segunda-feira, 27 de maio de 2013

SIMPLICIDADE NÃO É INCONSCIÊNCIA




O vento corria na pele das orelhas, tornando surda a escuta, trazia-lhe a si, a natureza com a sua força bruta. Assim como a ausência da sua voz tornava noite dura, a insónia se fazia permanente, tornando a mente escura

Caminhava na orla do mar tentando penetrar na sua escuridão à procura de razões para tantas dúvidas e emoção, Visualizava todos os passos andados, frases e gritos lançados e as muitas dúvidas e sentimentos amordaçados.
A estrutura ruíra por dentro, tornando frágeis as amarras que a agarravam ao cais onde amarara apegada à esperança, Sendo que, esta seja a última a morrer, torpe engano, que nos leva a uma dor por conhecer.

De tudo concluía: a simplicidade de ser e sentir, de querer, de viver não são compatíveis, com maquilhagens da alma.

“A simplicidade não é inconsciência, a simplicidade não é estupidez. Um homem simples não é um homem tonto. A simplicidade constitui antes o antídoto da reflexão e da inteligência, porque as impede de se agigantarem.”


Filosofo Comte- Sponville

domingo, 26 de maio de 2013

SEM MARCAS DO TEMPO





Ele tivera de se deslocar aquela cidade e aproveitara uma pausa, para lhe telefonar e saber da sua disponibilidade para tomarem um café.

Ela chegara no seu carro, ao abrir a porta, depois de estacionado, encarou logo com ele, Encontravam-se depois de muito tempo sem se verem, e sem se contactarem. Ele trazia no rosto as marcas do tempo e denotava cansaço. Mais magro, do que da última vez que ela o vira, parecia mais alto, seus olhos com um brilho estranho pareciam esconder-se no rosto, que o cabelo grisalho e a tez morena realçavam. Ela tinha mudado muito pouco. Os olhos continuavam vivos, expressivos e um pouco irónicos, o seu rosto não tinha as marcas do tempo, fisicamente, mantinha a mesma elegância e elasticidade de outrora, O seu sorriso aberto, na sua boca cheia e bem desenhada, continuava a ser sedutor.

Abraçaram-se de uma forma aconchegante e beijaram-se nas faces, afastaram-se um pouco, e ainda com os braços suspensos um no outro, voltaram a abraçar-se com mais força como quisessem esquecer o tempo que estiveram sem se ver.

Ele tomara um café e ela, como sempre fazia, um chá sem açúcar, segurando a chávena na concha formada pelas duas mãos como se estivesse com frio. As mãos dela bem desenhadas eram bonitas e grandes como a sua estatura pronunciava. Depois, como nesses outros tempos, deram as mãos, que de vez em quando se acariciavam, enquanto os olhos se encontravam, e assim ficaram durante largos minutos conversando, sobre as vidas de cada um no presente, dos trabalhos produzidos, e relembrando estórias, amigos, momentos bonitos das suas existências nos passado.

O que os unira no passado, estranhamente, não desaparecera, tinha cada um seguido o seu caminho e vidas próprias, no entanto, ali naquele momento, tudo se passava como se tivessem estado juntos na véspera, sem estranheza ou constrangimento, como se o tempo tivesse parado, como se nada existisse para além de si próprios.

O tempo parecia ter voado, e de repente, cada um tinha de seguir para o seu destino, Seguiu-se a despedida com novo abraço e beijos nas faces, Os sorrisos nos seus rostos reflectiam prazer e felicidade, parecia que lhes tinham insuflado nova vida, ou se calhar um pouco mais daquele não sei o quê que os unia sempre que se reencontravam.

Ainda hoje, não percebe que espécie de sentimento, ou química, os envolve, o que sabe de certeza absoluta e segura, é que cada momento juntos, é deliciosamente bonito, sem mácula e de um prazer insuperável.


sábado, 25 de maio de 2013

NÓS VIVEMOS ENTRE SONHOS...


Nós vivemos entre sonhos sonhos que morrem e nascem. Que intervalo é chamado de esperança, e não é verdade que é a última a morrer, morrem todos os dias com uma lágrima e levantando todos os dias com um sorriso. O que nos mantém vivos são os sonhos que podemos ter percebido, mas a capacidade de continuar a sonhar.
Giuseppe Donadei
Reconciliou-se com a noite. Dormira largamente, os restos de sonho que ainda restavam esfumaram-se com a luz do dia, que entrava pelas frestas da persiana

Abriu a janela e deixou o sol entrar, sentou-se e esperou que ele lhe fosse aquecendo a pele e limpando as impurezas da alma.

A paz voltara a existir, estava bem consigo próprio, o seu grito de revolta, libertara-o da carga que há largo tempo o perturbava, e tomar a consciência de que nada mais podia fazer ou dar.

