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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

SINTO...




Sinto a agonia da perda, num soluço que espreita,
Na voz que sussurra teu nome, e se lamenta
Dessa nossa bonança quase perfeita
Transformada em tempestade violenta.

Veio a tristeza ensombrar minha mente,
Com ela um aperto no meu peito,
Nos meus olhos um rio se acrescenta,
Nas faces do meu rosto faz seu leito.

Neste inverno que em mim se instala,
Perdem-se as palavras de sentido,
Se todo o passado, por dentro me abala,
Nada se reconstrói do que já foi vivido.

Enxugarei meu rosto com a brisa que vem do mar,
Aproveitarei o sol da primavera por certo,
Fazendo de meu corpo lugar de seu pousar,
Transformando o bisonho em algo belo e concreto.  

dc

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O reflexo



Encarando o reflexo como filtro de si própria, a beleza da forma ainda sobressai das ruínas que a envolvem... ali se vê...um corpo, só um corpo agora despido das roupagens, se refrescando na brisa que o fustiga, livrando-a do cheiro e do peso das mãos que a acariciaram, os seus pensamentos e desejos se mantêm intactos, para que a saudade não se instale, e o futuro seja sempre uma janela a acontecer.

dc


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Através das Janelas



por trás da janela,
descendo, ou subindo,
vidas se movimentam
na especulação dos dias
sem prever quando caem
ou quando se levantam,
nem quando o azedo
ou a doçura
se fazem presentes.

vidas, através de janelas
mais ou menos discretas,
mas todas vidas concretas,
existentes nas ruas, ou vielas,
com estórias que falam delas.
nem sempre vistas de fora,
nem sempre janelas com horizonte,
às vezes, só mesmo luz como fonte.

difícil olhar um sol ambicioso
através do embaciado destino,
que o vidro caprichoso
afasta do nosso caminho.

ficamos subindo e descendo,
descendo e subindo,
num sucessivo crescendo,
à espera que num dia radioso
toda a dor se torne ausente
num mundo sem janelas
com a liberdade presente.

dc

 




sábado, 2 de janeiro de 2016

Uma vida por outra





Ela morre
Ele nasce
Ele sofre
Quando
Ela morre

Quando
Ele nasce
A Vida
Acontece
Ela perece

Um coração
Novo bate
Um pára
Outro dispara
Perde a razão

O espanto
A tristeza
O desencanto
O pranto
A incerteza

A morte
E a sua frieza
O nascimento
É a vida
E sua beleza.

dc






Nas veias de alguém





Na voz que se aguarda
Na distância sentida
Na vivência parda
Na vida inconseguida

O sonho se mantém
O querer não é partir
O viver é estar além
Nas veias de alguém

Não termina dizendo
Circula por dentro
Mantém-se no centro
Resistindo ao tempo

dc


domingo, 6 de dezembro de 2015

Os dedos..



Olha as mãos como se nunca as tivesse visto,
vê-lhe os dedos compridos, grossos, firmes,
as veias salientes, as cicatrizes, os calos, as rugas...

Dedos que pela força deixam ferida,
puxam gatilhos tiram a vida.

Dedos firmes precisos, abrindo sulcos
como o lavrador rasgando a terra.

Dedos que deixam marcas onde tocam,
digitais que os Homens descobrem.

Dedos quando apertam outras mãos,
deixam os sentimentos chãos.

Dedos moldando o barro da vida,
afagos do oleiro na peça erigida.


Dedos que fizeram mapas no seu corpo, 
registos na pele em tatuagem,

Dedos dum amor em longa viagem,
sem paragem até chegar a bom porto.

