quinta-feira, 26 de setembro de 2013

IDADE DO OUTONO




PINTAMOS O OUTONO
DE CASTANHO,
QUANDO A IDADE
COMEÇA A FICAR”PRETA”,
INVERNAMOS NO SONO
E NA REALIDADE,
COMO QUEM VEGETA.

FUGIMOS RECUANDO
QUANDO DEVÍAMOS
AVANÇAR,
ENCONTRANDO
UMA OUTRA RAZÃO
UM OUTRO LUGAR.

TER PROVECTA IDADE,
NÃO É O FIM DE UNS IDIOTAS,
É UMA OUTRA FORMA
DE ESTAR NO MUNDO
ONDE NO FUNDO, NO FUNDO
SE ABREM OUTRAS PORTAS

DC

terça-feira, 24 de setembro de 2013

AO mergulhar..




.... meu corpo nas águas, fugia da estreiteza da terra, Eu queria lavar, apagar a violência da tua posse, e a mágoa de sentir, ainda em mim, as marcas da tua passagem.

Olho o espelho irregular que me reflecte e não me reconheço, perdi meu rosto, desde que te vivera em mim, Restava a forma, o volume, a aparência de quem fora, Por dentro só a dor correndo no sangue, no ciclo infinito enquanto vida.

Serei mais uma caso de estatística, que não afastará teu cheiro, a pressão dos teus lábios sobre os meus, o peso do teu corpo e as tuas mãos imperiosas explorando e arrancando-me a roupa.

Odiei-te no primeiro momento por descobrires a minha fraqueza, enlouqueci de prazer e desejo quando me tomaste em pleno, tornei-me submissa, e acabei envergonhada pela cedência.

Lavo-me agora despindo-te da minha pele, liberto-me de ti, e afundo-me lentamente na água fria onde me deixo escorregar bem fundo na procura da paz que me roubaste.

DC



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UM OUTONO A CHEGAR





A noite se aproximou lentamente do Dia e lhe perguntou: “Queres aparecer hoje, ou não? Está-se a fazer tarde e preciso de aclarar as ideias... O Dia meio incomodado, e de má vontade, entreabriu os olhos no meio da algazarra do despertador e disse-lhe: -“Tem calma e um pouco de paciência, Tenho de falar com o Sol, para saber se vem trabalhar hoje e se a minha amiga tarde tem o horário estabelecido, para quando regressares te entregar o serviço nocturno.
Assim conversam e passam os dias, entretendo o meu tio Setembro, preocupados com o primo Outubro, que no cair da folha de Outono, estará muito atarefado a preparar o irmão Inverno, que se lhe seguirá na gestão, despindo de folhas as árvores e dando banho frio a todo o mundo. Tudo isto, antes que a madrinha Primavera se apresente ao serviço, com todas as suas forças, e comece a trazer há luz dos acontecimentos as novas cores, folhas e frutos nas árvores, que servirão de chapéu para nos proteger do sol, com que o seu afilhado Verão nos gosta de brindar.

Partimos dos milésimos de segundos para os segundos, horas, dias, meses, anos e séculos, entremeados pelas várias estações e os gritos de um mundo que julgamos conhecer.

Outono chega na repetição do ciclo, ainda sem folhas caídas, no entanto preparado para se despedir, com todo o cuidado, de um verão tardio que deixou nosso corpo torrado e terreno bravio de tanto secar.

DC

sábado, 21 de setembro de 2013

NO SEIO DO MEDO


Ter medo antecipado
de algo que não foi dito
é sentir-se enganado
com o ruído do seu grito.


No seio do medo
vive a coragem, a vontade
de derrubar a dúvida
e o segredo da vida.


Do querer dum amor
que não se deixa morrer
pela vida a acontecer.


Amar não tem dor
nem trás o medo de viver,
é a gloriosa singeleza da flor.

DC

terça-feira, 17 de setembro de 2013

NÃO RARO...



....só o tempo e a distância nos fazem compreender até que ponto estamos errados, na análise das situações que nos envolvem. Por vezes forçamos o nosso próprio modo de estar e de sentir, com medo que se parta algo, que de algum modo julgávamos construir. Na verdade, não devemos recear dizer o que pensamos, nem aquilo que nos leva a agir. Em cada momento existe uma acção - reacção, que tem que ver, com a forma como cada um vê e sente as envolvências ou incidências do tema em si, e que envolve as partes. Como tal não se devem deixar iludir e procurar evoluir, não se acomodando.

