terça-feira, 12 de novembro de 2013

Um SORRISO roçando a pele dos dias




Encontrei-me com o teu sorriso um dia. Sem querer. Longe de imaginar o que ele tinha de diferente. O teu sorriso surgia como quem respira, fácil, límpido, franco, sem temer o raciocínio dos outros. Era o teu sorriso que comandava a vida, saía pelo ar borboletando, enchendo o peito de quem escutava.

Quando teu sorriso desaparecia, o sol escurecia e os teus olhos se escondiam debaixo da cortina negra dos teus óculos, A boca se comprimia e os lábios ficavam finos, e era um desatino, esfriando como gelo de inverno tudo quanto tocavas, assim eu sentia. Era raro acontecer, mas se acontecia toda a gente te temia.


Eu só tenho memórias do teu riso, da gargalhada solta, de braços no ar agitando o corpo deixando sair o ritmo dentro de ti.


Foi bom te conhecer, embora rebelde, embora meiga, embora tudo e mais alguma coisa, não esqueci quem és e como te atravessaste no meu caminho. Não raro me enrosquei no teu sorriso, que me retirava o cenho franzido, me trazendo para o mundo da alegria, que eras tu.


É sempre bom sentirmos o sorriso de alguém roçando a pele dos dias, ao nosso lado, sem sombra, num nós de entendimento, nem sempre fluído, mas vivido. Valeu a pena te conhecer.

DC


domingo, 10 de novembro de 2013

VOU DESLIZANDO




Vou deslizando na superfície das águas do rio. Deixo-me levar pela correnteza, Aqui e ali fujo da margem irregular, aproveito as ondulações e a brisa para poder seguir o meu o percurso até à foz, Faz bem pouco tempo que inesperadamente me soltei do cordão umbilical da minha existência, Deixei-me ir pelos ares lentamente como se levitasse, até pousar nas águas. Senti o arrepio, da água fria e o medo de que minha estrutura se desfizesse, sem ter a oportunidade de recomeçar um novo percurso... A fragilidade, da mudança de estação, pode pôr em risco todos os planos, mas resisto sem desfalecer, até que me transforme em adubo de novo crescimento.
Há quem me chame folha, eu chamo-lhe viver.

DC

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Deixamo-nos,...




Deixamo-nos, partir sem criar obstáculos, sem travar desígnios. Eu por mim, agarro-me aos traços positivos que a memória conserva, Não ponho sal nas feridas, ou vinagre na perda, Tudo foram ganhos, mesmo quando não parecia. Se a vida é construída na base do acerto e do erro, então para que a vida seja... Tudo o que no decorrer dela acontece, não deve ser avaliado pela dimensão da sua dor, mas pelo que nos leva a construir de melhor e mais sólido. O futuro, esse lugar incerto que não se sabe o que será, uma coisa trás para connosco, a certeza de que os erros e os acertos, serão argamassa da nossa estruturação como seres humanos.

DC


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

HÁ SEMPRE UM"Ah"






Há sempre um “Ah” interrogativo e complicado de entender, que parece veio para ficar na sociedade actual nos relacionamentos das pessoas.

Ah...
...quando julgamos que a nossa liberdade é o mais importante, de repente esperamos que nos prendam, porque queremos a prisão do abraço, do carinho da ternura, do aconchego.

Ah...
...quando abraço chega, a ternura acompanha, o desejo se revela e o prazer nos assola...hum que deliciosa prisão.. que sabores intensos.


Ah...
...quando tudo é realizado, tudo é encontrado, tudo saboreado, se pensa novamente na liberdade sem saber bem qual, e o porquê de nos prendemos à nossa independência, e das vantagens de estarmos sós, como se o outro impedisse, o sós, mesmo quando próximo.

Ah...
... e se avalia, se pensa de mais, se goza de menos, se estraga, se começa a pensar em disparates, do tempo em que estavam sós.

Ah...
... e se ponderam, a liberdade de estar com os amigos - que raramente aparecem, De ir ao cinema quando lhes apetece – raramente o fazem, De querer viajar – raramente podem, A situação económica, etc, etc,.

Ah...
...o ainda explicativo: “não sabes o que foi a minha vida”, “a minha situação é diferente”, “não me venhas dizer como é...”, e .... até se esquecem de parar.

Ah....
...mas “eu quero que seja assim”, “e assado e cozido e frito”, e depois... o pior que podia acontecer... aconteceu.

Arautos da desgraça, até no que mais queremos, acabamos por ter pensamentos pequenos acabando como começamos.....dasssss

DC

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A saudade é.....



 
..... é como uma doença que se agarra na pele e nos mata a vontade, Nos tira a força e nos corrói por dentro.
A saudade é a dor que nos faz o pensamento, repetidamente, regressar ao lugar de partida, Rever o que ficou para trás. É a dor da perda.
Saudade dói como uma ferida em carne viva que parece nunca curar. É ficar sem vontade de futuro.
Saudade é, quando antes de partir já nos faz falta quem deixamos ficar
A saudade nasce da ausência daquilo que gostaríamos que fosse realizado.

como dizia Pablo Neruda:
.....
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

....
DC

domingo, 3 de novembro de 2013

Depois... o silêncio e o saciar do tempo




Agora, com a distância que o tempo me propicia, apercebo-me do efeito, que naquele momento, o teu perfume exerceu em mim...


Estavas de pé encostada à mesa comprida da sala, olhavas com ar distraído algo sobre ela pousado. O preto desenhava elegantemente a tua figura feminina, realçando o teu rosto claro.

Aproximei-me, pé ante pé.

Queria surpreender-te, tapando teus olhos, deixando que sentisses a maciez dos meus dedos sobre tuas pálpebras e o perfume do meu corpo ser presença dos teus sentidos.


Queria a tua imaginação usufruindo do momento.


Queria o teu corpo, alongando-se para que se colasse no meu, sem que o ar interrompesse o teu poder de me seduzir.

Queria sentir as tuas mãos tacteando procurando descobrir.


Queria que sentisses o calor dos meus lábios passeando no teu pescoço, enquanto o pulsar do teu coração, a tua respiração apressada, se apossavam de mim.

Queria deixar que as minhas mãos fossem descendo, assumida a descoberta, saboreando cada momento que o teu corpo marcava no espaço. Intensamente... vivendo cada poro, cada segundo. Lentamente... moverias o teu corpo, rodando sobre si próprio, sem descolares um milímetro do meu e os teus lábios subiriam ao encontro dos meus esmagando-os, com a doçura do teu amor.

Ah sim, como eu queria a alegria do teu prazer surgido do sabor doce da tua boca, do calor das tuas pernas, do rubor das tuas faces, da paixão do teu olhar. Oh sim. como retribuiria eu com o sol da minha loucura, com a grandeza das coisas simples, desenhando mapas de prazer em cada pedacinho da tua pele, não regateando resposta às tuas preces entrecortadas.


Nada seria tão belo como a pausa entre cada momento que enriquece o seguinte

Depois... o silêncio e o saciar do tempo.

DC


sábado, 2 de novembro de 2013

DEIXA-te LEVAR




Deixa-te levar
No sonho que nasce
Não te percas a pensar

Deixa tua mente liberta
Porque o tempo de acabar
Não tem hora certa

Ajuizar demais
Cada minuto que passa
Tira-te o prazer dos sinais
daquele que te abraça

Procura viver ao segundo
Sem temer quem beijas
Aproveita estar no mundo
Amando quanto desejas

DC