dc

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Grades Invisíveis



Somos prisioneiros de nós próprios, evitamos o desejado e tantas vezes ambicionado com medos e convenções, Fazemos por ter a aparência do que não queremos, e gostaríamos de ver a léguas, Afinal, não pensamos em nós próprios em relação à vida que gostaríamos de viver, dizemo-nos livres e deixamos que as amarras nos mantenham confinados aos limites e constantemente não realizados. Ficamos em nosso canto encolhidos com receio do fracasso, de assumirmos os nossos gostos, os nossos amores, os nossos desejos, as nossas preferências.
Nunca foram tão livres como quando se amavam sem barreiras, vivenciando todos os momentos como se não existisse, mais do que o agora. Nada fora tão bom como naqueles tempos, em que só eram dois decidindo o tempo, em que vibravam com as mais pequenas coisas, em que se digladiávam para que cada um fizesse mais perante o outro para que usufruíssem em plenitude.
Não arriscaram, o medo tolheu-os, Assumir o que somos é sempre difícil, quando se tem em cima de si as tais convenções sociais, o emprego, ou desemprego, a satisfação da materialidade quotidiana. Preferiram deixar correr entre os dedos, a força do amor que tinham para não enfrentarem os problemas os tolhiam; Se a idade era propicia, se os filhos gostam, ou querem, se os avós toleram, se os tios se chateiam, se amigos percebem, se os vizinhos estranham e até se gentes da terra reparam, como se as gentes da terra, não tivessem mais para onde olhar, se não para eles. Tudo temendo, agarrados a ancestrais hábitos retrógrados. Tal eram os seus receios, que temiam conversar sobre as hipóteses possíveis para que elas não contrariassem o que temiam...e assim se foram derramando pelo inóspito caminho dos impossíveis, das discussões, das imposições, dos temores e se afastando, procurando inconscientemente justificar o canto onde se escondem... .
 
dc
SET2014


domingo, 22 de novembro de 2015

Queria-Te


Queria-te sempre
Como te quero agora
Nos meus braços
Sem demora  
Queria-te agora
No meu regaço
Sem hora
Nem cansaço 
Queria o teu beijo
Como sempre quis
Molhado pelo desejo
Do amor que contigo fiz  
Queria-te  
Queria-te tanto
Como ainda te quero
E escondo o meu pranto
No silêncio em que te espero

dc

sábado, 21 de novembro de 2015

ETERNIZEM



Ainda restam no ar os cheiros que emanam dos seus corpos, a pele ainda quente das carícias e as bocas ainda húmidas de se amarem. Resta da noite o cansaço alegre, prazeroso da presença de um perante o outro. Após a posse do corpo, a aproximação das mentes, Mesmo quando, por vezes, pareçam opostos, há sempre pedaços que se envolvem, se tornam comuns, no alimentar dos dias. 
Nada é eterno, dizem, mas se eternizam os momentos nas nossas memórias, aquele amor pelo outro, mais importante do que por si próprio e em alguns casos efectivamente até que “ a morte nos separe”. 
Tenham bom dia e porque hoje é Sábado e o tempo é mais vosso, eternizem! 
dc  
Nota: e·ter·no |é|  
Que teve princípio mas não terá fim. Que durará sempre. Muito duradouro. Inalterável; constante; enorme, desmedido.


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Na rede das emoções



Na rede forjada fora das emoções, caminhos se cruzam sistematicamente, no perfeito design com que a natureza nos brindou, Somos, com toda a liberdade que nos arbitram, figuras estruturais, com ritmos, ligados à sobrevivência, e nas quais as emoções são parte aleatória que complicam e se vão lentamente alterando, se positivas reforçam, se negativas degradam o sistema que nos sustenta. Difícil é saber reconhecer, que a maior causa dos problemas físicos, está em nós próprios, pela forma errada como nos servimos do próprio corpo, mesmo quando ele nos avisa, as emoções ajudam a agravar esse estado. Resta-nos reconhecer nas dores, do próprio corpo, que nos alertarem do que está errado e depois ter confiança em saná-las com auxilio adequado.
dc


