segunda-feira, 12 de novembro de 2012

NOITE SEM SOMBRAS E SEM LUA

 Reclining Nude, 21" long, Danby Marble, by Art Wells.
Estou parado olhando, mas não vejo.
Sinto só o calor dos lábios no teu beijo

A noite não tem sombras nem lua
Sentimos pelo cheiro da pele nua

Pelo vai e vem das marés nos corpos
A certeza de que não estamos mortos

Acordo todos os sentidos de teu ser
E nos meus dedos sinto o teu viver

É nessa noite sem sombras e sem lua
Que te entrego a minha alma nua

Nessa noite de marés sem tempos mortos
Sente-se o vai e vem dos nosso corpos

Até que restem entre abraços amplexos e beijos
Os nosso corpos húmidos de seus desejos

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

REFLEXÃO...DEFLEXÃO...

Às vezes dá-me para pensar nas razões, que levam, hoje em dia, a tantas separações e divórcios. Meto-me onde não devo, mas gosto de divagar sobre o assunto.

Alguns de nós pensamo-nos tão bons para quem amamos, que nos esquecemos do que o outro gosta, ou do que ele quer na relação. Esquecemos, que somos alterados e alteramos pela partilha. Esquecemos que o nosso enamoramento por determinada pessoa, de um modo inconsciente, se deve à resposta que ela nos dá às nossas necessidades emocionais. Por vezes, pensamo-nos tão bons que nem admitimos sequer que já não goste de nós, ou até, que nunca nos tenha amado.
Não aceitamos de modo fácil as diferenças, como se amor tivesse de ser entre duas almas gémeas. Na verdade, se assim fosse, seria uma seca de todo o tamanho. Tal falta de diversidade tornaria a relação monótona, e na maioria das vezes, estaríamos a falar para o umbigo.

Em especial nos machos, existe a mania de se pavonearem agitando as performances físicas, económicas ou sociais, para se sentirem superiores, ou para se convencerem: “ já está no papo”. Se tudo fosse tão fácil, nunca o amor seria objecto de procura, nem tão pretendido.

Não raras vezes falta a honestidade, franqueza no falar, assumir o que pretendem. Resultado? Vidas em comum mal construídas. Por vezes, uma amizade sadia torna-se um namoro imperfeito. Somos nós, eles ou elas, que ao assumirmos esse tipo de comportamento vamos criando anti-corpos, estabelecendo a nossa própria noite, e com ela a escuridão, que se entranha no corpo absorvendo e sugando a energia, tirando o vocabulário das emoções, fazendo esquecer a luz que procuramos. Depois, depois restam os tempos perdidos em estórias mal escritas, que deixam mágoas e mazelas tão profundas, que tornam cada vez mais difícil encontrar o que tanto se procura.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

HOEJ..OHJE...HOJE



Não posso pensar mais do que no dia de hoje. Hoje é presente e nele temos a certeza que as coisas acontecem. ontem não deu, e não vale a pena justificar porque já passou, nada irá remediar, a não ser, fazer com que hoje não volte a acontecer. Amanhã, ainda não existe, e não posso especular, se não perco horas a pensar no que irá acontecer e não poderei viver o dia de hoje, sem desfrutar e com a atenção necessária para que não seja o mesmo fracasso de ontem, que não deu.

Viver intensamente o presente colhendo o máximo, porque de certeza o passado será esquecido, e naturalmente, sem pensar em futuro, este será construído, com toda a certeza, pela riqueza do hoje.
"Cuida el presente porque en él viverás el resto de tu vida."
Facundo Cabral

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

NA PRAÇA ONDE CIRCULO



Na Praça onde circulo fazemos da franqueza a condição, respeitando e falando olhos nos olhos, esclarecendo todas as nossas contradições. Não fugimos de uma “discussão”, conversamos o tempo que for necessário, para que não restem dúvidas e tudo se concilie.

Na Praça onde habito a solidariedade é um facto, não um lugar de oportunidade para “pendurar” interesses individuais. A amizade revela-se um lugar de estar, e partilhar é dividir o sol na esplanada da vida, é trazer à mesa alguém com que divide a refeição, é deixar que os diferentes se misturem numa individualidade aceite.

