Sim, sei amigo/a-anónimo é isso mesmo,
ausente de sexo, ou de nome, é verdade que “o que autor precisa é de amor”. Sim,
chega de textos lamechas, de memórias, de estórias de não amor. Tem toda a
razão, se assim o diz, por si, fala toda a sua experiência nessas coisas. Você
sempre amou e foi amado, sem dúvidas, nem precisa de ler poetas ou romancistas,
ou até de perceber dessa história de casamentos falhados, de divórcios
inesperados, de pais separados, de filhos não amados. Você, anónima/o é a
sabedoria e experiência em todas as tonalidades e emoções. Já sentiu borboletas
no estômago, frio na espinha, saudade, dor pela ausência… Ah! Não? Pois, você é
alguém experiente nesse seu o amor total, essas banalidades de artistas e amantes,
não contam no seu vocabulário. Você amou, e, logo foi amado e morreram felizes
para sempre. Nunca houve falta de dinheiro, nem casa sonhada, passeios imaginados,
nada lhe foi sonegado, nasceu de cu virado para a lua. Que bom! Não sabia que a
felicidade é algo tão perene em quem ama, que nem se apercebe, que a tal
literatura, os teatros, os filmes, esculturas e pinturas, que plasmam nas paredes
da sua casa e nos muitos lugares, são apenas fétiches de uns desmiolados, são
simples adereços, como a mesinha de cabeceira no quarto, onde guarda os
preservativos invioláveis por desnecessário uso. Ah? Também não é bem assim… Não
me diga é tudo amor. Sim, o único que só você conhece, que nem precisa de
momentos outros nas suas emoções que lhe permitam distinguir aquilo que agora
diz sentir. Pois, bem senhor anónimo, estou grato por ter-me alertado e
fazer-me entender o seu ponto de vista, mas se tivesse um nome seria mais
fácil, pôr o nome aos bois, não acha? Aproveito para dizer, que já alguém
famoso disse, em relação à leitura, que o importante era que as pessoas lessem,
nem que fossem coisas “da bola”, ou estórias da carochinha. Eu penso o mesmo em
relação à escrita, ninguém tem de ler os devaneios do autor mal-amado, mas foi
a custa desse treino, que fui ganhando alguma habilidade para juntar palavras,
por isso, deixe-me deliciar com as minhas dúvidas, incertezas, dores e
lamechas, sou um ser imperfeito que precisa de um pretexto para sobreviver, que
se chama, amor.
dc