Na margem esquerda do rio em direcção à foz, pequenos barcos ancorados e algumas pessoas se espraiam pelo areal. Uns sentados nas toalhas, outros de pé, ou tomando banho, e alguns casais a sós, ou com crianças brincando, gozam o remanso daquela tarde de verão...o mundo parece ter parado.
O rio corre lento na direcção do mar, os barcos de recreio deslizam carregados de turistas, que tudo olham de curiosidade atenta aos sítios habitados, ou arborizados, que preenchem as margens, Alguns fixam seus olhares na margem distante, onde se vislumbram de forma difusa, no espaço aberto entre as árvores, duas figuras que se agitam como estátuas vivas, como se fosse um cenário pensado para lhes espevitar os sentidos e as emoções.
Na realidade, na margem esquerda, só aqueles dois parecem existir, perdidos nas delicias da paixão, O rio bem próximo é testemunha, Abraçados se olham, se beijam ininterruptamente, sofregamente, como se fim do mundo fosse já ali. Ela sentada no seu colo, parece querer adentrar no corpo dele, como se querendo unir num só...Mãos se mexem agitadas entre eles, se procurando, se tocando, Assim ficam, tempo ilimitado, absortos em si próprios fora do mundo, vivendo o seu amor.
As árvores, que sombreiam o local, se agitam suavemente com a brisa quente da tarde, trazem o pano sonoro do seu enlevo, abafando, para além de si próprios, as juras murmuradas.
O fim de tarde se aproxima e com ele a necessidade de partirem, Poucas horas lhes restam antes que cada um tenha de seguir o seu destino... a distância voltará a trazer a dor da ausência e a necessidade do reencontro.
DC
domingo, 24 de novembro de 2013
Na Margem do Rio
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Foto: Diamantino Carvalho
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
....Colado ao sol da manhã
Te acordo com beijos suaves, sinto as tuas costas coladas no meu ventre. Delicio-me com o cheiro morno que o teu corpo exala, A pele do teu pescoço é suave, aquece meus lábios a cada beijo depositado. Começas a agitar-te acordando do sono profundo em que estavas, e rodas o corpo lentamente...teus olhos semicerrados temem a luz, se vão abrindo, como o teu sorriso se vai alargando, Te espreguiças levantando os braços acima da cabeça arqueando o corpo para trás... e rodas totalmente colando teu ventre no meu de modo inconsciente...Respirando fundo relaxas e me beijas na boca trazendo todos os sonhos e desejos....o dia começa com o fulgor do êxtase do nosso amor, colado ao sol da manhã.
DC
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Pintura: Gulyas
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
MuDar tEM RIScOs
Me seduzes nas palavras abertas com que me falas, não tens medo nem precisas de metáforas para que elas representem o que sentes e pressentes...entendes o mundo com a mesma crueza com que ele trás todos os dias as diferenças inesperadas e as incertezas ao dia-a-dia...
No entanto, o tempo vai decorrendo e continuamos parados no mesmo sitio de onde partimos, e todo o teu discurso se esvazia. Vais encadeando as desculpas corriqueiras de sempre, de quem não procura assumir os desafios e se deixa ficar no limbo tão cómodo de não arriscar, na teoria “do “mal o menos”, esperando que seja aceite pacificamente.
Nada muda, quando essa mudança depende da força de outrem para se efectuar, por muito que esse alguém, seja importante para nós, Para haver mudança, a decisão tem de partir de dentro de nós, para que se efective. A responsabilidade de o fazer dá-nos segurança e força para enfrentar tudo o que de mau, ou de bom, possa resultar.
Mudar tem riscos, E, nos tempos que correm, arriscar faz parte do dia-a-dia. Mudar, não tem certo ou errado, mudar é mudar, é a necessidade de novas rotas, é desfazer as dúvidas, corrigir estratégias e abrir caminhos a novos reencontros.
Enriquecemos aprendendo com os erros, ou êxitos, das nossas decisões, Perdemos quase sempre mais, por não as tomarmos. Porquê temer? Deveríamos pensar, como quando queremos pedir algo, a alguém, “o, ‘não’, já eu tenho, por isso tudo o que vier será lucro,”
DC
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013
NÃO PARTAS!
