terça-feira, 15 de outubro de 2013

AS TUAS MÃOS




Imagino as tuas mãos, com os seus dedos esguios, passeando e aflorando as diferentes estações, na superfície do corpo, como se formando melodias ricas de brisas, cheiros e mar. Como se seguissem as formulas escritas em pautas, elaboradas por eruditos, dando voz aos teus lábios, no trautear de variações, com diferentes cores e sons, As tuas mãos criando, recriando, compondo um novo corpo de emoções.

Ouço e torno ouvir, a sentir os poemas que escreves, como se a caneta arranha-se o papel avisando seu percurso, Sei as revelações que fazes nas entrelinhas, em cada nota, em cada palavra que compõe o interlúdio do outrora desconhecido, ao agora presente.

Fazes-me aflorar risos perdidos, tirando-me as sombras do rosto. Trazes brilho aos meus olhos e motiva-los para miradas atrevidas sobre o ondular do teu corpo.

E tudo isso porque as tuas mãos de dedos esguios, se agitam poderosas a cada sonoridade, electrizando todos os meus sentidos.

DC




sábado, 12 de outubro de 2013

SE as palavras...




Se as palavras fossem o som do amor, se a música fosse a mensagem do coração, se a realidade fosse mais do que imaginação... a distância seria coisa pouca para que uma força maior, se tornasse visível.

Permito-me deixar correr o tempo, Tudo é possível na melancolia do Outono, quando nos retemperamos do que foi o renascer da Primavera e do intenso calor do Verão que findou.

Se quisesses podíamos viver o Jardim dos Sonhos, Correr pelos campos, por entre os pinheiros bebendo seus cheiros, molhar os pés no riacho que corre... e cair de costas exaustos no chão de folhas estaladiças, olhando o céu azul do entardecer de mãos entrelaçadas, dizendo as loucuras que só os amantes podem dizer.

DC

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SoRrINDO À CHUVA



...sorrindo feliz... o teu amor está vivo, Sapatos na mão, pés sentindo o chapinhar da água e o coração pulando num corpo que se molha alegremente.

...ainda ouves a sua voz quente e doce nos teus ouvidos, o calor do seu corpo, as suas mãos em ti e os seus olhos brilhantes depois do amor...

Não interessa o tempo que faz, se sol, se frio, se calor ou chuva, se dentro de ti vivem todas as estações do amor, todas elas com diferentes cores e contrastes...

“A cidade do amor onde eu vivo, és tu”.. sai-te o grito vibrante, espalhado pelo vento atravessando a chuva.

DC

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

SÓ EMOÇÕES


 

Leio o que não escreves,
Sinto o que não dizes,
Ouço o que não se escuta,
Digo o que não quero.
Espero que pises e repises
E o eco se repercuta.
Ando nora sem água
que não mata sede,
No corpo a mágoa,
da vida que se perde.
Rejo-me pelo que não dizes,
procuro nas entrelinhas
E sempre me perco de razões,
afinal o que eu percebo
São somente emoções.
   

DC 




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Há dias de sol...





..., em que tudo torna escuro, como se o inverno se instalasse dentro de nós.

Há dias que tudo nos magoa, bem dentro, bem fundo e nos deixam sem norte, sem paz, e a sós.

Nesses dias assim, não vemos as flores e suas cores, os pássaros e seu cantar, nem aquela gente e seu caminhar, que se esmagam contra o tempo, que carregam sobre os ombros cansados sua dores, de sorriso nos lábios.

É nesses dias que vemos as crianças, sem culpa, sem mácula, porque nascidas, cedo carregam a obrigatoriedade do saber, em mochilas de livros, pelo amanhecer de cada dia, perdidas da alegria, fechadas em salas, formatadas pela sociedade que lhes nega o futuro. Crianças a quem a gargalhada tarda a surgir, a imaginação se perde, e o brincar se torna escasso, Crianças a quem a ausência dos pais, que trabalham de sol a sol, os deixam órfãos do seu carinho, do seu abraço. Crianças que com o seu sorriso, por vezes dorido, nos encantam e nos fazem acreditar que vale a pena viver.

Há dias assim, que nos trazem a revolta, que nos fazem circular o sangue a mil à hora e nos torna primitivos. A evolução da sociedade não se pode resumir ao sacrifício de muitos para o regozijo de alguns. E o que havemos de fazer? Lutar, lutar, lutar sempre!


DC

domingo, 6 de outubro de 2013

“Vou-te contar um segredo..





...., hoje chorei.”

Contara-lhe o segredo de forma inesperada, no meio da conversa inacabada. Hoje, dissera-lhe, “eu chorei”. A emoção toldara-lhe o raciocínio.

Não chorara de tristeza mas de alegria, por ter sido tocado por gesto tão simples, Um abraço. Um abraço sentido, fraterno, sem mácula.

Abraçar, não tem idade, não tem cor, não tem preconceitos, mas contém um mundo de significados.

Ele vira a importância de um abraço, Um simples gesto e grande a sua dimensão, pela sua ternura, pelo conforto, pela esperança que dá à vida.

Sentira aquele abraço, como voz de um sentimento, como quando escutar é mais do que ouvir as palavras que constroem cada frase, como se fosse urgente, que cada momento, mesmo que curto, fosse vivido com intensidade.

Chorou por não saber quanto esse abraço permanecerá, ou se irá vaguear na distância.


Chorou por não saber, se a promessa daquele outro abraço, que há muito espera, se realizará.

DC

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

MiL Passos ANdAdos



 

Sem saber como, nem por quê,
fixei teus passos no areal,
colados à orla do mar.
Não os deixei partir,
imaginei-te pensando
nesse teu evadir
em mil sóis,
em mil peixes,
em mil viagens,
em mil navegantes,
em mil ondas gigantes,
em mil sós,
em mil delícias,
em mil risos,
em mil nós,
em mil carícias
em mil abraços e beijos.

Mil vezes foram teus pés
marcados na areia
como as marés na lua cheia


Teu perfume no ar
misturado com o cheiro do mar
E teu corpo desenhado
Debaixo do vestido molhado.

Como poderias esquecer
Nos mil passos andados
Todos ele pensados
Em mil momentos de nós.

DC