Há muito tempo desenhara a linha limite. Não se pode obter ao mesmo tempo “chuva no nabal e sol na eira”. Dizer presente não tem hora boa, ou má, é uma forma de dar, de estar lá quando precisam de nós, é socializar, viver, partilhar, é uma forma humana séria de estar consigo próprio e com a vida. Assim fizera, por isso estava contente por se sentir humano e liberto, por ter a consciência do que fizera e do muito que ainda há para fazer.

Na sociedade há muito “sem abrigo”, que não espera propriamente um lugar para dormir ou comida, mas um abraço de gente, que o acolhe ouvindo, partilhando, acalentando e acima de tudo o fazem sentir-se o humano.

Há muito onde lutar pelas causas que ao ser humano interessam.

"O que nos mantém vivos são os sonhos que podemos ter percebido, mas a capacidade de continuar a sonhar."

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A MÚSICA QUE ME REVELA


Delicio-me ouvindo a sua guitarra, vai me tirando a tristeza de dentro.

Ouço, Se vai esvaindo a dor, ficando uma serena calma desenhando os contornos desse acreditar, de que por muito mau que seja o momento, haverá sempre uma flor, uma pintura, uma alma, uma música que nos faça amar a vida.

A música vai entrando com o dedilhar dos seus dedos arrancando sons únicos, como único é o momento da escuta, A abstracção das notas se torna tão chão, tão vida de algo que existe, mas não sabemos explicar.
Longe vão os pensamentos percorrendo a distância, como se flutuassem em nuvens, que rapidamente vogam no espaço chegando com a mensagem.

De repente perco-me e abstraindo-me de tudo, Passo para um outro lado do qual não tenho pressa de regressar e que nunca soubera que existia.


Quando a música pára, acordo como no meio de um sonho do qual não queremos sair nunca. Regressa a realidade, sem que deixe de sentir a leveza do caminho que percorri, e de acreditar que há coisas que vale a pena lutar e viver, mesmo quando sabemos que não duram sempre.

DC

SOBRE O AMOR

Vi esta imagem e este texto no facebook e não resisti a publicá-la no meu blog juntamente com um texto do Walter Riso, que me  parecem ter ligação.
"Eu estava no shopping hoje e isso me chamou a atenção... Vi um casal de idosos, cheguei mais perto deles e tirei uma foto... Ele foi comprar o almoço dela e cortou tudo aquilo que a dentadura já não o faz, a serviu pausadamente, com toda calma do mundo, pra só depois começar o seu almoço... São pequenos gestos que mostram o que realmente faz sentido na vida de alguém."
Será que os tanquinhos e corpos perfeitos que alguns buscam tem essa entrega e doação?
Escolha ter ao seu lado, alguém que vc curta a companhia e goste de conversar, pois um dia as rugas chegam, a pele envelhece, a idade chega e o que restará serão a história e amor construídos.

Bruno Gramacho

O “sentimento de amor” É a variável mais importante da equação interpessoal amorosa, mas não é a única. Uma boa relação a dois deve também ter por base o respeito, a comunicação sincera, o desejo, os gostos, a religião, a ideologia, o humor a sensibilidade e centenas de outros ingredientes necessários à sobrevivência afectiva

Walter Riso

quinta-feira, 23 de maio de 2013

GAROTO FALANDO Sobre a VIDA e o Universo.



Como criança que é, ninguém lhe estabelece rótulos políticos ou religiosos, fala daquilo que por si só deduziu, possivelmente através de suas leituras.
Não sei se é por ser criança, ou porque o consideram sobredotado, de qualquer modo é positivo que o deixem falar e dêem valor e relevo ao que ele diz. Poder-se-á, talvez abusivamente, concluir, que afinal é preciso ser uma criança a falar, sobre algo há muito debatido por especialistas, para que as pessoas tomem atenção, a um tema que deveria ser de debate e interpretação corrente? Fica aqui a minha dúvida.

O SOL, dá VIDA






O sol está brilhante, contrastando tudo o que debaixo de si se ilumina, enriquecendo a cor e a forma dos objectos. O seu calor entra dentro de nós irrigando até aos ossos todo o nosso corpo trás-nos a força necessária para limpar os resquícios do inverno e prepara-nos para os novos dias que virão. Assim se vão cumprindo os nossos ciclos de vida. Uns dias inverno, outros de inferno, e muitos outros de alegria e sorriso nos lábios, estes últimos são os mais importantes. Como se costuma dizer um pouco de felicidade de vez em quando, afasta da vida, e de nós, pranto.

Tenham um bom dia, e deixem que o sol vos aqueça os corações, por vezes só ele nos dá esse prazer e há que aproveitar.