quinta-feira, 18 de outubro de 2012

POR AGORA rESTA em PaZ


Vi a fotografia e me inspirei. Não queria fazer uma cópia, queria que fosse uma outra coisa assumidamente pintada e não um outro retrato da realidade. experimentei diferentes formas de abordagem, com pouca tinta, muita tinta, menos explicito mais explicito, até que cansei. desenhei larguei tinta, fui "sujando" a meu belo prazer. quando já não conseguia ir mais além do que via, desisti deixei que ele ficasse a marinar. Talvez um dia, eu consiga ir mais longe e lhe volte a mexer. talvez sem medo de estragar, mas com vontade de encontrar outro caminho para dizer do mesmo objecto coisas diferentes e mais ricas. Por agora resta em paz.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os aPÊNdIceS


A passagem do tempo parece não o afectar. Amanhece sempre cheio de gás e disponível, como diz o Dr. As preocupações ficam abafadas pelo sono e a cabeça normalmente fica limpa.

Quando o vejo desejo-o como nunca. Só me apetece beijar, acariciar e percorre-lo com as mãos. Gosto de e sentir aturdida pelo seu vigor, assim como gosto de ser eu a razão desse vigor. Ele estimula-me, do mesmo modo que eu faço com ele. Sinto-me sua companheira e espaço querido de aconchego. É bom quando tudo acontece com o prazer de nos sentirmos plenos, no mais intimo de nós.

É interessante como nós seres humanos nos deliciamos com um tão pouco, mas que por vezes, embora com altos e baixo, vai crescendo com, e, em sabedoria, pela prática constante, o seu entusiasmo até ao êxtase, cujas consequências para o bem estar obtidas são enormes.

Por vezes existem pequenos espaços mortos, alguns que se prolongam, porque o ser humano tem limitações de vária ordem que influenciam o desempenho do casal, no entanto na maior parte das vezes a sabedoria adquirida com a prática e com o tempo tudo acaba por se realizar e obter efeitos bem interessantes.

Nada como viver com entusiasmo, pela pessoa que se gosta, para que uma pequena coisa se transforme em algo grandioso, rico de sensações e emoções.

Importante é saber aproveitar a oportunidade e o entusiasmo, mesmo que por vezes momentâneo.

A vida são dois dias e o de hoje já foi.



terça-feira, 16 de outubro de 2012

de PÉS ao CAMINHO

Eu a vi naquele caminhar de abandono deslizando o pé, como se procurasse gravar no chão a sensualidade do seu corpo seminu pelo areal da praia. Como fazer para que os seus pés fossem o relato de um momento? Talvez a sensualidade da figura, só me tivesse dado o tema e o prazer de ir pintando na busca de a encontrar.

De pés ao caminho, fui sempre colocando tinta sobre o suporte procurando o resultado. Misturando técnicas, de espátula, pincéis e mãos. Camadas sobre camadas, dando mais espessura à tinta dando mais "tinta" à expressão ao tema. A certo momento é preciso parar, tudo o que se faz, ou acrescenta demasiado, ou estraga o que está feito. É momento de pausa e esperar se horas depois continua perante nós a razão que nos levou a parar. Se assim for o melhor é encostá-lo nos trabalhos concluídos, já não dá mais. 

domingo, 14 de outubro de 2012

QUANTAS VESES...POR VEZES


Por vezes, um telefonema mantém o sonho vivo.
Por vezes, um sonho vivo dá origem a muitos telefonemas
Por vezes dum telefonema e dum sonho vivo se originam poemas

Quantas as palavras ditas no bucal do telefone
Quantos sonhos vividos falam de problemas
Quantos, às vezes, fazem das nossas vidas poemas
Quantas vezes nos abrem ao amor e à sua fome

Quantas vezes, por vezes, falamos de amor..
Por vezes, quantas vezes, temos problemas
Por vezes não fazermos os telefonemas
Que por vezes afastariam os nossos os dilemas.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O SONHO COMANDA A VIDA

Todos temos um sonho a realizar e dele fazemos objectivo de vida, mesmo sabendo que é difícil de alcançar, não damos ao desespero guarida.

Todos os dias o revivemos, acrescentando mais e mais detalhes, sustentando-o e aparando todas as arestas.

Nesse percurso sem nos apercebermos vamos concretizando pequenos sonhos, e nem reparamos, que são eles os pilares do caminho que percorremos, para concretização do tal sonho que tanto buscamos.
Como diz o poeta o "sonho comanda a vida",

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

VbEiJO-TE


Vejo-te através das imagens que a música me sugere.
Navego pelo o horizonte do teu corpo tentando matar as saudades
deixando-me levar por ventos e tempestades
ao encontro da bonança desse teu corpo,
meu céu em mar aberto
e deixo que a recordação do sabor desses teus lábios mate a sede
que a tua ausência me trás.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

NÃO SE PODE PERDER O SORRISO

A chuva cai leve, de mansinho. Hoje, segunda-feira 8 de Outubro de 2012, é uma data como outra qualquer no calendário da vida de um indigente como eu, a única diferença em relação aos outros dias, é que hoje estou mais velho um dia, mais cansado do que ontem, física e espiritualmente.

Cada dia que passa tentam a apagar-me o sorriso, no entanto não conseguem, todos os dias os surpreendo afivelando-o ao rosto. Pelo menos esse sorriso vai mantendo os músculos do rosto activos, deixando os meus opositores e observadores, defraudados por não me conseguirem aborrecer.

Não se pode perder o sorriso, não é saudável nem ajuda a nossa auto-estima. O sorriso comunica ao nosso próprio corpo e mente uma sensação positiva, que nos fortalece, e nos ajuda a levar de vencida uma grande parte dos obstáculos que se nos deparam.

Por tudo isto e mais aquilo, e tudo o mais que não me lembro, quando me olhei no espelho dei uma gargalhada forte, forçada, e deixei-me ir de tal modo, que pouco depois ria a bom rir sem saber porquê, foi óptimo. Quando saí do WC público, já tinha montado todos os músculos da face e um sorriso pronto para enfrentar o mundo.

Quando me acusam de sujo e mal vestido, afivelo o meu sorriso e penso para os meus botões: quanto de sujo terás tu nessa tua cabecinha, com esse teu ar todo lavadinho engravatado e cheio de maneirismos?. Tenho o corpo sujo e uma alma limpa. Não tenho casa porque ma roubaram os bancos. Não tenho lugar para me lavar, nem muita roupa asseada para trocar, é pena, nada posso fazer, nem sei onde existem os banhos públicos. Perdi a necessidade ter quando tudo me foi tirado, não sabem o quanto beneficiei com isso, voltei a ser livre, nada me prende nem local nem mentalmente. Perdi o medo, nada tenho a perder, refugio-me na dignidade que ainda tenho. Quando me olham com pena, como se fosse uma desgraçado perdido nos maus caminhos da vida, eu sorrio, ainda tenho a minha liberdade, não tenho peias sociais e materiais que me prendam, nem o olhar de “carneiro mal morto” que outros têm, porque esmagados nos seus direitos como pessoas.

Indigente não foi uma opção, foi uma necessidade que se tornou uma opção em nome da minha liberdade. O meu colchão é de cartão, meu telhado um vão de escada, o meu candeeiro é a vela antiquada e meu aconchego a gata malhada que ronrona do cair da noite ao nascer da alvorada.