Como seria bom ouvir-te dizer: ”não partas!”, A tua mão tocando-me o rosto, suavemente, arrastando os dedos até pararem nos meus lábios, como se quisessem silenciar todas as dúvidas, como pedissem para sorrir, E o teu corpo se aproximando, se insinuando, fazendo-me sentir a tua respiração, o calor dos teus lábios nos meus, trazendo o mel dos amores que não morrem. E repetirias “não partas”, em voz baixa, como sussurro, olhando meus olhos, procurando o brilho que sempre lhes trouxeste, com o teu amor.
Um amor feito de escolhas simples que rasam o chão, e que um tempestade abrupta parecia querer derrubar, Como se fosse possível destruir alicerces de compreensão, onde há respostas antes de perguntadas, onde dar está antes de ser pedido, onde o vocabulário é construído de partilhas nas frases da sua existência.
Adélia Prado, diz: "Não tenho tempo algum, porque ser feliz me consome” Eu diria: “NÃO TEMOS TEMPO ALGUM, PORQUE SERMOS FELIZES NOS CONSOME”
DC
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terça-feira, 12 de novembro de 2013
Um SORRISO roçando a pele dos dias
Encontrei-me com o teu sorriso um dia. Sem querer. Longe de imaginar o que ele tinha de diferente. O teu sorriso surgia como quem respira, fácil, límpido, franco, sem temer o raciocínio dos outros. Era o teu sorriso que comandava a vida, saía pelo ar borboletando, enchendo o peito de quem escutava.
Quando teu sorriso desaparecia, o sol escurecia e os teus olhos se escondiam debaixo da cortina negra dos teus óculos, A boca se comprimia e os lábios ficavam finos, e era um desatino, esfriando como gelo de inverno tudo quanto tocavas, assim eu sentia. Era raro acontecer, mas se acontecia toda a gente te temia.
Eu só tenho memórias do teu riso, da gargalhada solta, de braços no ar agitando o corpo deixando sair o ritmo dentro de ti.
Foi bom te conhecer, embora rebelde, embora meiga, embora tudo e mais alguma coisa, não esqueci quem és e como te atravessaste no meu caminho. Não raro me enrosquei no teu sorriso, que me retirava o cenho franzido, me trazendo para o mundo da alegria, que eras tu.
É sempre bom sentirmos o sorriso de alguém roçando a pele dos dias, ao nosso lado, sem sombra, num nós de entendimento, nem sempre fluído, mas vivido. Valeu a pena te conhecer.
DC
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domingo, 10 de novembro de 2013
VOU DESLIZANDO
Vou deslizando na superfície das águas do rio. Deixo-me levar pela correnteza, Aqui e ali fujo da margem irregular, aproveito as ondulações e a brisa para poder seguir o meu o percurso até à foz, Faz bem pouco tempo que inesperadamente me soltei do cordão umbilical da minha existência, Deixei-me ir pelos ares lentamente como se levitasse, até pousar nas águas. Senti o arrepio, da água fria e o medo de que minha estrutura se desfizesse, sem ter a oportunidade de recomeçar um novo percurso... A fragilidade, da mudança de estação, pode pôr em risco todos os planos, mas resisto sem desfalecer, até que me transforme em adubo de novo crescimento.
Há quem me chame folha, eu chamo-lhe viver.
DC
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Foto: Diamantino Carvalho
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Deixamo-nos,...
Deixamo-nos, partir sem criar obstáculos, sem travar desígnios. Eu por mim, agarro-me aos traços positivos que a memória conserva, Não ponho sal nas feridas, ou vinagre na perda, Tudo foram ganhos, mesmo quando não parecia. Se a vida é construída na base do acerto e do erro, então para que a vida seja... Tudo o que no decorrer dela acontece, não deve ser avaliado pela dimensão da sua dor, mas pelo que nos leva a construir de melhor e mais sólido. O futuro, esse lugar incerto que não se sabe o que será, uma coisa trás para connosco, a certeza de que os erros e os acertos, serão argamassa da nossa estruturação como seres humanos.
DC
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