Sinuosas, tortuosas, as mentes que sendo acomodadas na colcha da fartura,
condenam, ou criticam, quem não obedece à lei da acomodação, nem quer ser pé de
cama do comodismo dos outros, ou dar vantagem a quem vive sem a percepção
daquilo que os outros vivem e sentem. As opiniões divergem de acordo, com o
berço onde se nasce, do modo como cada se foi formando no correr dos dias, tendo
em conta as circunstâncias do meio, e como alcançou os seus objectivos. Acontece
que muitos sobem os degraus, com alguém pondo a mão nas costas para que não
caiam ou recuem, outros sobem palmo a palmo, degrau a degrau, escorregando e
caindo, sem desfalecer, para cumprir com o que se determinou conseguir, comendo
a terra que o diabo amassou. Dar uma opinião sobre a fome não é a mesma coisa
do que senti-la, dar opinião sobre uma doença grave e dolorosa, não significa
vivê-la, quando muito se solidariza com quem sofre. Há quem tenha opinião e a
defenda dentro dos princípios que invoca, com razoabilidade e conhecimento,
leituras e participação na área que advoga. Há quem tenha opinião tirada de
leituras “corridas”, ou de histórias sem fundamento e acha-se conhecedor
suficiente de todos os factos. Infelizmente parece ser comum dar opinião,
porque se acham no direito de a ter, “estamos em democracia” dizem, perante
aqueles que queimaram as pestanas, ou perderam anos da sua vida, aprendendo, estudando,
trabalhando arduamente. É verdade, que todos têm direito a dar a sua opinião, por
intuição, emoção e o saber da experiência feita, mas também se deve pensar
quando ela é só mesmo isso, opinião, por vezes desajustada, e sem sentido não
contribuindo para acrescentar, mas somente procurar ganhar um ponto numa conversa,
ou discussão, por vaidade, por estupidez ou inconsciência e em muitos casos de
forma arrogante e ofensiva.
dc