sábado, 19 de janeiro de 2019

Ah.. como eu gosto do mar



Ah.. como eu gosto do mar
no tom de esmeralda e a sua transparência.

Ah...como eu gosto do seu ondular
no vai e vem constante da maré
mesmo quando se quebra com violência.

Ah..como eu gosto da sua melodia
sentado no areal olhando seu infinito
esquecendo o mundo e seu dia a dia.
No mar onde o poeta colocou a sereia
e deu ao náufrago o aconchego da areia.

Mar de tempestade, ou bonança
A uns se torna gigante e amedronta
A outros provoca a "surfa-lo" contra
E todos se prendem na sua dança

dc



domingo, 13 de janeiro de 2019

A tua boca



Sim não deixo que os seus lábios se afastem de mim, que a minha boca seja seu lugar de prazer, carícia de amor e repouso de viver. Confia, tu és a realidade que entra pela minha boca dentro, em manjares de prazer não sonhado. Abalas os meus alicerces desde das margens ao centro, fragilizando a minha aparente dureza. Esse lábios que me tomam assenhorando-se das minhas emoções, da mente e do corpo consumindo-lhe a energia agitando o sangue que nas veias circula. É na tua boca que começa o delírio, dela saem as palavras num sem fim de promessas, misturadas com o ar quente que respiras que me aquecem, me absorvem e fazem acreditar que o dia é um sol permanente, que vale a pena viver. Quem diria, que uma boca, a tua boca, embora bela, fosse capaz de fazer com que a vida seja uma insónia deliciosa, mais rica que qualquer sono, ou sonho prazeroso.

dc

sábado, 12 de janeiro de 2019

Pela noite dentro



no ar os cheiros
dos corpos suados
entregando-se inteiros
desgovernados
sem dar tréguas.
é o desejo da posse,
beijos húmidos
línguas misturadas
pernas dobradas,
ancas coladas
rolam-se pelos sentidos.

as vozes alteradas
em gritar desbocado
fazem crescer o seu prazer,
louco descontrolado,
em amor pra valer
nada é silenciado.
no restar dos corpos
a respiração se acalma
ficam absortos
libertando a alma
num respirar pausado,
o fim, com um beijo é selado.

dc


Declaração



Ela para que ficassem esclarecidas todas as dúvidas e para que perguntas dúbias não lhe atazanassem o espírito, nem a sua liberdade fosse posta em causa, concluiu resolver o problema fazendo o seguinte escrito.

Declaração

Filtrei o meu amor por ti. Deixei-o ficar nesse intervalo do tempo em que as coisas amadurecem, para poder ter a certeza de que não nos perdemos pelo caminho, como coisas vulgares, quando corrermos atrás do nosso projecto. Tudo tem os seus rendilhados e estruturas como suporte, ou base, de um maior compromisso. O meu, é ter-te sempre em primeiro lugar, como ser único e de que tudo farei para que seja bom enquanto dure.

“Sou quem sabes, Maria Alice Sem Maravilhas”

dc


segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Embarcar na "jangada"



Embarcar na “jangada” é o meio possível quando pretendemos sair da ilha deserta. Sabemos que arriscamos a vida, mas que não morremos num lugar ao abandono. Vemos o mar forte batendo, vemos a fragilidade da estrutura que construimos, não há outro caminho se não arriscar. Sobreviver pode ser tarefa difícl perante o mar imenso, mas pior seria ficar estático esperando a morte chegar de mansinho ou enlouquecer, rodeado de fauna e flora desconhecidos, olhando um horizonte que não muda. Arriscar nestas circunstâncias é vital, e a tomada de decisão também. É preferível a jangada tosca, à falsa esperança, de que um dia qualquer, surja no horizonte um “barco” pintado, bonito e legendado que nos salve. Por vezes, fugindo da labareda insana que nos persegue nos corredores das vivências que nos incendeiam por dentro até à loucura, temos necessidade de fechar os olhos e lançar-nos das alturas para a água gelada.

