terça-feira, 22 de julho de 2014

Um fim de tarde à beira mar



A cor, a luz, a textura o ruído, tudo se conjuga para que sinta o mar, mais mar do que nunca, Tenho pena de não te sentir tão perto do meu peito, com a mesma ondulação de sedução. Sentir o teu beijo suave, fresco e carregado de prazer, como quando esse mar me varre os pés. O areal imenso, quase deserto no fim de tarde, só tem o marulhar do mar, os gritos agudos das gaivotas no seu voar, e eu, ali sentado tudo observando até ao infinito horizonte, só, sem me concentrar em nada e perdendo-me de tudo. As mãos, mecanicamente se enterram e desenterram na areia, como se procurassem encontrar o que o subconsciente deseja. E o sol vai-se prestando a deixar-me só, fugindo lá longe na linha do mar como se quisesse esconder-se, num esconde-esconde de emoções. Não tarda, sentirei a brisa fresca a chegar, tudo isto que agora sinto, serão letras e palavras numa folha virtual, onde as emoções ficarão sempre aquém da realidade, Acima de tudo, não estarás presente, Restará somente o sonho do que foi. Um fim de tarde à beira mar.

DC

segunda-feira, 21 de julho de 2014

NO CORRER DOS DIAS



O tempo tem decorrido sem palavras escritas, nem falas, ou pensamentos abstractos, tudo se vai desenrolando na serenidade do verão, de calores incertos, tudo permanecendo nos mesmos lugares. A única diferença é o cheiro no ar dos constantes churrascos da vizinhança, que não podendo ir mais longe na descoberta de outras paragens ( a crise é muita) fica-se pela praia junto à cidade e pelos almoços, ou lanches ajantarados no terraço da casa. Não é mau de todo, a cidade tem menos carros, nos arredores, tirando as festas, que nesta época do ano existem, para emigrante gastar, permite um tempo de leituras serenas, ou momentos de silêncio vazio de argumentos mentais, ou escutas da alma indevidas. Caminhar é um prazer e o cheiro dos eucaliptos no parque enchem os pulmões preparando o corpo para as necessidades do outono e do inverno. Entretanto as imagens mais variadas e estranhas se vão colando no registo digital... para memórias futuras.

DC

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Uma PARAGEM Na EStação dO TEMPO



Antes que a noite me levasse deixei-me levar pelas palavras e fui construindo através delas raciocínios.
No avizinhar do sono, sinto-me entrar numa espécie de letargia, ao mesmo tempo que um monologo interior se desenvolve fazendo o balanço do dia. E enquanto o processo ocorre, várias interferências se vão processando trazendo-me avaliações do passado, para o meio do presente. A determinada altura, não sei se o monologo diz respeito ao resumo do dia, ou se já passou para a dimensão do sonho, Talvez por isso, abro os olhos assarapantado procurando reconhecer o lugar onde me encontro. Por vezes, dou por mim sentando no sofá da sala, com o televisor ligado, outras deitado sobre a cama ainda fechada. Quando assim acontece fico silencioso, sorumbático, pensando se a realidade está acontecendo efectivamente, ou se me perdi algures num espaço de tempo sem dimensão. Coisa confusa esta, que por vezes determinado cansaço nos faz viver. Não sei se algum de vós já aconteceu, mas que é estranho é. É uma paragem na estação do tempo.

DC

sábado, 28 de junho de 2014

O Tempo voa



O tempo voa e cada vez mais sentimos a necessidade do contacto com a realidade e de ganharmos distância da visão virtual do mundo.

A natureza e todo o mundo real que nos envolve nos trás um maior apelo nestes tempos de calor, a ser usufruído e apreciado. O mar reflectindo o azul do céu, a temperatura agradável com brisas leves, o pôr do sol todos os dias diferente, os sorrisos brilhantes e prazenteiros dos que connosco se cruzam, tudo motivos agradáveis para fugir do tradicional tempo frente ao monitor do computador. Há mais mundo para além do “quadrado computorizado”, Fotografar apanhando momentos, passear pelas ruas e jardins, conviver, visitar lugares. Visitar a própria cidade onde por vezes nos sentimos quase como turistas, a cada espaço modificado, ou desaparecido, que fazia parte das nossas memórias. Os velhos edifícios agora recuperados, as ruas renovadas, as esplanadas – em alguns casos, um exagero – tudo isso nos trás espantos e vida.

Quando confrontados com algumas dificuldades, como a perda do telemóvel, o computador avariado, ou a Tv sem sinal é que nos apercebemos do quanto estamos dependentes das novas tecnologias, mas muito mais nos espantamos quando saímos à rua e deliberadamente deixamos tudo isso para trás e temos a percepção da vida real.

