quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Maravilhosa natureza



Caminhei largas horas, no meio do arvoredo, sentindo a terra fofa debaixo dos pés, Um autêntico tapete de folhas terra e areia.

Os galhos despidos, quase fantasmas, quase corpos sem roupagens, lembravam-me, tão nu quanto eles. Como braços esqueléticos desorganizados, pareciam reclamar o próximo renascer da Primavera. Enquanto olhava, pensava e reparava na sua capacidade constante de renascerem, Mais atentamente, olhava aquela árvore que possuía uma espécie de sóis, possivelmente carregados de sementes, para que a sua espécie sobrevivesse. Observava, mas tudo isto, como que hipnotizado. Como se explicava, aquela calma que ia entrando em mim, com o meu pensamento caminhando sempre para tão longe?
Eu procurava o sentido do mar, para mergulhar meus olhos no seu horizonte infinito, e deixar que as lágrimas com ele se confundissem. Queria mitigar a dor, que me oprimia, mas perdera-me no circulo enorme que fizera. Acabara por conseguir encontrar um pouco de mim que estava perdido algures há muito tempo, distraíra-me tentando agarrá-lo, para que também não me deixasse. Nesse angústia de fugir de mim, mais uma vez a natureza me fizera regressar ao local de partida, com o aroma dos pinheiros e o cheiro do mar como bússola.

Já não te encontrei na minha praia, partiras como outras tantas vezes, agarrada aos teus silêncios, e com a palavra saudade como reserva.

Maravilhosa natureza, que nos escreve imagens e momentos únicos. Nela encontramos alegria de estar, de viver e paz dentro de nós,
nela muitas vezes reencontramos a seiva necessária para retomar novos rum
os.

DC

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

E sabia que me perdia.



Ainda tenho nos dedos,
O caminho na pele do teu corpo,
Tantas vezes percorrido para te afastar os medos,
Outras tantas para te dar conforto.

E sabia que me perdia.

Perdia-me em ti, sem me conter
Numa busca deliciosa,
E assim cada dia me perdia sem saber,
Nem perceber, a tua alma silenciosa.

Os dias se perdiam nesse viver.t

E de tanto me perder deixei de te encontrar
Fiquei só, no meu abraçar, beijar, possuir,
Sem que tua boca soltasse, o que precisava ouvir.

Restei todo o tempo falando na lonjura,

Recebendo o eco de meus desejos e vontades.
Se perdido estava, perdido fiquei,
E ainda hoje penso, se por amor falhei.

DC

domingo, 12 de janeiro de 2014

O tempo que passa não regressa



Quantas vezes perdemos o tempo
Quantas vezes deixamos passar o momento
Quantas vezes o dia passa e a palavra não chega
Quantas vezes o amor se adia pela indecisão
Quantas vezes se afasta quem nos aconchega
Quantas vezes partindo o próprio coração
Quantas vezes acabamos por nos arrepender
E quantas vezes sonhamos e vivemos uma ilusão.


Amar não é ganhar ou perder, é viver,
É adivinhar antes de acontecer
Como uma voz que fala dentro de nós...
Falando pelos dois com uma só voz.


O tempo que passa não regressa
E a felicidade quando se vive não tem pressa.


DC

sábado, 11 de janeiro de 2014

Tantas vezes...



.... perdido no meio da noite, emaranhava pelas paredes, olhava os livros, tentava pensar, olhando repetidamente, e não via, olhava procurando no que me rodeada a explicação para o que dentro me consumia. Olhava e temia encontrar a resposta que não queria....na realidade o que se passava... se contigo bem cedo acordava, como se dentro de teu corpo existisse, um transmissor de sinais que me avisava... enquanto saías na tua rotina eu esperava ansiosamente o teu regresso e adormecia... o mesmo sonho se repetia...entravas pé ante pé, libertando-te..das roupas entravas na cama, e o teu corpo frio se colocava sobre o meu, aconchegando teu peito no calor do meu...tua boca me procurava e entrelaçando as mãos te movias deslizando suavemente procurando o ritmo certo, até que acontecesse.... e eu, sempre acordava na fome de te ter.
Um sonho repetido, como as folhas caídas da árvore desprendendo-se no Outono, assim me ia consumindo, magoando...sonhar sempre era possível a realidade era a distância carregada de silêncios.

DC


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A SOMBRA




A sombra é o que me resta, nada sei de mim, sem abrigo na cidade das emoções, deambulo pelas ruas, procurando os traços de vida que outrora caminhavam inscritos na minha pele. Como tantos outros, não tenho pressa em regressar ao que já fui, tudo o que lá ficou ainda magoa. Deixo antes que o hoje seja suficiente e me absorva, Empurro para fora da memória todo o ontem e não deixo que o futuro me incomode.

DC
 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O "CACHORRO PRETO"


O tema exige de nós uma preocupação suplementar, daí a razão de fazer questão de o publicar, saindo um pouco da escrita habitual.

Quantos de nós temos o "cachorro preto" mordendo as canelas, sem nos apercebermos? Quantas vezes os nossos amigos, ou familiares nos alertam para alguns comportamentos e continuamos surdos, e não procuramos ajuda profissional especializada, preocupados com o que os juízos que os outros possam fazer de nós?


Sabemos que a sociedade actual, ajuda, e muito a que o “cachorro preto”, quase coabite connosco, Em especial em momentos de crise, como a que agora vivemos, em que os problemas de saúde, sociais e económicos em especial, são motivos para depressão.

Este documentário, é bem esclarecedor e dá um grande contributo para se esclarecer de algum modo e ajudar combater o “cachorro preto” que é a depressão.

DC
"Portugal é o país da Europa com maior taxa de depressão e o segundo maior do mundo, mas estima-se que um terço das pessoas com perturbações mentais graves não esteja tratada."
Extraído de uma artigo publicado no Jornal o Sol, de 30 de Setembro, 2011- em anexo link
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=29802

sábado, 4 de janeiro de 2014

POR VEZES...




POR vezes sem resposta nem pensamento explícito.
Vejo e revejo, todos os instantes todos os registos
QUE em memória, imagem, ou escrito, falam do espírito
de ti, como se ontem ainda aqui estivesses
TE fazendo presença em corpo, carne e osso, tão viva
tão nítida, que me deixa perdido fazendo-me teu
AMO, acorrentado à grilheta da tua vida.

DC