quinta-feira, 20 de julho de 2017

sem título





O computador avariou, e as palavras ficaram retidas na conveniência do acontecimento.
Poucas pessoas me entendem como tu, por isso, nos meus escritos não precisas de tradução metafórica, sentes nas palavras, a estória escrita com a tintas dos dias que juntos percorremos.
Talvez pudesse ter escrito uma carta à mão, tornar-se-ia até mais pessoal. Ficaria o registo, enriquecido pelo grafismo das letras, a tinta, sobre papel e o cheiro próprio que as cartas manuscritas trazem consigo. Teria sido fácil para me leres e ficarias com a certeza de que a demora não fora de zanga, somente um lapso técnico, que estas coisas técnológicas trazem coladas a si. Mas será que valia a pena?
A ausência tem a vantagem de nos tirar do caminho estreito, onde nos sentimos constrangidos em assumir o que não queremos. Assim evitaram-se explicações, nada foi dito, tudo se esvaiu no seu próprio silêncio. Valeria a pena fazê-lo? Não sei, já tinhas decretado o teu silêncio, propositadamente, nessa altura não quiseste saber da explicação possível, tantas poderiam ser as razões para o justificar.
A saudade, essa, continuará a existir. Os sentimentos não se apagam com tinta de correção, ou borracha, nem desaparecem mesmo quando a tecnologia nos surpreende pela negativa.

dc




segunda-feira, 17 de julho de 2017

AUSÊNCIA







Pois bem, somente um pequeno esclarecimento. 
Não morri, nem pretendo morrer por minha iniciativa, não estou de férias, nem tenho problemas de saúde, em especial alzheimer (felizmente), mas houve uma razão, não menor,  para ter deixado de escrever aqui no blog.

As tecnologias, embora importantes para o progresso, por vezes, defraudam as nossas expectativas e deixa-nos desarmados. Ao fim de dois meses, o meu computador regressou do SPA onde esteve recuperação. Entretanto, sem meios para escrever e publicar, tendo dificuldade em fazê-lo em outro processo tecnológico que não seja o computador, fiquei de mãos atadas. Restou ir guardando em papéis alguns apontamentos, para que não perdesse as ideias e o jeito, quando do meu regresso.

Perante este facto, aproveitei o tempo lendo, reflectindo sobre as vantagens e consequências desta paragem, sobre os silêncios, sobre os vazios, e, sobretudo, analisando e aprendendo com os “ruídos” dos outros nas suas diferentes formas de comunicação.

Ainda não sei, se vou começar a escrever com regularidade como anteriormente, ou se vou ficar novamente sem possibilidades de o fazer, pois tenho de voltar ao SPA no processo de recuperação do “bicho” algo falhou.

Hoje, mesmo com dúvidas, decidi escrever, por isso estou “prá qui “ enfrentando o brilho do ecrã novamente, mas os dedos não encontram o caminho, nem fio condutor para um melhor uso das palavras. Este texto de esclarecimento(?), é o resultado, filtrado, entre o que gostaria de dizer e aquilo que está escrito. Tudo num esforço, de apaga e escreve, procurando o conteúdo mais acertado(?). Afinal, parece que há mais uns problemitas...

Obrigado aos que questionaram a minha ausência e sentiram a minha falta, aos outros que nem pensaram no assunto, do mesmo modo os meus melhores cumprimentos.

Até breve

DC


quarta-feira, 26 de abril de 2017

Foi um beijo




O beijo
não se perdeu
se mo deste
foi ganho meu
deste-o
vivo e vermelho
com doçura
com ternura
foi um beijo
de muitos que deste
num ensejo
que ainda perdura

O beijo
não se apaga
ele se transforma
e na memória
se retoma
num ciclo
que não acaba

Beijei
tu beijaste
eu retribui
tu continuaste
assim foi no tempo
expressão de amor
e o beijo
fio condutor.


dc


terça-feira, 25 de abril de 2017

Não hesitamos abraçar Abril



Não hesitamos abraçar Abril
Quando a liberdade chegou
Eramos muitos, muitos mil
Que ninguém mais travou

O caminho estava aberto
Para um Portugal libertado
O capital a ladrar no deserto
E povo caminhando lado a lado

Uma esperança renascida
Fugindo da noite escura
Duma pátria empobrecida
Pelos mandantes da ditadura

Tentaram nos amordaçar
Criando novos medos e violência
Sem conseguiram o povo calar
Que avançava sem cedência

Plantaram-se cravos de ternura
As bases da nova constituição
Dando confiança à nova estrutura
Saida do Povo e sua revolução

Abril trouxe a liberdade
Que nunca mais se perdeu
O povo ainda tem saudade
Desse momento que se viveu

Que se cuidem os seus detractores
O Povo que viveu a revolução não dorme
Não quer o regresso de tais senhores
Nem voltar ao tempo da fome.

Os anos vão passando
E alguns querem o cravo esconder
Mas o povo nas ruas vai mostrando
Que o 25 de Abril é para manter.
  

dc

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Vens..




A pergunta ficou no ar, tantas vezes, que ainda estou para descobrir onde mora teu coração. Do corpo já eu sei, navega entra a labuta do ganha pão, na manutenção da vida e de todos as coisas que não marcam a emoção. Mas o teu coração...será que se perde na imagem, na aparência, escondida debaixo de dois cacos de vidro escuros??... uma vez mais fica a pergunta...”você ainda....” Se tem a resposta...é só marcar o lugar...


dc


domingo, 23 de abril de 2017

Não só silêncio




Não só silêncio

Um inexplicável
Silêncio se instalou
E não só a voz se calou

Foi-se o sorriso
O olho brilhando
A boca mordiscando
As mãos inquietas
As vontades irrequietas
Os momentos instantes
Os cheiros dos amantes
O leito desarrumado

Foi-se a osmose pela pele
No desejo impreciso
No ciúme sem jeito
No exagero de juízo
Na usura das palavras


Silêncio trás a saudade

Nela o avivar da memória
E a dura realidade
De que acabou a nossa estória.

dc