terça-feira, 23 de abril de 2013

SAIR PARA FORA, CÁ DENTRO





Pisava a terra do caminho ladeado de pequenas flores amarelas com os seus pés muito verdes, sentindo o vento zurzir os seus ouvidos, enquanto o mar, ao seu lado, perdido no infinito horizonte, o acompanhava neste seu passear, neste seu buscar, como se de um parceiro de tertúlia, que não quisesse deixar só. Diferentes cheiros eram-lhe trazidos, todos eles distantes da cidade onde habitava e que o deixavam com saudade de tempos idos, onde campo e cidade quase se confundiam.

Era bom estar ali com a família revivendo, era bom estar ali vivendo a natureza rude que o afastava do angustiado viver citadino, com o seu corre-corre permanente, tropeçando em toda a gente em ruas lugares apinhados, em esperas, paragens de autocarros, tudo lugares que de tão públicos nos tornam, tão sós.

De vez em quando é necessário carregar as pilhas, pena é, que questões alheias à nossa vontade nos impeçam de pudermos, mais vezes, fugir para outras paragens, vivendo a calma de outros espaços mais verdes, mais mar mais terra.

DC


sábado, 20 de abril de 2013

Eu tenho uma flor que não é rosa...




Eu tenho uma flor que não é rosa, mas também tem espinhos. Rego-a com todo o cuidado, adubo-a com os melhores ingredientes, dou-lhe espaço e o sol que precisa, Dou-lhe tudo o que mais precisa, para possa crescer, para que fique mimosa e bela. No entanto, por vezes ao tocar-lhe, ou quando me aproximo demais, ela reage picando-me com os seus espinhos, como se tivesse medo de perder a sua liberdade, mesmo quando ela não está em causa. Sim, mas como saberá ela, se é uma flor?

Cuidar dela é tão importante, como o prazer que me dá com a sua presença. Ela se calhar não sabe o quanto a aprecio, É uma flor, só sente porque eu a cuido, ou quando me ausento, aí, ela reage à minha falta perdendo o seu vigor, como se fizesse um chamado, para que eu perceba, que às suas cores e sua beleza, faz falta o meu cuidar

A minha flor, tem cheiro, cor, pétalas macias, folhas harmoniosas que a protegem, e um pé elegante e firme, que a distingue das demais, daí o meu gostar. Quando a olho fico-me a pensar, como seria bom que ela me visse flor, a precisar do seu cuidar.

DC

quarta-feira, 17 de abril de 2013

AQUI DIGO EU: A MENTIRA VIRÁ SEMPRE AO DE CIMA


A mentira é como o azeite sempre virá ao de cima, e a pequena mentira é como aponta do rabo de um elefante, escondido no meio do mato, quando se puxa o rabo, já ela tem uma dimensão enorme. As omissões são as mentiras disfarçadas, de coisas que se evitam dizer para se evitar “ter chatices”, ou entrar em detalhes que possam ser desagradáveis (?).

E assim vai o mundo, entre verdades e mentiras, umas na vida privada, outras na política e social, e ainda outras que são as mentiras para connosco próprios sendo estas as mais graves, porque nos fechamos sem dizer o que pensamos, vendo como tudo se vai desenrolando à nossa volta sem tomar uma atitude. Tudo isto vai acontecendo no dia-à-dia, e todos nós cantando e rindo, como se nada fosse neste matagal que se chama Portugal.

Vem a propósito deste conversa toda, a análise de Eugénio Rosa, sobre “OS MITOS E AS MENTIRAS DA DIREITA NO ATAQUE `AO “ESTADO SOCIAL” (www.eugeniorosa.com)15/04/2013, onde desmonta através de dados oficiais as mentiras usadas pelos nossos governantes para nos irem aos bolsos e um outro de Ellen Brown, “O Mecanismo Europeu de Estabilização (MEE), ou como a Goldman Sachs capturou a Europa” (http://resistir.info/europa/17_golpes_de_estado.html) . Este famoso MEE , não é mais do uma forma de por os contribuintes suportarem a austeridade e a salvar da crise dos bancos.  Nestes dois artigos poderemos apreciar quanto mentirosos são os nossos governantes, como alguns lacaios comentadores e jornalistas, que sabendo a verdade, a escondem através de uma informação confusa e prolifera de modo a que o “Zé Povo”, se deixe atemorizar e vá cedendo aos interesses maiores do capital.

