Pintara um quadro com uma estrelícia há já alguns dias. Muito figurativo, e muito pormenorizada, queria testar capacidades, voltando aos primórdios académicos, em que pintava com o modelo à minha frente. Não desgostei do que fizera, mas sentia-me insatisfeito, amarrara-me demasiado à preocupação de que fosse quase fotográfico. Levou pequenos toques, artificiais para que o “está tal e qual” dos observadores, não se verificasse. As vibrações foram fracas.
Na prática precisava de “borrar”, ter o prazer de sobrepor tinta sobre tinta, pincelando, mexendo nas formas, engrossando traços deformando o desenho, procurando, sugerindo, compondo o espaço e cor. Assim fiz, pintando novamente uma outra “estrelícia”, deliciando-me, sugerindo mais do que copiando, longe da perfeição, do “parecido” com a realidade, para encontrar outros efeitos mais vivos, mais de dentro de mim próprio. O resultado foi o que aqui se vê. Como uma criança “brinquei”, não às casinhas, mas às pinturinhas e diverti-me bastante.
DC
sábado, 18 de maio de 2013
HISTÓRIA DE UM QUADRO IX
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Pintura: Diamantino Carvalho
CLARO E ESCURO
Está escuro, não vejo bem se a verdade é mentira, ou se a mentira tem verdade.
Uma coisa eu sei está escuro, e não vejo mais do que aquilo que sei.
Na verdade o pouco que sei me contaram e do pouco que me contaram, contaram o que não verifiquei.
Sei, isso sim que estava muito escuro, e o silêncio de uma só voz.
Estranho ruído se não estamos sós.
O tempo decorreu, sem preocupação, porque aquilo que eu sei é o que diz o coração.
O escuro fica claro, se na verdade, mudar o ponto de vista.
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quinta-feira, 16 de maio de 2013
SENTI....
... o aroma do teu perfume no ar.
Sentei-me no velho sofá, olhando sem ver, e deixei que o resto fosse memória e imaginação.
DC
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quarta-feira, 15 de maio de 2013
SIM....
Sim "repara bem no que não digo", no meu silêncio, na minha não resposta, ou pelo contrário no meu fraseado desconexo, falando pelos cotovelos sem nada sair que seja entendível, só para que não exista silêncio, para que pareça um diálogo.
Não falar, não significa ausência de pensamento, assim como falar não significa que o que se diz tem validade, ou é recebido sem o eco da indiferença.
Tem momentos que não dizendo, deixamos à dedução do outro, nas entrelinhas, nas pausas, no gesto de enfado, o que se não disse. Passamos-lhe a batata quente, de ele decidir se deve perguntar, se deve dizer, se deve calar-se, ou se deve aproveitar, para também ele, analisar o porquê de tal silêncio, ou de tais palavras que não foram ditas.
Nem sempre estamos atentos ao que se não disse, razão do nosso espanto quando confrontados com a realidade. Tudo nos parece mais cru mais frio, mais doloroso.
Devemos ficar atentos aos espaços em branco das palavras não ditas. Preenchidos com as palavras certas, saberemos muito mais do que aquilo que nos deram a conhecer.
Por vezes, até o silêncio é de ouro e diz muito mais do que as palavras que se soltam pela boca.
DC
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terça-feira, 14 de maio de 2013
TENHAM UM BOM DIA
Acordo dividido entre tomar um café e ler um pouco, ou então continuar a pintar, esquecendo a politica e as preocupações diárias. Tomar esta decisão é difícil, quando ligamos o computador, com aquelas montanhas de informação e noticias através dos “e-mails” e sites que estamos ligados no mundo virtual.
Só para seleccionar o que interessa, ou não, se perde um grande parte do tempo, e quando começamos a ler o que nos interessa apercebemos que já passou tempo de mais.
Dizem que as novas tecnologias são importantes, e quem sou eu para dizer o contrário, na verdade elas ajudam em várias áreas, mas também criaram outros hábitos, nem sempre muito “saudáveis”. Podemos efectivamente estar mais informados, mas também de certeza mais envolvidos e presos na teia da informação, por vezes duvidosa, e a necessidade de conhecimento que a sociedade nos “obriga”. Lá se vai a “minha inocência” de há alguns anos atrás, em que saía para rua para ler os jornais à mesa do café, e seleccionava bem o que queria porque o lixo era de tal foram visível que o saneava logo das minhas atenções.
Pode haver aquela solução de levar o IPad, ou o computador connosco, e ir para esplanada, mas de certeza que não é a mesma coisa. Dificilmente consigo ler um A4 no computador, chego a meio já me perdi e se tiver os reflexos do ambiente, pior ainda. Além do mais estas máquinas só têm cheiro quando queimam, não têm cheiros da tinta, nem o toque do papel, nem me permitem sublinhar com um boligrafo que atentamente procuro adequar para essa tarefa.
Por tudo isto, resolvo desde já, vou ao café. E que se lixem as notícias do computador, misturar tecnologia com a ambientes naturais e humanos nem sempre combinam, certo?
Tenham um bom dia.
DC
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domingo, 12 de maio de 2013
EMOÇÃO NUM ABRAÇO
“Vou-te contar um segredo, hoje chorei.”
Contara-lhe o segredo de forma inesperada, no meio da conversa inacabada. “Hoje, dissera-lhe, eu chorei”. A emoção toldara-lhe o raciocínio.
Não chorara de tristeza mas de alegria, por ter sido tocado por gesto tão simples, Um abraço. Um abraço sentido, fraterno, sem mácula.
Abraçar, não tem idade, não tem cor, não tem preconceitos, mas contém um mundo de significados.
Ele vira a importância de um abraço, Um simples gesto e grande a sua dimensão, pela sua ternura, pelo conforto, pela esperança que dá à vida.
Sentira aquele abraço, como voz de um sentimento, como quando escutar é mais do que ouvir as palavras que constroem cada frase, como se fosse urgente que cada momento, mesmo que curto, fosse vivido com intensidade.
Chorou por não saber se esse abraço permanecerá, ou se irá vaguear na distância.
Chorou por não saber, se a promessa daquele outro abraço, que há muito espera, se realizará.
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sábado, 11 de maio de 2013
A HISTÓRIA DE UM QUADRO VIII
Olhei o formato, pareceu-me demasiado pequeno para o tanto que queria dizer, para o tanto que o perfil sugerido merecia. Como podia transformar a ideia inicial em algo mais profundo, que dissesse muito mais? Resolvi rodear a figura de um vermelho vivo salpicado de amarelo, que falasse de paixão, de calor de sentimentos, e coloquei-lhe dois orifícios para que sugerissem “ver do outro lado” o azul cor de calma e serenidade. Dois estados fortemente temperamentais da figura representada. Preenchi o interior com tiras sinuosas entrelaçadas, de várias cores, desde as quentes às frias, e assim falei de também de diferentes formas de emoção, diferentes formas de reagir de viver, de amar. Procurava o ADN de mulher.
Perante isto, o tamanho interessa?...
DC
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Pintura: Diamantino Carvalho- ADN de mulher
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