Não se pode de facto querer que de um momento para outro, a mediocridade, e o raciocínio banal que nos enforma diariamente se altere, e passemos a fazê-lo de diferente modo. É necessário, antes de mais, predisposição e sentimento de necessidade em nós próprios, de o fazer. E de seguida fazer as escolhas de modo a que a nossa opção tenha desenvolvimento. Não é porque os afazeres, ou dificuldades económicas, ou outras, que nos demitimos de crescer e de evoluir intelectualmente, formando-nos e informando-nos daquilo que é mais importante, para obtermos conhecimento da sociedade.

Resumindo não basta, termos uma fisiologia atraente, tentarmos mostrar conteúdos conhecimentos, se não os alicerçamos em escolhas, que correspondem a uma evolução continua, da nossa forma de estar social e do nosso entendimento com o quotidiano que se nos deparara. No entanto, sabe-se que por comodismo e facilitismo as pessoas tendem a não se questionar quanto ao que fazem e o que valem. Deixam-se arrastar pelo laxismo desintelectualizado, alinhando na verborreia que impera nos media e nas conversas ocasionais que estes originam com o seu discurso.


DC
Quando a boca não consegue dizer o que o coração sente o melhor é deixar a boca sentir o que o coração diz.
-William Shakespeare


domingo, 15 de setembro de 2013

ACONSELHARAM-NO...




Aconselharam-no a levantar o "dito" do sofá e ir à luta – que luta? —e deitar fora os fantasmas, os lemas e teoremas e fazer-se à vida.

É giro como anda tanta gente feliz, que quando começam ler algumas notícias dos “jornais formatados”, ao sabor da corrente dominante, logo dão conselhos.

Afinal essa história das estatísticas é tudo mentira, os suicídios não aumentaram no primeiro trimestre deste ano e os homicídios também não. As pessoas não sentem o aumento do custo de vida, estamos num mar de rosas. Há que sermos positivos saltando e rindo, e não nos preocupemos com manifestações e reivindicações, porque a rir a gente lá vai... Sim talvez a gente lá vá sendo “comida de cebolada” com um sorriso de orelha a orelha e acreditando que na sociedade portuguesa tudo o que se passa é um mar de rosas, talvez sem cheiro mas que importa, sim que importa? Fiquemos só assim... como se estivéssemos numa das muitas alas psiquiátricas de um qualquer Magalhães Lemos deste pais.

Sim, acreditem nos “iguais” de sempre, que nos tiraram da segurança social, mais de 4000 milhões euros e suspenderam subsídios para os quais contribuímos uma vida inteira, e para quê? Para salvar o BPN com 7000 milhões de euros, que foi vendido por 40 mil milhões. Sim acreditem que os tais “iguais” têm feito tudo para salvar o país e no entanto a dívida aumentou, porque quem eles ajudam efectivamente, são os seus “iguais”. Agora chega o desplante, o estado assume a dívida de um clube de futebol de 3,5 milhões de euros, e quem paga...claro os reformados...

Claro, não se preocupem, não se zanguem, encarem de forma positiva tudo o que nos últimos tempos tem acontecido com os vossos direitos, com o desprezo com que são tratados e metam a cabeça na areia, para aprenderem a ser menos pessimistas. Pelo contrário, sejam optimistas e façam como o governo, pensando, "pimenta no ...dos outros é refresco" e riam-se, pelo menos até que vos aconteça a vós o que acontece aos outros.

E para que eles se riam ainda mais, nas autárquicas votem nos mesmos, os “iguais” os do costume, para poderem dizer mais tarde, como sempre, “já não acredito nos políticos, são todos iguais”, e riam-se, já agora... porque não, não são todos iguais? 
Xiça...por favor tirem-me deste filme de terror.

Tinha de escrever assim, estava farto de que lhe digam, ao fim de dezenas de anos de trabalho e sem ter tido tempo para ser criança, que tinha de apertar o cinto e que tinha de se sacrificar, para pagar a banqueiros e encher os bolsos a alguns.

D

sábado, 14 de setembro de 2013

FALAR GESTUAL




O texto, é curto como não podia deixar de ser, quando a mente está vazia - lugar comum, físico em mau estado e emoções neutras, Melhor, melhor, foi deixar a imagem falar, com linguagem gestual, que desconheço, e alguém deixou depositada na parede da cidade.

DC