segunda-feira, 9 de junho de 2014

Entre o SONHO e a REALIDADE




Todas as noites adormeço e sonho, Na noite sonhando tenho sonhos de prazer e encanto e muitos outros trazendo-me o pranto.
Também sonho, por vezes, com os olhos abertos, um sonho recorrente, que me deixa perdido quando no banco sentado olho o mundo florido.

Um sonho tão rico, que me esqueço do tempo e do sítio, como um sem abrigo perdido do lugar de nascença, esquecendo o já vivido.

Nesse sonho que a realidade nunca alcança, se preenche o tempo, entre a tempestade e a bonança.

Neste vira-vento da vida, entre sonho e realidade, os dias se vão passando e continua o sonho... de ir sonhando...

DC

domingo, 1 de junho de 2014

O TAL ABRAÇO




Um abraço surge como um palavra de remate no findar de um texto, de uma mensagem telefónica, de e-mail, num dizer “estou aqui”. Abraço de conforto, de apoio, de ternura, num gesto de amizade, Despedida carinhosa de gente que se conhece e sabe do aconchego que representa. Ele é a simulação mais próxima, do desejo de apertar no calor de nossos braços, esse tal alguém que lhe merece. Não substitui o abraço concreto, envolvente, no qual se respiram e se trocam calores de atenção. Aquele abraço bem saído de dentro que mata saudade, acentua uma despedida, acalenta camaradagem, ou retém o amor entre dois.

Eu tenho um amigo que nunca abracei, mesmo quando perto, no entanto com ele tenho partilhado, muito assiduamente, muitos almoços, algumas viagens, imensas histórias, conversas de circunstância e desabafos. A nossa aproximação é tal que mesmo sem o abraço propriamente dito, sempre nos abraçamos pelas palavras, na oralidade dos dias de convivência. Agora que ele tem estado ausente, reparo na falta desse tal abraço, diferente, do tal, que é sólido e trás calor à alma.

Sei amigo, que a tua ausência é temporária, mas teria ficado mais contente se te tivesse dado um abraço, que não fosse uma manifestação de grande amizade à distancia, escrito em palavras. Tu bem sabes que prefiro a tua birra, perfumada pelo luxo dos abastados, que em ti é simplicidade e amizade, à palavra, a que mesmo não queiramos por muito doce e amiga, não deixa de estar perdida de substância.
 
Voltarás breve mais confiante do que nunca, verrumar-me a cabeça, com as tuas teimosas certezas, a ironia do teu comentário, os rasgos de humor e agudeza de raciocínio apanágio das pessoas pensantes. Faremos certamente, mais uns quantos almoços e jantares, muitas e boas conversas carregadas de bons momentos de boa disposição, ou seja o nosso “tal abraço”.

DC

sexta-feira, 30 de maio de 2014

MÃOS, Marca de Água na vida


Mãos rasgadas de sofrimento
Mãos que têm em si um lamento
Mãos que são um mapa
Mãos a que a verdade
não escapa
Mãos de dor
Mãos de alma sofrida
Mãos de amor
Mãos de gente
Mãos de quem não mente
Mãos, marca d'água da vida.

DC

quarta-feira, 28 de maio de 2014

NÃO me FRITEM OS MIOLOS



Aprendi a relevar certas atitudes, Embora por vezes quem as comete não mereça. Não porque faça como aquele cristão que diz: “ Pai perdoa-lhes que eles não sabem o que fazem”, mas simplesmente porque não me quero chatear, com a ignorância assumida como bandeira, ou porque não tenho nem idade, nem tempo a perder, com energúmenos. As pessoas existem e eu tenho de as aceitar como são, mas não tenho de partilhar com elas, ou convidá-las para minha mesa da vida. Há gente, que é “mau carácter” sempre e não adianta a capa que veste, mas sim a forma como vive a sua vida e suas próprias circunstâncias. Tudo isto, porque há quem julgue, que por ler livros, ou ter uma licenciatura, significa ser mais inteligente, ou ter um “estatuto qualificativo” no seio da sociedade e entre os seus pares. Esquecem esses doutos iluminados, que determinados valores e capacidades não são algo que se possa obter, na sala duma qualquer biblioteca, ou nas salas de aula duma qualquer faculdade. Até as crianças sabem isso, como aquele miúdo que com sete anos dizia: “eu quase não precisava de ir à escola tenho as minhas próprias competências, sei desenhar e esculpir, sei ler e escrever, mas não sou “marrão”. Quando lhe foi perguntado, o que é isso de ser marrão? Respondeu: “Marrões são aqueles meninos gordos que estudam muito e são “inteligentes”.