Na Praça de onde venho, nascer nas chamadas “camadas mais desfavorecidas da sociedade”, não é um estigma, quando dele tiramos a aprendizagem e seguimos o caminho. Podemos evoluir aprendendo e até fazer um curso universitário, mas não chega para ser melhor, se não houver evolução nas diferentes áreas de intervenção da sociedade. Como alguém disse, “aprender, aprender, aprender sempre”.

Nessa minha, nossa Praça, os Homens procuram cultura para evoluírem, amizade para se sentirem humanos, e não consomem novas tecnologias como se fossem um fado, usam-nos como elementos de trabalho na própria evolução do ser humano, sem a frieza e distância que por vezes elas trazem.

Eu gosto desta minha Praça, onde se procura que o egoísmo não resida, a palavra não amedronte, e onde se sabe da importância de construir caminhos atapetados de flores, pontes de sorrisos e abraços para a eternidade.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

TAXAR A "MIJA"


Há poucos dias, enquanto esperava pelo comboio, numa das mais famosas estações da nossa cidade, tive uma necessidade de ir à casa de banho, como sempre, civilizadamente dirigi-me às da estação. Chegado lá fico-me pelo espanto e com vontade de me mijar logo ali mesmo no átrio. Então não é que os senhores agora têm um torniquete, e para se usar a casa de banho tem de se pagar!

Fiquei furioso por não poder cumprir com a minha necessidade fisiológica, não paguei e decidi aguentar mais um pouco, entretanto pensei para os meus botões: “Estes tipos preferem que andemos a mijar pelos túneis de acesso, ou contra as paredes, quando tomam estas decisões. Depois dizem que somos um povo deseducado e sem cuidados de higiene.”

Se é para pagar as despesas da limpeza que exercem aquela cobrança, mais valia que
despedissem, ou reduzissem os salários exorbitantes, dos “chefões” da CP, e fariam uma grande poupança, podendo até limpar, com esse dinheiro, dezenas de casas de banho, além de evitar a merda que produzem todos os dias e não pagam para limpar. Porque na verdade estas medidas economicistas são mesmo pensadas por cabeças cheias caca.

Já sei que à muita gente que diz “ no estrangeiro também é assim!” e depois? Não significa, que não seja de igual modo uma medida de merda, porque seja onde for, quando o lucro se sobrepõe às necessidades humanas das pessoas, será sempre, e repito, uma medida de merda.

Antigamente em vários pontos da cidade havia, WC públicos, até que houve um iluminado camarário que resolveu eliminar a sua maioria, sabe-se lá por quê, e colocar uma espécie de quiosque WC, no qual as pessoas não entram, porque têm medo de ficar presas, porque não querem dar satisfações a quem passa de que vai fazer as suas necessidades, ou até poder ficar fechado e a canalização rebentar ficando afogados numa aquário de merda.

São medidas para resolver a austeridade que na prática seja em que circunstância for, são os mesmos a pagar. Não tardará que voltaremos a pagar licença de uso de isqueiro, e um espirro na via pública dê direito a multa.

domingo, 4 de novembro de 2012

GRAFITE SIMBÓLICO

Um galo de Barcelos, durante tantos anos considerado uma espécie de símbolo do nosso país, aparece numa das ruas da cidade do Porto, estilizado como um peixe? Talvez. As texturas parecem sugerir escamas e os desenhos da base sugerem água, ou peixes. Até parece que o autor nos querer dizer, que neste país os governantes responsáveis metem tanta água que o galo virou peixe. Digo eu.

Seja o que quer que seja, que o autor da imagem pretenda comunicar, na verdade o que interessa é que o seu efeito visual não passa despercebido a quem passa, e funciona como meio de fazer esquecer uma parede,  num local que sugere abandono e "velhice".

sábado, 3 de novembro de 2012

SÁBADO COM SABOR A TROIKA



A chuva foi o cair da folha no Outono, entrou forte intensa, corrida a vento talvez antecipando um Inverno que ainda não se sabe.

No cidadão comum o inverno já se instalou há muito, com o negrume de uma austeridade que o massacra. Todos os dias têm chuvido medidas que lhe escurecem a alma, que regelam o estomago, e que o fazem tossir de raiva. Diz o povo “abife-se, avinhe-se, abafe-se, para curtir a gripe. Neste caso eu diria agite-se, revolte-se e faça com que eles caiam antes de maduros, porque se não quem cai somos nós, sem curar esta maldita invernia governamental, cheia de estafilococos, do capital financeiro e com o vírus da Troika.



Bom sábado, se possível