terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Mas que CONVERSA...


Gosto de conversar, até gosto de dizer que a conversa “é como as cerejas”, quanto mais se conversa mais os temas se enlaçam e nunca mais se pára de conversar. Às vezes temos de pôr um travão repentino, porque se não fica-se nas desoras.
Conversar não é fazer conversa da treta sem qualquer significado, não é “conversar para o boneco”, Conversar implica partilha, acrescentar, aprender, cultura, formação, sentimento, No fim, um mundo de descoberta permanente. Conversar implica pelo menos participação a dois, se não é como falar para o tecto.

DC OUT/14

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

DO AMOR...





... QUE TANTO SE FALA
E TANTO HÁ POR SABER

Tempos houve afastados
outros tantos reencontrados
recuperando seu amor
e com ele seu ardor.
Nos momentos de vida
uns dias tem tempestade
muitos mais de bonança
e assim vão passando
crescendo como criança
até adulto acontecer
Nem ele sapo adormecido
nem ela princesa beijoqueira
são a vida real de dois
aprendendo à sua maneira
Amar tem muito de saber
paciência, ternura, desejo
e arte de saber ceder
acompanhada dum beijo.
Variando
umas vezes perto
outras se afastando
aprendem com certeza
que zanga, só trás dor e pranto
O resto
É o amor e sua beleza.

DC

sábado, 20 de dezembro de 2014

O SOL É O SOL...ponto






Quando o sol de inverno surge depois das chuvas, vem vigoroso e caloroso, trazendo-nos o conforto que necessitamos depois do cinzentismo das nuvens. As chuvas lavam o pó acumulado nos objectos e nos elementos da natureza, realçando o seu desenho tornando-o mais nítido aos nossos olhos.
O sol vem brilhante, acaricia as plantas, aconchega árvores e ilumina algumas das folhas que subsistem em manter-se, dando-lhes um colorido e luz de pequenos diamantes. Nas ruas, as casas clareiam, o solo transpira trazendo calor e os carros circulam com um brilho de prata irradiando vida.

Os pássaros se agitam, cantam e voam animadamente em algazarra saudável, e nós, humanos, somos presenteados com o beijo da natureza que nos ressuscita dos dias menos bons.

É nestas alturas que sorrimos como patetas, somos uns simpáticos apalhaçados e temos força de elefante para derrubar muros de indiferença.

Na verdade neste mundo em que vivemos, quase se poderia dizer, que a felicidade, para mal dos nossos pecados e a bem dos predadores, é um simples raio de sol que limpa alma e deixa-nos a léguas dos problemas.

DC

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

MUDAR DE LUGAR


Podemos brincar com o sorriso emoldurando o rosto, até lhe podemos acrescentar alguma ironia, no entanto não poderemos esconder o que dentro de nós acontece, porque os olhos nos atraiçoam, e a nossa face diz tudo o que não queremos que se saiba.
Podemos até lançar foguetes deixando-os estalejar no espaço e, até corrermos apanhando as canas, mas na verdade só nos enganamos, é um fogo de artificio mundano, Mesmo quando usamos o ritmo da música e o ondular do corpo em participado maneio, não apagamos a tristeza, nem o medo ou angústia do tempo que corre sem que nada aconteça. Na realidade não conseguimos afastar, nem quebrar, o silêncio da nossa casa vazia.


Nem todas as respostas são fáceis, mas algumas estão escritas há muito dentro de nós. Daí, que seja importante, saber formular as perguntas para saber as verdadeiras respostas.


Ouvimos com frequência que temos de mudar, mas nem sempre sabemos, o quê e por quê? Talvez precisemos primeiro de nos consciencializarmos dessa necessidade. Uma coisa é certa nem sempre resulta mudar de lugar, mais importante do que isso, será mudar por dentro.

DC

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O QUE ARDE CURA

 

Os tecidos ardiam alimentando o fogo da lareira, desapareciam com eles as memórias, os cheiros, os significados. Nada existia que valesse a pena guardar, já não havia razões para existirem como lembrança, ou manter vivo o que nem como opção servia.

Tantas vezes ao abrir as gavetas, ou os armários que carregamos ao longo da vida, nos deparamos com “peças de roupa” cheias de estórias e nem sempre bem agradáveis.