DC

“A distribuição humana de inteligência, graça, sensibilidade, sentido de humor, originalidade de pensamento, capacidade de expressão é independente da educação ou do grau de instrução”.
Cardoso, Miguel Esteves – “A devida Educação” – Livro, Amores e Saudades de Um Português Arreliado. Ed. Porto Editora.2014

terça-feira, 27 de maio de 2014

umA VOZ no meu OUVIdo


Deixo tua voz vogar no meu ouvido, como a borboleta que se delicia sobre as flores de cores exuberantes, no seu voo ondulante cheio de vibrações. Tua voz tem a melodia dos amantes, que transforma as palavras mais vulgares em imensas metáforas de alegrias e entendimentos. Soa por vezes rouca, por vezes doce e outras tantas como suspiros de desejo. Esse teu falar, essa tua voz, é o que possuo mais próximo de mim, e antes que desvaneça, no seio de imponderáveis, aproveito-a na totalidade registando cada sílaba, cada ênfase, cada sentido, para que possa ficar gravado na memória, a que recorro sempre que partes, ou te tornas ausente. Ela é o complemento de um silêncio a dois, ela fica aliada aos sonhos, às vivências, É o despertar dos dias, o fim de tarde e o anoitecer da vida.

DC

domingo, 25 de maio de 2014

REFLEXÃO VOTA'CÃO



Estava eu na esplanada, quando vejo chegar dois casais na casa dos cinquenta e picos, e uma jovem, entre os dezasseis e os dezoito anos, pelo que percebi filha dum dos casais. O outro casal tinha todo aspecto daqueles casais que por qualquer razão, ou fatalidade não tiveram filhos. O homem, do tal casal sem filhos, e a jovem traziam no colo dois cães tipo “West Highland White Terrier”.
Sentaram-se os cinco em volta de uma mesa, e reparei que no pescoço de cada cachorro, traziam um lenço a cobrir a coleira. O sr. sentou-se e poucos minutos depois pôs o cachorro no chão, a moça foi mantendo o dito cão no colo e abraçava-o de frente, com as patas em cima dos ombros, como se de um bebé se tratasse.

- Ele hoje está sem comer até agora...podes-lhe dar qualquer coisa.. - Diz a “dona” sem filhos, com ar de peninha – Dá-lhe um biscoito..

- Não! Responde o homem, ele só come uma vez por dia.

A moça continua, quase beijando o cachorro, abraçada ao seu “bebé”, e toda entusiasmada com as conversas de cachorrada que se vão desenvolvendo.

A “mãe” sem filhos diz: - Hoje compramos brinquedos para o nosso menino, ora vejam, e mostra um peluche de pequeno porte, que lindo... o meu pequenino vai ficar muito feliz.

Uma criança se aproxima e pede para tocar no cão.
- Podes tocar sim - diz a “dona” sem filhos - sabes esse é um “menino” por isso tem lenço azul, aquela é uma “menina” tem lenço vermelho!

A jovem continuava com a “menina” no colo, toda afadigada a prodigalizar-lhe beijinhos e ternuras roçando sua boca no pêlo do cão, tentando ao mesmo tempo abrir um saquinho que tinha os biscoitos, para a sua “menina”.

Entretanto o “menino”, vê um carrinho de bebé – mesmo de um bebé humano – que se aproxima e começa a ladrar irrequieto. Que só amaina perante a voz apaziguadora da dona, diminuindo os ão aos.

Fico olhando, silencioso, pensando...

Quem tem animais deve tratá-los com amor e atenção, mas não será exagero tratarem-nos como seres humanos? Não será ridículo que se trate um cachorro, ou um gato por António, Matilde ou Maria, ou que se diga que o bicho “está com uma carinha triste”? E o que pensar dos que vestem o cão com “coletinho de malha” por causa do frio?

O que leva esta gente a cuidar dos animais domésticos como se fossem crianças?

Será que esta gente, que também vota, terá a percepção da fome e dificuldades com que vivem a maioria dos portugueses?

DC

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O mês de Maio traiu-nos...



..... como este governo aos crédulos, que esperavam sair da invernia “socratina”, acreditando no “agora é que vai for”.

O mês de Maio começou cheio de promessas, com um calor saboroso, sol radioso, tudo florindo apontando-nos um mundo a sorrir, De repente regressou o frio, a chuva voltou a cair e o sonho se esboroou, Tal como o “chefe laranja”, que muito prometeu e mal chegou ao poleiro do (des)governo da nação, abriu as torneiras galgando sobre as nossas parcas economias, sugando tudo o que é possível, deixando os pobres ainda mais pobres, mais descrentes com a sociedade a que pertencem.
Resta-nos agora, esperar ansiosamente que o dia trinta e um chegue, e com ele um resultado positivo nas eleições para o parlamento europeu, Acreditamos que os verdes, os vermelhos e os azuis regressem em força, diminuindo o poder viciado dos rosas pálidos, dos laranjas de vómito e os cinzentos fascistóides que tentam boiar à tona de submarinos e de irrevogáveis decisões.

Esperemos que o Maio regresse, com o sol que toda a humanidade merece enchendo os corações de alegria, pelo surgir de um homem novo, uma sociedade mais justa, um mundo melhor.

DC