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Um dia menos feliz





Quando às dores do corpo se juntam, às que dentro nos consomem, a vida se inferniza e só queremos que tudo pare num instante. A vontade de resistir se esvai e aproveitamos os intervalos, em que ela se suspende, para ficarmos como aturdidos sem pensar. Por vezes as lágrimas correm não pela dor, mas pela sua ausência, que nos permite segundos de felicidade.
Se acreditássemos que temos o destino traçado, teríamos de descobrir quem foi o “Filho da Mãe” que o fez assim. Com direito ele decidira que teria de ser tão mau...e que a dor deveria estar escrita nos ossos, na pele...e dentro apertando como um torniquete, lentamente, retirando-nos o discernimento e o ar com que respiramos?
Onde está a felicidade? Como a percepcionamos? Porque a desejamos tanto?
Não existirá ela, só no intervalo do infortúnio, da brutalidade da vida, Aí ela se faz sentir, curta, somente intervalo, para a chatice da continuidade, Daí o desejo, daí a sua valorização pelos humanos. Quase me atreveria a dizer, que felicidade e saudade, são parentes próximos, a ausência de uma ou de outra tirariam a percepção real do sentimento que elas representam em nós. Será? Assim penso eu neste dia menos feliz, onde duas dores se misturam, e um momento de paragem poderia ser felicidade.

dc

sábado, 17 de outubro de 2015

Rasos ao chão




Acontecia assim...talvez porque as ausências eram largas, a oportunidade e o tempo eram escassos.... ficávamos rasos ao chão do cansaço do amor, com o cheiro dos corpos misturados como um lastro de nós em cada um, como que garantia de que não nos perderíamos um do outro. Depois, de modo inconsciente, as nossas mãos se procuravam para nos deixarmos esvair na lentidão do tempo.
dc 


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

DE costas voltadas



Perdemo-nos nas minudências, nos jogos do poder, esquecemo-nos do que entendíamos ser, dois são mais do que a sua soma. Valorizamos o que não presta, e não aceitamos o que é da natureza da vida . Agarramo-nos cobardemente à superfície, das coisas para não entrarmos mais fundo nas emoções e na razão que nos levam à partilha, de sermos capazes de aceitar o outro invadindo o nosso próprio espaço temporal. Somos solidários, nas ruas e abrimos as portas aos outros, mas fechamo-nos a nós. Temos medo de correr ao lado pelo simples prazer de desfrutar, queremos sempre chegar em primeiro. Há quem troque uma corrida na estrada de conversas recheadas de risos e emoções no seio das gentes, pela obsessão de chegar primeiro, para ganhar a medalha que morre na vitrina, que é importante para auto estima, mas perdem a realidade de sentirem vivos.
São coisas da vida, temos o pássaro na mão, confiante alegre e de repente, procuramos assenhoramo-nos da sua liberdade e da sua natureza, mesmo sabendo que não o devemos fazer, e surpreendemo-nos quando morre, porque apertamos de mais os dedos para que não fugisse.


dc
...A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...
Martha Medeiros


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Assim...



....caminhei percorrendo todo o seu espaço, suave, delicadamente, por montes e vales, parando em todos os lugares, atento ao saboroso usufruto, aproveitando a paisagem e o sabor dos frutos maduros. bebi das suas fontes, saboreei, todos os seus aromas e descansei deitado sobre o seu chão, sem medo de reconhecer a sua força e seu poder de me seduzir.

Nada seria possível se não apreendesse os códigos de acesso, os segredos de cada porta, percebendo a cada momento, como divagar, ou permanecer, aceitando e vivenciando as diferenças morfológicas, de cada elevação, de cada baixio, de cada grito atravessando o espaço, de cada fraseado manso entre tempestade ou bonança.

Logo, logo, voltarei ao local, onde fui feliz.


dc

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

ABSTRACÇÃO


Será possível, conseguir explicar o silêncio que se faz dentro de nós? Como se consegue demonstrar que se ouvem os ruídos exteriores, se eles só funcionam como pano de fundo desse nosso silêncio?

Fecho os olhos e aperto as mãos, uma de encontro à outra, forte, para sentir que estou aqui, e fico mais atordoado pelo silêncio, que se torna mais profundo, como se entrasse num buraco estreito sem fim, onde cada vez que descemos nos isolamos mais e mais.

