, ele terá a rotina vazia que o silêncio acompanha, só muito para noite quando todos já dormem, acordado, sem hora para o despertar, se preparará para gozar os dias seguintes repetindo o remake de um filme onde os actores não se apercebem do seu papel e de quem os observa.

De alguma forma o seu domingo são todos os outros dias da semana em que o silêncio está dentro de si, sobrepondo-se aos ruídos do mundo que o rodeiam, silêncio cerebral onde as letras as frases e as memórias trabalham, onde as ideias se fabricam e os sonhos vagueiam como se de noite em sono profundo.

domingo, 2 de setembro de 2012

NostAlGia de SETembro.


Quantos amores perdidos
Quantos corações magoados
Nestes tempos decorridos
Pelo caminho foram abandonados

E todos os dias nascem novos amores
Se vivem novos dissabores
Se saboreiam beijos
E se mata entre amplexos e desejos

Vivemos sonhos irreais
Sôfregos de sentir o corpo
fugir das coisas banais
Sorvendo tudo até ao último sopro
Fugimos à violência da sociedade
Escondemo-nos desse mundo perverso
Que nos devora até a saciedade
Chamando-lhe progresso

Prendemos os dias em cadeados
Com medo de morrermos
E deixamos espalhados nossos bocados
Na alma de quem mais queremos
E é assim no meio de múltiplas dores
Perdidos de nós
Sem ter frases e voz
Para alimentar nossos amores

Neste mundo de enganos

Que vamos deixando correr os anos


 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

VILA DO CONDE, visitar é obrigatório



Passeamos por Vila do Conde, neste último Sábado de Agosto. Estava um dia de sol belíssimo, embora de vez em quando algumas nuvens fizessem a sua aparição, só serviam para realçar a beleza do céu vestindo-o de onde em onde, sem afectar o prazer de usufruir a luminosidade, que enriquecia o que se observava.

Neste nosso caminhar fomos fazendo umas fotografias, apreciando o ar arejado e limpo da cidade, com bastante espaço verde, as ruas nas zonas mais antigas com imensas casas recuperadas e com ar fresco que as floreiras ajudavam a alegrar. A zona Ribeirinha, a Praça das Descobertas, a Capela do Socorro, os Jardins, a Nau quinhentista, a Foz do Rio Ave, tudo lugares que deslumbram, e nos quais vale a pena passar um tempo apreciando toda sua beleza e singeleza. Fica aqui o recado, é uma cidade a visitar sem qualquer reserva, e onde não faltam lugares bem agradáveis para tomar uma bebida ou uma refeição.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Uma EstÓriA InAcabadA


Chegaste com a esperança
Partiste com alma assombrada
Ficando na lembrança
Uma história inacabada

Tanto há que é preciso dizer
Tanto há que esclarecer
Sem saber porque decidir
O que irá acontecer

Muito há a viver
Muito tempo de aprender
Entre as noites de espanto
E horas de encanto

Planando entre beijos
E carícias subtis
Na subtileza dos desejos
Com a alegria de um petiz

Gozar o momento de liberdade
Que ficará como saudade
Gozar cada segundo
Não fosse ele o último neste mundo

“Pequeno-Almoço, Precisa-Se!!!”


Sábado dez horas da manhã Agosto. Saímos de casa com a intenção de tomar um pequeno almoço, gostoso, numa das muitas e belíssimas confeitarias de Matosinhos fugindo assim aos sítios onde habitualmente íamos.
Dirigimo-nos para o “M”, estava fechado, para o “E”estava fechado. Deixamos o carro no estacionamento, e tentamos o “R”, fechado. Andamos mais um pouco e nada, tudo fechado. Agora onde ir? Vamos para o carro novamente e circulamos mais um pouco “D” fechado. Nesse nosso circular vamos reparando também nos múltiplos restaurantes fechados. Por fim, em desespero de causa, aí vamos nós para o “A”, que não queríamos, mas teve que ser.
Enquanto mastigávamos um croissant enorme, não à francesa, mas bem à portuguesa carregado de açúcar, analisamos o acontecido. O que faz com que todos escolham o mês de Agosto para passar férias?

O mês de Agosto é o mais calmo na cidade, porque essencialmente os que andam nas ruas são, os que vêm passar férias, sejam eles nacionais ou estrangeiros, os que frequentam as praias e os que não querem nem podem deixar de trabalhar nestes meses de férias. Se pensarmos bem, o mês de Agosto é o melhor para se visitar a cidade, para trabalhar e viver sem stresse. O número de carros é reduzido no centro da cidade, e todos os serviços, excepto os ligados às necessidades dos emigrantes, praticamente estão desertos.

Segundo dizem governantes e especialistas, há que aproveitar e dinamizar o turismo para entrarem divisas e desenvolver o país. Pode-se observar que na crise existente, em termos de sacrifícios tem afectado a maioria dos empregados, e parece não afectar os responsáveis pelo fecho das empresas ou estabelecimentos, pois estes se arrogam no direito de terem férias como os outros em Agosto(????). Afinal há crise ou não há? Afinal o turismo interessa, ou é só para “ inglês ver”?

Se em algumas indústrias, não afectam as férias em Agosto, muitas outras existem em que o seu fecho é uma perturbação.

Penso, mais do que nos tirarem feriados, seria importante estabelecer uma estratégia, de distribuição dos meses de férias de molde a beneficiar o turismo e o país, não se tornando num espaço deserto que se visita. Talvez assim se trouxessem benefícios efectivos às várias áreas de intervenção comercial e produtiva.

Naquele dia quase me apeteceu gritar, “Pequeno-Almoço precisa-se!!!”