terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Entre sono e cansaço


Ainda brilham as manhãs, que sentada num terraço imaginário, com o olhar no horizonte, misturavas o sabor de um café matinal, com o afago dos sentimentos, atenuando o cansaço. O Sono chegava e nele surgiam os sonhos de intensas carícias e múltiplos amplexos de pleno prazer, que alimentavam a esperança de que o encontro de almas aconteceria.
Tem momentos que paramos no tempo e agarrámo-nos às imagens que os nossos olhos viram, e àquelas que a nossa emoção alimentou, para que nem a distância, nem tempo e espaço, consigam matar o sentimento que nos juntou e vive.

dc



sábado, 25 de janeiro de 2020

É difícil esta batalha contra o tempo



É difícil esta batalha contra o tempo.

É possível que tenhas um outro alguém que aninha nos seus braços o teu corpo. É bem possível que já não tenhas a memória dos cheiros, dos beijos dos abraços. É possível que te ame tanto quanto eu, ou te seja cómodo estar mais perto. No entanto, ainda, não me apercebi se fui colocado na redoma dos trastes que não vale a pena conservar. Se a minha voz e as minhas palavras, já não fazem sentido, na partilha das tuas saudades e memórias. Deste lado, ainda vejo as tuas fotografias, e vou por dentro de cada pormenor que revelam, tentando encontrar as respostas, porque sendo a vida tão curta, porquê apequenarmos tudo o que de bom existiu. Até porque amar é deixar que a felicidade te abrace, que o teu sorriso seja harmonia do teu rosto, que os dias sejam leves como nuvens de algodão. Mesmo que de longe seja somente olhar atento, abraço sem espera.

dc


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Tatuando o céu


Há momentos em que a natureza fala connosco, nos conta segredos do sol, e risca no céu tatuagens que nos transportam para um mundo abstracto fazendo-nos sonhar. As árvores despidas das suas roupagens, a cor quente do céu, enriquecem o espaço entre os nossos olhares e o vazio que o frio de inverno nos traz. São o que precisamos para perceber como enfrentar o que virá. Encontrar na beleza que desfrutamos a certeza de que há futuro à nossa frente. Sempre existe uma primavera a seguir a um inverno todos sabemos, por isso a tristeza, o infortúnio, as dores emocionais, ou físicas são um momento de passagem de hoje, não será eterna, mas um momento de passagem. Como as estações do ano que variando, por vezes naquilo que as define, na verdade, sempre se realizam.

dc

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Há NOITES e noites



Há noites em que tememos o amanhecer que nos despe e tira a intimidade com a sua claridade.

Há noites em que a felicidade é um lugar para chegar, amar e ouvir dizer: demoraste tanto.

Há noites em que se sente a falta daquele beijo de inocentes lábios húmidos, quase de criança, pousados levemente como se fossem a brisa fresca do nascer do dia nos levando ao sonho

Há noites que não se esquecem, ou não são para esquecer. Quando a melodia adentra encantando e alimentando o sonho prazeroso do reencontro dos corpos e as emoções que deles se libertam.

Há noites que deveriam ser eternas, com permanente repetição melhorada no comum dos dias, sem datas marcadas.

Há noites em que as imagens se desvanecem na ausência das sombras, em que os sons são murmúrios e as palavras são insuficientes para as descrever.

Há noites e noites, em que a espera traz o medo de que não volte a acontecer.

É por todas essas noites que ainda se mantém a esperança, de que há sempre um outro lado bom da vida que acontece.
 
DC

 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Uma outra Maria



Maria, vive assim todos os dias, se deita e levanta, com a mesma a certeza da noite e do dia. Tem um trabalho diário intenso, responsável, comum é o horário por turnos, que quase fica com tonturas no momento inicial da adaptação a cada turno que varia. Vive o casamento, pela rotina dos dias e com os desencontros que o horário de trabalho traz, contribuindo para o esgotamento do amor que os uniu. Raro existe outro espaço em que o tempo permite a distracção. Não pensa muito em futuro, o presente já é tão confuso de resolver.
Tudo seria mais fácil se tivesse agora um alguém, que fosse o seu verdadeiro amor, com quem partilhasse, uma espécie de braço suplementar da sua vida. Quando assim acontece, tudo é mais fácil, para suportar as noites e dias incertos e encontrar horas, minutos, ou segundos, para o sorriso espontâneo que surge, para o prazer de estar, ser e existir. Nesses momentos gratificantes, onde os abraços do companheiro, dão conforto, são o carinho e atenção, necessários a uma harmonia, na vivência. Sentir nos seus braços, o acolhimento, o beijo apetecido, a carícia certa. Aquele beijo que sem demora, dura o tempo que se quiser, e deixa surgir mais amor, na manhã que desponta, na tarde que se amorna, ou noite de luar que chega. Esse amor que é o intervalo necessário para que a vida valha a pena ser vivida. Maria é um ser partido, filhos crescidos, e um casamento sem norte, talvez por ter morrido, na rotina de uma vida tirada à sorte.

dc

domingo, 15 de dezembro de 2019

Nem sempre dá certo




Chegou com a mesma leveza de voo com que partiu sem surpresa. 
Ele batera já demasiadas portas, no entender do amor. Ela distraindo-se para apagar dentro de si um amor perdido.

Ele escutando, partilhando sem pressa de seduzir, quem ainda mal conhece. Ela querendo a posse e o domínio, para que tudo aconteça na medida dos seus desejos, naquele seu hábito de quem gosta de mandar, inerente a si própria.

Ambos se estabelecem na distância em objectivos diferenciados. Ambos partem por caminhos “nunca antes navegados”, evitando que o evoluir se descontrole e possam sair magoados.

Uma estória afinal que nem sequer começou, se para um, era fácil parar e tudo ficava como ficou, para o outro, com o amor do passado que nunca abdicou, para o longe se voltou.

Toda a estória tem um enredo, nele, alguns segredos por desvendar. Afinal ficaram sem perceber, ou dar a conhecer, onde cada um queria chegar.

dc

sábado, 7 de dezembro de 2019

FLY


O voo perfeito entre o lazer de um e outro, na ternura da convivência, na modorra do sol de inverno, no deleite da partilha, num olhar que pede a carícia, que não se faz rogada e a torna criança mimada. Um retrato a dois em meditação, entre a agitação dos que circundam na rapidez dos afazeres e a calmaria que se instala, sem um latido, ou voz menos clara, para além da luz que não cria sombras bem definidas, mas define quem são. Deram-lhe um nome, que evoca voos infinitos, de perfeito entendimento e dedicação mútua.

dc