domingo, 21 de outubro de 2012

DEDILHANDO LETRAS


Dedilhando nas letras procurando as palavras certas, foi percorrendo o tempo construindo as frases, como se na marginal do rio procurasse a foz.

Os pensamentos surgiam como cardumes em águas revoltas das quais o pescador, de onde em onde, encontrava o peixe incauto iludido pelo isco.

A caneta vibrava e a linha ficava tensa evitando deixar fugir o precioso texto pescado de tão fundas e agitadas águas.

É uma luta dura entre a musa que inspira e aquilo que se realiza.

sábado, 20 de outubro de 2012

SEI que HOJE É SÁBADO

Sei que hoje é Sábado, não o dia de todas as coisas, mas o dia de fazer muitas coisas. No entanto agarro-me as coisas comuns, porque hoje é Sábado e pouco ou nada difere dos outros dias, neste tempo de vacas magras, onde só o ar que se respira ainda não custa dinheiro.

Como dizia a senhora do reclamo, “no meu tempo”, o sábado de manhã era preenchido com as compras e com o ajustar das coisas deixadas por fazer durante a semana. De tarde, a meio da tarde, saía-se para lanchar e dar um pequeno passeio. A noite era para estar com familiares, ou amigos, ou na indisponibilidade destes, gozar um momento mais intimo

Aqueles tempos, em que o fim de semana servia para carregar as pilhas, já lá vão, agora os fins de semana perdemo-los olhando a televisão, ou dando um passeiozinho pelas ruas do bairro, onde vamos observando a deserção em massa, que os letreiros vende-se, ou aluga-se, dão sinal nas janelas. Há sempre a alternativa de ir ao shopping mais perto, passar umas horas a olhar nas montras o que se não compra, e enganar o prazer de um lanche, com um simples café, que se toma demoradamente para “render o peixe”.

A vida de quem trabalha nunca foi fácil, mas hoje está um inferno, e inferno por inferno, mais vale fazermos asneiras, que compensem tão fraca estadia nesta coisa que se chama terra.
Por isso digo vamos lá a pecar. As rezas estão pela hora da morte e não nos levam a lado nenhum, por isso, pecar não tem custos. Façamos o que nos der na real gana, pelo menos dentro portas. Andemos nus pela casa, coloquemos a música do Abrunhosa, “e agora o que vamos fazer? Talvez foder, talvez foder”, no máximo volume, bebamos um copo de vinho, assemos um chouriço, demos quatro arrotadelas, bem alto, e gritemos contra o governo a plenos pulmões. Há noite na cama dêmos o litro, gritando do nosso prazer e aproveitemos para usar a letra da canção para expressar nossas emoções. E tudo isto porque hoje é Sábado.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

EM SILÊNCIO ESPERA

Em silêncio espera que a sua voz surja, que o acalente o seu falar, e possa enfim descansar.

É nesse momento do fim do dia, já entrado na noite, que fazem o agradável resumo da jornada e mais ou menos acaloradamente vão conversando de diferentes preocupações que a preencheram, dos sonhos e perspectivas quando ao dia, ou dias seguintes.

São momentos únicos que fazem com as peças do puzzle se encaixem e se crie uma perspectiva comum.

Às vezes também dói, porque longe, só as memórias dão referências de espaços cheiros, pele, calor, corpo, o que os torna mais ansiosos esperando pelo reencontro.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

POR AGORA rESTA em PaZ


Vi a fotografia e me inspirei. Não queria fazer uma cópia, queria que fosse uma outra coisa assumidamente pintada e não um outro retrato da realidade. experimentei diferentes formas de abordagem, com pouca tinta, muita tinta, menos explicito mais explicito, até que cansei. desenhei larguei tinta, fui "sujando" a meu belo prazer. quando já não conseguia ir mais além do que via, desisti deixei que ele ficasse a marinar. Talvez um dia, eu consiga ir mais longe e lhe volte a mexer. talvez sem medo de estragar, mas com vontade de encontrar outro caminho para dizer do mesmo objecto coisas diferentes e mais ricas. Por agora resta em paz.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os aPÊNdIceS


A passagem do tempo parece não o afectar. Amanhece sempre cheio de gás e disponível, como diz o Dr. As preocupações ficam abafadas pelo sono e a cabeça normalmente fica limpa.

Quando o vejo desejo-o como nunca. Só me apetece beijar, acariciar e percorre-lo com as mãos. Gosto de e sentir aturdida pelo seu vigor, assim como gosto de ser eu a razão desse vigor. Ele estimula-me, do mesmo modo que eu faço com ele. Sinto-me sua companheira e espaço querido de aconchego. É bom quando tudo acontece com o prazer de nos sentirmos plenos, no mais intimo de nós.

É interessante como nós seres humanos nos deliciamos com um tão pouco, mas que por vezes, embora com altos e baixo, vai crescendo com, e, em sabedoria, pela prática constante, o seu entusiasmo até ao êxtase, cujas consequências para o bem estar obtidas são enormes.

Por vezes existem pequenos espaços mortos, alguns que se prolongam, porque o ser humano tem limitações de vária ordem que influenciam o desempenho do casal, no entanto na maior parte das vezes a sabedoria adquirida com a prática e com o tempo tudo acaba por se realizar e obter efeitos bem interessantes.

Nada como viver com entusiasmo, pela pessoa que se gosta, para que uma pequena coisa se transforme em algo grandioso, rico de sensações e emoções.

Importante é saber aproveitar a oportunidade e o entusiasmo, mesmo que por vezes momentâneo.

A vida são dois dias e o de hoje já foi.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

de PÉS ao CAMINHO

Eu a vi naquele caminhar de abandono deslizando o pé, como se procurasse gravar no chão a sensualidade do seu corpo seminu pelo areal da praia. Como fazer para que os seus pés fossem o relato de um momento? Talvez a sensualidade da figura, só me tivesse dado o tema e o prazer de ir pintando na busca de a encontrar.

De pés ao caminho, fui sempre colocando tinta sobre o suporte procurando o resultado. Misturando técnicas, de espátula, pincéis e mãos. Camadas sobre camadas, dando mais espessura à tinta dando mais "tinta" à expressão ao tema. A certo momento é preciso parar, tudo o que se faz, ou acrescenta demasiado, ou estraga o que está feito. É momento de pausa e esperar se horas depois continua perante nós a razão que nos levou a parar. Se assim for o melhor é encostá-lo nos trabalhos concluídos, já não dá mais. 

domingo, 14 de outubro de 2012

QUANTAS VESES...POR VEZES


Por vezes, um telefonema mantém o sonho vivo.
Por vezes, um sonho vivo dá origem a muitos telefonemas
Por vezes dum telefonema e dum sonho vivo se originam poemas

Quantas as palavras ditas no bucal do telefone
Quantos sonhos vividos falam de problemas
Quantos, às vezes, fazem das nossas vidas poemas
Quantas vezes nos abrem ao amor e à sua fome

Quantas vezes, por vezes, falamos de amor..
Por vezes, quantas vezes, temos problemas
Por vezes não fazermos os telefonemas
Que por vezes afastariam os nossos os dilemas.