Diz a canção: Vem viver a vida amor / Que o tempo que passou / Não volta não”

domingo, 15 de junho de 2014

Não saber gerir o tempo,.....




... agarrando o instante que se lhe depara, é perder um pedaço de vida que não se recupera e a vida não pára.

No nosso egoísmo “tecnológico” esquecemo-nos daqueles que em nós habitam, e dos que connosco partilham, Agarramo-nos à tela do computador, enquanto atiramos ao ar palavras de conversa, desconexa, com os que permanecem sentados ao nosso lado.


Na verdade esse mundo virtual acaba por nos encerrar num mundo vasto silenciosamente consciencializado, Fecham-nos no casulo das quatro paredes da nossa casa, quase tememos deixar de comunicar com esse mundo silencioso e perdemos perspectiva do “lá fora”, a vida real e seu tempo. Vida real aquela, que nos trás e faz seres viventes, humanos, participativos interagindo, e que já nada sabemos nem temos a coragem para a viver e afrontar.


O mundo fora do rectângulo electrónico quase deixa de existir. No mundo virtual, se a resposta não nos agrada procuramos outra, e outra, e mais outra. É verdade que “vemos” o que se passa em muitos lugares do mundo real, As lutas sociais, políticas, económicas, culturais, as várias expressões artísticas, as tendências da moda, as paisagens de outros países, os concertos musicais, as notícias, mas tudo isto, numa realidade que outros captaram, chegando-nos deformada e formatada. Entretanto, Não participamos nas lutas que são nossas, perdemo-nos do vento que desliza na face, dos diferentes cheiros que circulam pelos ares, da luminosidade do sol, da emoção das cores e dos silêncios perdidos no seio da natureza, Não sentimos a suavidade da seda ou aspereza da rocha nem percepcionamos a verdadeira dimensão dos diferentes objectos e sua realidade. Perdemos o gozo de folhear um livro, seu cheiro, sua textura, o prazer de o sublinhar, o roçar das folhas, a comodidade de o arrastarmos connosco, para todos os lugares.
 
Assusta pensar como as nossas crianças já se perdem nesse mundo e ficam sem imaginação para construir os seus próprios brinquedos, ou até trabalhar a mente de forma abstracta para simular um voo de avião com uma simples esferográfica. Algumas delas, como nós adultos, prendem-se no mundo dos jogos, onde se perdem, e onde podem sempre voltar atrás sempre que não lhe agrade o desfecho.

Quanto mais tempo nos agarramos ao mundo virtual de foram aleatória , menos referências possuímos, e assim é a própria realidade que passa a ser uma linguagem abstracta, que pensamos, não existindo fora do universo que mentalmente fomos construindo.

DC

            “A minha mensagem é simples: mais do que uma geração tecnicamente capaz, nós necessitamos de uma geração capaz de questionar a técnica. Uma juventude capaz de repensar o pais e o mundo. Mais do que gente preparada para dar respostas necessitamos de capacidade de fazer perguntas.”

Mia Couto,
"E se Obama fosse africano? E outras inter”i”nvenções". Ed. Caminho




quinta-feira, 12 de junho de 2014

COMI hoje uma SANDES de OXIGÈNIO



Comi hoje uma sandes de oxigénio.
Aproveitei o sol e calor sorvendo com intensidade o ar, para que me secassem as humidades do inverno. Deixem a pele ao ar para respirasse e absorvesse o abençoado oxigénio. Por fim como estamos em crise aproveitei a situação e abri um pão ( carcassa, molete, como quiserem) e deixei-o ao ar um pouquinho para que se recheasse de oxigénio, não muito tempo, para não ficar seco, e comi-o deliciado. Como dizem o comum dos mortais “ mais vale isso de que nada”, desde que o pão seja fresco....

A continuar assim, transformar-me-ei em torrão e um dia destes estarei a adubar os bichinhos com uma dose de oxigénio de primeira qualidade.

DC

terça-feira, 10 de junho de 2014

Somos Paz Somos Bomba

 


Somos cólera somos riso
Somos fúria somos gente concreta
Somos gente com juízo
Não gente que vegeta.
Somos luz somos sombra
Somos sol somos cometa
Temos a vitória como certa.
Somos calmos somos sérios
Somos gente sem mistérios
Povo é nossa origem
Nosso rosto tem fuligem.
Somos mão de obra de estaleiro
Somos pátria somos povo primeiro
Não gostamos que nos roubem
Esses homens do “poleiro”.

Somos paz somos bomba
Somos flor somos pomba
Metamorfose cumprida

Somos povo primeiro
.

DC