terça-feira, 13 de setembro de 2016

O "click"





Pode não ser a Barbie
Pode não ser o Ken
Nem ter cultura de biblioteca
Importante é que seja alguém
Que se ajuste na medida certa.

e...

Se o beijo vibrar
Se a pele esquentar
Se o cheiro te agradar
É melhor avançar
Aproveitar o momento
Nestas coisas do amor
Há que aproveitar o tempo


dc

sábado, 10 de setembro de 2016

O Tempo da Queda





As pálpebras preguiçosas fazem-no semicerrar os olhos, observando tudo como um filme em câmara lenta. O sol apossou-se do alcatrão atraindo os lagartos, que se expõem seguros nas quatro patas e cabeça levantada farejando o ar. O calor tórrido e a luz recortam os edifícios no espaço reforçando os seus volumes e características, com sombras marcantes e generosas...um dia de verão de sol e calor abundante. Não lhe apetece despertar da modorra que em si se instalou. Quer ficar eternamente assim, insensível a tudo, menos aquela luz que marca todos os objectos que o rodeiam. Quer que tudo se fixe neste momento, como se nada mais existisse, só ele e as circunstâncias onde se encontra. Não quer saber de mais nada, não ter mais nada. Tombado na beira do caminho, cara colada no alcatrão se pergunta, “que me aconteceu.. há quanto tempo estou aqui?”. O tempo da queda nunca é devidamente dimensionado, quase sempre inesperada, nunca estamos preparamos para ela.
Difícil é voltar a levantar.

dc



quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Dia cinzento





Nasce cinzento o dia, refresca-se o ar afastando rapidamente o calor excessivo da véspera, agora tudo mais normal, mais aproximado do clima da época. O problema é que às vezes acontece o dia nascer cinzento, mas muito menos cinzento de que o que nos vai por dentro. Se o calor já lá vai, nada mais resta que encarar a realidade dos factos.
Como tudo na vida, um dia as palavras têm o sabor doce do mel e o perfume das flores e no dia seguinte tornam-se amargas e avinagradas, Umas vezes por influência das variações do tempo, outras porque dentro de nós se vão partindo em pequenos bocados, que nos deixam mais observadores do seu conteúdo, do modo como são utilizadas e muito mais, do modo como são ou serão interpretadas. Está na natureza das pessoas o que as palavras querem dizer, na entoação o sentimento que delas pretendem e entendem fazer, surgindo assim como um retrato de si próprios, que mais se revela nos momentos difíceis. Nada se esconde, ainda que usemos um verniz de grande qualidade ele estalará do mesmo modo. Amar o próximo, ser Madre Teresa, não é saudável, até porque a Teresa segundo parece não era flor que se cheire, e era tudo aparência. Tudo isto afinal porque o dia nasceu cinzento, por dentro e por fora.

dc

sábado, 3 de setembro de 2016

...que a dor se espalhe no pó




Anda a dor, passeando entre o coração e o cérebro, na procura de minimizar os estragos, tentando passar uma esponja na causa, no rio das lágrimas, assumir compreensão, entender a tolerância, enfim viver. Que razão nos leva a magoar quem nos “gosta”, quem em nos é presente, divide e aconchega? Para quê esperar a partida, para sentir que afinal queremos ficar... estranho amor.
É ácido o sabor amargo da perda que se nos cola como uma segunda pele, fechando-nos por dentro, com portas reforçadas de indiferença. Queremos que a dor se espalhe no pó, seja absorvida pelo ar, seja levada pelo vento, diluída em partículas que não magoem na passagem...Como um descarnar de emoções, um ficar limpo, necessário a novas partidas e encontros. É um querer renascer, mesmo que os anos estejam marcados no rosto e no calendário que inexoravelmente nos vai dizendo, que o fim cada dia está mais próximo, mas que cada dia vivido com intensidade, terá a duração dos tempos que os sonhos desenham.


dc

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

No a'mar me encontro




Olhava o mar no seu imenso azul, seu pensamento voava sobre as águas. Ali estava no limite sobranceiro entre o a’mar e a cidade. O mar, esse sempre a esperava, e ela sempre o encontrava, não igual, todos os dias com as marés se alterava, mas tinha aquela cor, aquele cheiro, aquela presença que sempre a acalmava e a deixava conversar, sem nunca interromper seu falar. O mar, aquele seu mar que sempre a ouvia sem a limitar, que as suas lágrimas colhia, o seu sorriso, a sua angustia, a sua alegria, ele era companheiro do dia à dia que quando ela precisava dele nunca se escondia, fiel na esperança que alimentava e quanta força lhe dava.
Olhou as flores, que naquele lugar habitavam, e pensou que também elas do seu mar gostavam, estavam ali presentes preenchendo aquele espaço, como se quisessem abrilhantar quem dali o observasse.
Retirou-se decidida, pronta a escrever um destino e a encontrar de novo o caminho, Força e vontade não lhe faltavam, agora, só tinha de esperar a melhor altura para viajar, não no mundo dos sonhos, mas e sim, para uma nova realidade.



dc