A gravata, o casaco, o vestido, a camisa, o relógio, o colar, são objectos que trazem agarrados várias vivências e muitas delas boas, mas na hora da escolha, quando procuramos, sempre deparamos com aquelas que menos gostamos, ficamos de olhos vidrados e temporariamente perdidos ao fundo da gaveta.

Diz-se por aí, que devemos deitar fora, ou dar, as roupas que não usamos que é sinal de que afastamos os pensamentos negativos, confiando que o futuro nos irá trazer novas experiências e satisfará de novo os nosso desejos.

A pensarmos assim, talvez dar tenha o inconveniente de voltarmos a encontrar, ou ver nos outros o que recusamos seja vivido. Daí que o fogo lindo que na lareira arde, leva com ele a impossibilidade de que se repitam algumas das memórias desagradáveis, e que as boas não precisem de um elemento de referência, para serem reavivadas.

DC

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

6º NEGATIVOS


 

Ainda mal acordado, ouço na sala o telefone a tocar. Atendo e ouço uma voz amiga, perguntando-me: Vais caminhar, como de costume? E, sem esperar resposta, diz-me: cuidado, hoje estão seis negativos! Sem perceber muito bem o que ouvia, mal saído da cama, questionei: Estás preocupada...como sabes? Do outro lado sai a gargalhada, no meio da qual ouço a explicação: Então ontem - 14 de Dezembro de 2014 - o Porto não ficou a 6 pontos do Benfica?

Longe estava eu de relacionar tal coisa e, de imediato, pensei na outra do advogado, comentador desportivo num canal televisivo, que dizia: Então vocês já sabem que a Estrada Porto – Lisboa, a A1, passou a ser A5, gozando com a derrota copiosa que o Benfica tinha tido perante o FC Porto. Estas duas piadas futeboleiras fizeram-me lembrar aquela frase muito antiga do tempo de Salazar “Fado Futebol e Fátima”, como armas do fascismo para subverter a mente do povo português.

Se os governantes bem “pensantes” deste país soubessem aproveitar esta criatividade do povo português, muito mais o país evoluiria. Não teríamos somente um Saramago, um Fernando Pessoa, um Damásio, e um ou outro engenheiro na NASA, mas certamente um país em franco progresso, com trabalhadores criativos e profissionais de primeira, ou seja, esses que governam resumem os problemas políticos a falta de capacidade do povo, dizendo que os portugueses têm de trabalhar mais, dando-os como madraços, que não cumprem, fogem ao fisco, e até põem em causa a sua competência, substituem a educação e valores por estas diatribes. Como se o povo não percebesse que quem gasta acima das suas possibilidades são os madraços banqueiros, e quem foge ao fisco com toda a facilidade são os grandes capitalistas. Não quero também escamotear, mas se o povo não se deixasse enrolar e ir em futebóis, e usasse a força das suas “claques” para lutar contra o desemprego, os salários miseráveis, os roubos nas reformas, e por um ensino de qualidade, em lugar da defesa dos interesses clubísticos, talvez neste momento tivéssemos um outro governo, uma outra qualidade de vida, um desporto com maior número de praticantes, com uma rivalidade sadia, como outrora, em que se rematava o final dos jogos com uma sandes de polvo frito, um “caneco” e umas quantas piadas marotas, sem alimentar quezílias ou destruir amizades.

DC

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

OLHAR MAIS LONGE


Ficam olhando na distância o cais das partidas, sonhando quantas léguas no mar das suas vidas em comum, irão navegar. O amor que os une é maior que as dificuldades, ou tristezas que possam surgir. Eles apontam juntos o horizonte que desejam, e nem o frio da negação, que lhes apontam, os pode conter na decisão de serem. Vivem o seu projecto, desenham-lhe todos os contornos, pintam-no nas cores do seu desejo e partem na convicção da sua realização. Assim compõem o puzzle das milhares de decisões, desilusões, alegrias e cansaço que não impedirão, mesmo sendo diferentes, de se encostem pedaço a pedaço e se constituam numa imagem única final de construção do amor e suas vidas. O tal amor com tropeços, dias maus e incertos, mas também com serenidade, prazer, alegria, trazidos pela convicção de que serão capazes de vogar nas águas que avistam com os mesmo olhos, elaborando e concretizando aquilo que outrora fora só um sonho de ambos.
A criança, que está para nascer, será a imagem visível do puzzle que querem completo.

DC