Venderam os nossos enamoramentos,
fizeram deles, um dia de celebração comercial, passaram a ser representados por
chocolates, flores, vasos com plantas, perfumes de qualidade, relógios com
corações, roupas íntimas com rendas de cores especiais e muitas outras sugestões
num mundo objectificado das nossas emoções e sensibilidades. Tentam tudo, para
que se faça a troca de “coisas” e pirosices, especificadas pela razão de
marketing, ou pela comercialização, que são deitadas mais cedo, do que tarde no
caixote do lixo, ou arrumadas para um baú de perdidos escondido no barracão do
quintal. Isto junto com a data escolhida, de 14 de Fevereiro, que apela a uma
celebração infeliz, pois segundo reza a história, foi o dia que o Padre
Valentim foi decapitado há cerca de 1750 anos. Subjacente a isto há
efectivamente uma estória de amor, mas um amor manifestado, em palavras e vontades,
em emoções e milagres, em sentimentos vividos e intensos entre dois seres
humanos. A coisificação desta data, atira-nos para a geração de indivíduos, que
assistindo ao desastre, não se preocupam com as vítimas e o seu socorro mas com
a rapidez da selfie e o seu envio para os milhares de amigos virtuais,
manifestando o espectáculo perdendo-se da dor de quem sofre. Tudo materializado “na coisa”, que ninguém sabe o que é, e que nos dias de hoje se vulgariza
pela frase: é um amor, “tipo” assim..
Continuo a dizer, namorar é bom e eu gosto, acima
de tudo regado da generosidade e frescura deliciosa das novidades e emoções que a sua vivência nos traz.
dc