Sinto a presença dos móveis, dos objectos, dos milhares de livros que me rodeiam, mas eu estou fora, longe, como se estivesse mais perto de ser ar, do que essa coisa material que se chama corpo humano. Será esta a altura em que o cérebro se fecha e parte para um outro lugar sem nomes ou memórias...
...sinto as teclas debaixo dos dedos, como se tivesse acordado de repente, reparo que estive ausente uns momentos, porque demoro a reconhecer o que está escrito na minha frente. Corro para frente do espelho para saber se meu bafo marca e me diz que estou aqui, Estou de facto, mas meus olhos estão silenciosos, sem brilho estão apagados, algo morreu sem que me tivesse dado conta, ou assim quero crer.

Afinal onde eu andei que me perdi algures, Que se passou para além de.....

O silêncio se foi, mas um vazio enorme se espalha por todo o eu, como se duma máquina tratasse que funciona automaticamente, porque programada, com energia e função para cumprir.

Onde estive eu afinal para que os meus pensamentos surjam agora tão matematicamente expressos, com raciocínios tão frios, mas de uma lucidez incrível, como algo agarrado à pele?

Será melhor não pensar muito, talvez, por momentos tivesse cruzado a fronteira dos impossíveis, quem sabe...há tanta gente que tem sonhos, constrói vidas, mesmo quando parece tudo perdido..quem sabe... Será que o sorriso e gargalhada regressam... e vou novamente acreditar que existe gente, que ama e sente, que sonha e vive, como gente verdadeira, que não só miragens, objectos, cumpridores de funções pré-destinadas?


dc

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Se os outros dizem melhor



Se outros dizem melhor por que não usar seu dizer?

""“Um momento de felicidade.Sim! Não será isso o bastante para preencher uma vida?” (Noites brancas, pág.1083 )

Pois eu equiparo o amor com a felicidade. Quem pode ser feliz sem nunca ter amado? Quem pode ser feliz sem nunca ter experimentado esse sentimento genuíno? Quem possui força o suficiente para afirmar que a felicidade encontra-se nas efemeridades da vida, quando o Amor, esse bem durável que nos confere verdadeira estabilidade, independe de toda materialidade do mundo?"" -

Extraído do texto de Vanessa Rossi :
O amor que confundem os loucos e os sábios;
Amor é sempre amor em qualquer tempo ou circunstância.

domingo, 9 de novembro de 2014

UMA "IMAGEM" DE SÁBADO


Sentado observava-os. Naquela momento um misto de inveja e tristeza se apodera de si. O amor que se sente entre eles, ultrapassa os seus corpos cria uma espécie de áurea que os desenha no espaço. Sentia-se no brilho dos olhos, nos lábios trémulos, no trejeito do corpo, O ar está carregado de uma atmosfera especial que chega até ele por simples pormenores. Oh, como é bom ver tal acontecimento e acreditar na sua existência, porquê esta nostalgia e tristeza, que o assolava...
Tão doce a carícia dos seus olhos sobre o seu rosto harmonioso. Ela presa ao seu abraço, e a sua cabeça inclinada numa atitude de atenção e ternura. Como que se o amor tivesse sido delineado existir neles como exemplo. Surge o beijo. O prazer quase êxtase do beijo, das bocas que se tocam, um beijo tão leve, e se pressente profundo, adivinha-se o acelerar do ritmo do coração, como se fios invisíveis o ligassem aos seus lábios. Um momento em que se não pensa, age-se. Os seus lábios sobre os dela, como se fosse o caminho para uma osmose perfeita. Não era um beijo sôfrego, esfregado, de línguas cruzadas, m
as só um beijo, aquele beijo para além do universo, que fica a sós, que trás nós ao estômago e faz fechar os olhos, como se o beijo fosse uma leitura de Braille dos sentimentos de cada um. Não era necessário colocar balões com legendas sobre as suas cabeças, ou com o desenho, a seta do velho cupido atravessando seus corações. A leitura é fácil, o amor acontece.
O Inverno impôs-se sobre o Outono, mas entre eles só existia uma Primavera, aproximando-os do calor do Verão.

Há sábados assim em que algo inesperado acontece e nos deixa enlevados, mesmo quando os sentimentos vivem nos outros.

