Levantou-se e sentiu uma estranha serenidade dentro de si. A decisão estava tomada nada o importava a partir de agora, tudo chegaria a bom termo. As patifarias do governo já não o incomodariam, nem as preocupações emocionais que tanto o sensibilizaram ao longo da existência.
Saiu de casa foi tomar o seu café, e deixou-se ficar a ler. O que lia já não fazia sentido não se preocupava de saber, ou fixar sobre os seu conteúdo como outrora, isso deixara de ter relevante, as últimas noticias tinham sido elucidativas. Hoje tudo se resolveria, nada tinha importância.
Chegou a casa com a regueifa que comprara, tirou um pedaço encheu-o de manteiga como gostava e com outro condimento escolhido. Sentou-se no velho sofá na sala recheada de livros, e foi mastigando lentamente enquanto agarrava com os olhos as lombadas dos livros que o rodeavam. Alguns tinha lido duas e mais vezes, cada vez era mais difícil lembrar-se dos seus conteúdos, lia esquecia-se nada havia a fazer, a tendência seria agravar. Ser um peso para os outros era coisa que não lhe agradava de todo.
Um sono estranho se foi arrastando para dentro de si, parara de mastigar e a mão pendia ao longo do corpo, tudo estava ficando mais leve...mais livre, o tempo deixara de contar...
DC
domingo, 27 de julho de 2014
Se esmorecem as razões
Etiquetas:
Escultura: Urs Fischer
sexta-feira, 25 de julho de 2014
UM "TAG" DE AMOR
Olhando as cores, a beleza expressiva e rugosidade das paredes, via quão belo seria, dar textura à vida.
A parede falava, expressava sem usar a palavra, despertava o sentimento que na verdade se escondia.
Como gostaria de escrever poemas na realidade do teu corpo, de te abraçar com a alegria dos pássaros e fazer um graffiti na maciez da tua pele, que tivesse o meu "tag" de amor.
Sim, sem demoras indo mais longe, sempre mais longe, procurando folhear teus sentidos na delonga e permissiva eternidade do prazer, misturando as tintas das emoções e recriando em cores diversas, imagens carregadas de metáforas, soletradas a cada beijo, no painel de parede das nossas vidas.
Sim, hoje estava pensado pintar e levar pelos dias a concretização desse desenho colorido, no entanto tudo se esmoreceu, quando o silêncio marcou sem data a viagem à volta do sonho.
DC
nota:Uma tag, ou em português etiqueta, é uma palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação (ex: uma imagem, um artigo, um vídeo) que o descreve e permite uma classificação da informação baseada em palavras-chave.Wikipédia
Etiquetas:
Foto. Diamantino Carvalho
quinta-feira, 24 de julho de 2014
MARGARIDAS E A PALESTINA
As margaridas preenchem os campos de forma desordenada, ou locais na berma da estrada. Fazem parar os enamorados, na gentileza, do mimo à sua amada, recolhendo duas três, para lhes oferecer por sua vez. São flores encantatórias que trazem leveza à alma e um sorriso aos lábios, têm perfume descuidado, mas ricas de “natureza”.
Prendem a atenção das crianças, motivando corridas alegres pelos campos para as alcançarem, e, com quase devoção, as apanharem para oferecer, à mamã, à vovó, ou simplesmente para amiguinha das suas lides lúdicas.Encanta-me a sua universalidade, o seu “malmequer”/“bem-me-quer” na paródia de namorados e amantes, a sua simetria e composição, a simplicidade da sua morfologia, quase sol, com as suas cores ricas de emoção, O amarelo bem ao centro e seus raios de pétalas brancas.
Muitos nomes designam as diferentes variedades, mas para muitos de nós, simplesmente Margarida.
O que têm as margaridas a ver com a Palestina?
Tudo! Até para servirem de pretexto para alertar o povo, para uma guerra injusta, e para que pressionem as forças opressoras a pôr fim a um massacre de inocentes e o fim da usurpação da pátria Palestiniana.
Que se transformem as balas em margaridas, que todos possam colher, elas como os palestinianos, não têm culpa de nada. Elas são um símbolo de paz. e de que o sol nasce para todos. Elas são tão inocentes, como as crianças palestinianas que nasceu sobre o domínio israelita, e que gostariam de as colher sem correrem o risco de morte. Palestinianos que gostariam de partilhar os campos de margaridas da sua pátria com a pátria dos judeus. Tal como em Auschwitz, certamente as crianças judias não queriam ser gaseadas e teriam preferido colher margaridas, também o povo da Palestina, preferiria colher e partilhar a beleza das margaridas.
DC
Etiquetas:
Foto. Diamantino Carvalho
quarta-feira, 23 de julho de 2014
“Solte-se o beijo!"
“Solte-se o beijo”!