dc



domingo, 30 de dezembro de 2018

“nonssense”


É a sua forma de meditar. Esconde-se nesse lugar escuro e desconhecido, que lhe permite encontrar-se a si próprio. Ali só as mãos, tocando em si próprio, percepcionam a sua existência, o pensamento divaga a sós. Nesse lugar de segredo, viaja dentro das mentiras na procura de verdades, relaciona os dados, sente os cheiros que nem pensava existirem, apura outros guardados na memória ilustrando-a, Os ruídos têm uma maior importância quando isolados do mundo comum, aqui perdem-se, O ruído está dentro de si e na sua respiração. Vive esse deserto exclusivo, onde nem plantas sobrevivem, precisa saber como consegue aguentar o passar do tempo.
Vezes sem conta, vai bem fundo, até perder a consciência de onde se encontra, procura o “nonssense”, a solução, o entender da razão de ser quem é, neste circular de anos que vão correndo. Tenta perceber a razão da vida, se existe um destino possível, ou são os seres humanos, que pouco criativos, preferem acreditar nesse fim programado. Na verdade, o fim se aproxima a passos largos com tantos momentos irrealizados, tantas horas sem sentido, muita alegria perdida, nesse mutismo irracional que as circunstâncias frustrantes portam, tanta riqueza de sentimentos ilustrando o caminho que se percorre.
Naquele lugar, não havia mundo, existia ele e as circunstâncias que escolhera, para se perceber a si próprio e o que o arrastava para fundo do poço. Continuou olhando lá longe, persistindo na ausência, tendo o mar como lugar de repouso para absorver tudo e serenar.

dc



sábado, 29 de dezembro de 2018

O amanhã continua



Talvez pareça desesperançado, por não acreditar nas doze passas à meia-noite, entrar como pé direito, ou saltar de um banco, mas cansei falta de resultados práticos, das rotinas e de ver o espírito de família esvaziando-se, com aquela conversa de que os tempos são outros, como se o individualismo, o egoísmo fossem coisas originadas pelas novas tecnologias ou pela evolução (?), e nunca por todos nós, que vendo desfazerem-se os valores sociais, políticos, culturais, educacionais e muitos outros, ficamos quedos e calados. Além de tudo o mais, até parece que de uma noite para o dia tudo vai ser diferente, santa ingenuidade.
Tudo finda como tem de findar, tudo começa como tem de começar. Não vale a pena planos a mais ou a menos. Sorriso nos lábios (que eu não uso), cabeça levantada, (se não sofrer da cervical), calma (nem que seja aparente), e vamos embora começar a pensar que o fim do ano, só serve para nos tornar mais velhos, gastar mais dinheiro que o habitual (para quem o tem) para as festas de passagem de ano. Importante é não esquecer de treinar, uns dias antes, para evitar a ressaca de tudo isso, afinal todos os novos anos são a repetição disto tudo, com pequenas variações, menos o envelhecimento, este é efectivo e fica marcado no físico, não há maneira de esconder, mesmo com operações plásticas.
Quanto às festas, leiam as revistas que dão conselho tipo: sapatos vermelhos nas senhoras e o vestido preto é o mais elegante, para os homens, fato escuro (azul-marinho, preto ou cinza), sapatos pretos com amortecedor de calcadelas, porque um cavalheiro dá sempre um pé pela dama. À mesa, caviar não é necessário, qualquer bacalhau, ou camarão cozido do supermercado enfeita e engana a barriga, quem puder, evite o jantar de fim de ano e vá ao baile com ceia incluída regada de champanhe (para não dizer espumante que fica foleiro), sempre fica em conta, já que tem que gastar… assim se fecha o ano, e amanhã continua. 

Sem desejos especiais digo, vivam a vida todos os dias como se fosse fim do ano, vão ver que são muito mais felizes. 

dc