DC


terça-feira, 30 de setembro de 2014

OLHANDO A FOTOGRAFIA



Para que a noite não chegue,
tirando o sol ao dia,
parei o relógio do tempo,
olhando tua fotografia..


dc

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O doce ENCANTO do que PASSOU



Porque não,
   se a tua boca me seduz, e me deixa enlouquecido?
Porque não,
   querer sentir o calor dos teus lábios quando me beijas?
Porque não,
   sonhar em labirintos de emoções que me deixam perdido?
Porque não,
   deixar que as lágrimas me corram de alegria se me desejas?

E porque eu sei

   que és um sonho acordado, que vai e não volta.
E porque sei
   que a tua presença na minha vida foi de uma intensidade louca
E porque sei
   que a probabilidade de comigo ficares é tão pouca,
Descobri porque não sei
   encontrar razões para calar a minha revolta.

Fica o doce encanto do que se passou

   nos dias que foram correndo
Fica a marca que nos enleou
   e no fez aproveitar todas as horas vivendo
Fica a certeza de que nem tudo acabou
   a vida também é memória acontecendo.

DC

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

APRENDE-SE COM ESTÓRIAS



Por vezes, as palavras escritas, ou faladas, não suficientes, para que
as pessoas entendam, que é necessário estar atento aos que
gostamos e valorizar o seu amor.
Um amigo dizia-me há alguns dias, "as pessoas aprendem e escutam mais facilmente quando lhes apresentamos exemplos". Achei interessante publicar a pequena estória, que abaixo se apresenta, que responde a muitas interrogações e interpretações que por aí se dizem, ou escrevem.

DC



"Conta-se que uma bela princesa andava à procura de consorte. Aristocratas e endinheirados senhores tinham chegado de todas as partes para oferecer os seus maravilhosos presentes. Jóias, terras, exércitos e tronos constituíam os dotes para conquistar tão especial criatura. Entre os candidatos, encontrava-se um jovem plebeu que não tinha outra riqueza que não fosse o amor e a perseverança. Quando chegou o seu momento de falar, disse: "Princesa, amei-te toda a minha vida. Como sou um homem pobre e não tenho tesouros para te dar, ofereço-te o meu sacrifício como prova de amor... Estarei 100 dias sentado debaixo da tua janela, sem outro alimento para além da chuva e sem mais roupa que a que trago vestida... É esse o meu dote." A princesa, comovida com tal manifestação de amor, decidiu aceitar: "Terás a tua oportunidade: se passares a prova, casarás comigo." Assim se passaram as horas e os dias. O pretendente sentou-se, suportando os ventos, a neve e as noites geladas. Sem pestanejar,com o olhar fixo na varanda da sua amada, o corajoso vasalo continuou firme no seu empenho, sem vacilar um momento sequer. De vez em quando, a cortina da janela real deixava transparecer a esbelta figura da princesa, a qual, com um nobre gesto e um sorriso, aprovava os esforços dele. Tudo corria às mil maravilhas. Alguns optmistas até já tinham começado a planear os festejos. Ao chegar o 99º dia, os habitantes da região tinham ido animar o futuro monarca. Tudo era alegria e festa, até que, de repente, quando faltava uma hora para o cumprir do prazo, perante o olhar atónito dos assistentes e a perplexidade da infanta, o jovem levantou-se e, sem dar explicação alguma, afastou-se lentamente do lugar. Umas semanas depois, enquanto deambulava por um caminho solitário, um menino da região alcançou-o e perguntou-lhe atrevidamente: "Que aconteceu? Estavas a um passo de atingir o objectivo... Porque perdeste esta oportunidade? Porque te retiraste?" Com profunda consternação e algumas lágrimas mal dissimuladas, ele respondeu em voz baixa: "Não me aliviou nem um dia do sofrimento... Nem uma hora sequer... Não merecia o meu amor..."

Extraído do livro Amar ou depender. Walter Riso
 “Qualquer que seja a relação no casal não o merece quem não o ama, e menos quem o magoa. E se alguém o fere reiteradamente sem "má intenção", talvez essa pessoa o mereça, mas não lhe convém”
Amar ou depender. Walter Riso