Enquanto escutava, o desejo urgia dentro de mim
que ele me caísse nos lábios, assim
como um buquê de noiva lançado no espaço,
atravessando o ar me surpreendesse
com a certeza da escolha.
Solte-se o beijo
Que seja quando e como se quiser,
sem receio, sem passos cuidadosos,
sem dúvidas, ou medo do que vier,
seja longo no tempo,
ou só por instantes,
seja doce, ou molhado,
forte ou suave, não interessa,
mas que exista e seja beijo,
acima de tudo beijo.
Solte-se o beijo
Para além dos lábios, dos cabelos,
ou desvelos,
seja fogo, seja fruto vermelho,
seja barco sem amarras,
navegando no mar do teu corpo,
contra ventos e marés,
sem parança da cabeça aos pés.
Solte-se o beijo
Na partida, ou na chegada,
fraterno, de paixão, ou de amor
Beijo despedida, de noite mal começada,
ou do nascer da madrugada,
Beijo de dor, beijo alegria,
beijo sem tempo, beijo de todo o dia.
Beijo, é beijo!
É o ponto de partida, para tudo e nada,
da boca saindo sem limites, ou hora marcada.
DC
Etiquetas:
Foto.Internet
terça-feira, 22 de julho de 2014
Um fim de tarde à beira mar
A cor, a luz, a textura o ruído, tudo se conjuga para que sinta o mar, mais mar do que nunca, Tenho pena de não te sentir tão perto do meu peito, com a mesma ondulação de sedução. Sentir o teu beijo suave, fresco e carregado de prazer, como quando esse mar me varre os pés. O areal imenso, quase deserto no fim de tarde, só tem o marulhar do mar, os gritos agudos das gaivotas no seu voar, e eu, ali sentado tudo observando até ao infinito horizonte, só, sem me concentrar em nada e perdendo-me de tudo. As mãos, mecanicamente se enterram e desenterram na areia, como se procurassem encontrar o que o subconsciente deseja. E o sol vai-se prestando a deixar-me só, fugindo lá longe na linha do mar como se quisesse esconder-se, num esconde-esconde de emoções. Não tarda, sentirei a brisa fresca a chegar, tudo isto que agora sinto, serão letras e palavras numa folha virtual, onde as emoções ficarão sempre aquém da realidade, Acima de tudo, não estarás presente, Restará somente o sonho do que foi. Um fim de tarde à beira mar.
DC
Etiquetas:
Foto. Diamantino Carvalho
segunda-feira, 21 de julho de 2014
NO CORRER DOS DIAS
O tempo tem decorrido sem palavras escritas, nem falas, ou pensamentos abstractos, tudo se vai desenrolando na serenidade do verão, de calores incertos, tudo permanecendo nos mesmos lugares. A única diferença é o cheiro no ar dos constantes churrascos da vizinhança, que não podendo ir mais longe na descoberta de outras paragens ( a crise é muita) fica-se pela praia junto à cidade e pelos almoços, ou lanches ajantarados no terraço da casa. Não é mau de todo, a cidade tem menos carros, nos arredores, tirando as festas, que nesta época do ano existem, para emigrante gastar, permite um tempo de leituras serenas, ou momentos de silêncio vazio de argumentos mentais, ou escutas da alma indevidas. Caminhar é um prazer e o cheiro dos eucaliptos no parque enchem os pulmões preparando o corpo para as necessidades do outono e do inverno. Entretanto as imagens mais variadas e estranhas se vão colando no registo digital... para memórias futuras.
DC
Etiquetas:
Foto:Diamantino Carvalho
segunda-feira, 30 de junho de 2014
Uma PARAGEM Na EStação dO TEMPO
Antes que a noite me levasse deixei-me levar pelas palavras e fui construindo através delas raciocínios.
No avizinhar do sono, sinto-me entrar numa espécie de letargia, ao mesmo tempo que um monologo interior se desenvolve fazendo o balanço do dia. E enquanto o processo ocorre, várias interferências se vão processando trazendo-me avaliações do passado, para o meio do presente. A determinada altura, não sei se o monologo diz respeito ao resumo do dia, ou se já passou para a dimensão do sonho, Talvez por isso, abro os olhos assarapantado procurando reconhecer o lugar onde me encontro. Por vezes, dou por mim sentando no sofá da sala, com o televisor ligado, outras deitado sobre a cama ainda fechada. Quando assim acontece fico silencioso, sorumbático, pensando se a realidade está acontecendo efectivamente, ou se me perdi algures num espaço de tempo sem dimensão. Coisa confusa esta, que por vezes determinado cansaço nos faz viver. Não sei se algum de vós já aconteceu, mas que é estranho é. É uma paragem na estação do tempo.
DC
Etiquetas:
Foto. Diamantino Carvalho
Subscrever:
Mensagens (Atom)