Como celebrar depois de tanta ausência,
tanto vazio, nesse desaparecimento total, sem volta, se não ir ao mar lançar as
flores como oferenda e agradecimento, por me teres permitido acordar da tua
dúbia existência.
Ali, arrastando os pés
descalços sobre o areal, já não sentia a angústia da tua partida, nem a dor que
tinha ficado. A paz lentamente se ia
instalando. Nada se perde tudo se transforma, é um facto. O tempo dá cor à
verdade e ajuíza a sua justeza. As flores serviam para te agradecer, por teres
um dia passado pelo portal da minha experiência e me teres enriquecido, ao
viver a existência tendo-te por perto. Quanto mais não fosse, para perceber que
nem sempre a primeira impressão é a que marca os dias que se seguem ao primeiro
beijo, ao primeiro abraço, à primeira vez que fizemos amor. Foi o tempo, aquilo
que menos aproveitamos, que melhor desenhou o destino do que vivemos. Não
existe arrependimento, tudo o que vivemos tinha de ser vivido, ponto.
Beijo.
Um dia nos encontraremos, se houver o outro lado do mundo, onde dizem já não termos percepção
do tempo, nem da sua duração marcada pelas horas do relógio, e então poremos a
conversa em dia.