Com tudo isto, todos acabamos aprendendo a mentir com grande sabedoria, engando-nos a nós próprios, ao fisco, aos amigos etc., etc., até tentando enganar a vida.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

DESLIGUEI, VIREI SEM ABRIGO




Desliguei, não continuei a falar, as palavras batiam na parede da indiferença. Saí para rua, o ar da noite fresco aclarou-me as ideias, e afastou o espectro negativo como terminara a conversa. A seu tempo tudo se resolve, quando tiver que acontecer, acontecerá(?). Sei que é determinismo a mais, mas é melhor pensar assim do que ficar preocupado. Não podemos fazer planos demais, ou acreditar, que todos cumprimos com o rigor suficiente, esperando que os outros se comportem de igual modo como nós. Em algum tempo também teremos falhado sem nos apercebermos. De “infalíveis está o inferno cheio”, “amanhã é um novo dia”, e por aí adiante. Os pensamentos vão acompanhando a passada, e o a brisa os vai levando tornando mais leve o peso da alma. “ Não vale a pena chorar o leite derramado”, dizem, como tal o melhor é seguir em frente e pensar que nada aconteceu, as coisas acontecem e nós vamos mudando um pouco, até que quando nos apercebemos já estamos do outro lado da vereda, e nem sabemos como saltamos. A situação financeira é grave e está em primeiro lugar nos problemas a resolver. Como tal, virarei sem abrigo e rapidamente tudo ficará mais fácil. Não há casa para manter, impostos para pagar, nem água, nem luz, as obrigações desaparecem como fumo e o prazer da leitura até se pode manter com os livros que abundam no meio dos lixos assim como os jornais e as revistas. Já nem falo em roupa, porque qualquer trapinho encontrado ao lado do contentor do lixo me ficará a matar. A comida também se esmolei-a. Os amigos passarão a ser outros. Os antigos deixarão de me reconhecer, e os novos estarão dentro do meu espectro económico e social. Fixe.
Tu não te preocupes comigo mulher deixo-te os papeis do divórcio assinados em cima da mesa, os filhos estão crescidos, já não precisam de mim e tu sempre terás a oportunidade de arranjar um parceiro mais capaz que te dê menos preocupação. Foi bom enquanto durou, agora vou-me, não quero discutir contigo. paga as dívidas ao estado, ajuda a pagar as dos bancos, e tem os impostos em dia para não te levarem a televisão, e a internet, eu prefiro o ar livre do portal de uma casa, onde adormeço todos os dias sem me consumir e com sonhos fáceis de apagar. Boa noite e até um dia destes.


DC

sábado, 13 de abril de 2013

Ideias da "MERDA"...

Morreu excêntrico socialite de Hong Kong que comprou a primeira sanita dourada


Há uns anos atrás, tive um patrão, que em certos dias, chegava à empresa de manhã, logo me mandava chamar, Quando entrava no seu gabinete dizia para me sentar em frente dele e agitado começava, “Pá tive uma ideia do caraças hoje de manhã...Ai sim, dizia eu, e então? Pá, estava eu na casa de banho a fazer a barba —ou outra coisa qualquer — e veio-me à ideia... assim descarregava ele a sua ideia. Do mesmo modo que comigo, fazia-o com outros funcionários. Como sempre acontece nas empresas, nas suas costas riamos as gargalhadas e dizíamos “o chefe tem as ideias na casa de banho, pode-se dizer que “são ideias de merda”. O que nem sempre era verdade, por vezes eram ideias ditadas pela preocupação de manter a empresa activa e os seus funcionários.

Tive um amigo que lia a maior parte dos livros, na casa de banho, e colocou uma estante com os ditos, mesmo em frente da sanita, dizia ele, “para não perder tempo a procurar um, antes de entrar"

Com o decorrer dos tempos fui-me apercebendo que muitas pessoas passam imenso tempo na casa de banho pensando “na morte da bezerra”, ou seja, fazem daquele local o espaço ideal de isolamento, para pensarem na vida em todas as suas variantes e vicissitudes. Não o escolhem acontece.

É naquele espaço que todos os dias, em especial logo pela manhã, muitos se ocupam das tarefas essenciais à sua higiene, ou ficam simplesmente sentados na sanita à espera que aconteça. Não, não é o que estão a pensar, Ali a mente trabalha a cem por cento tentando alinhar pensamentos, fazendo planos, dando azo a criatividade, preparando terreno para o que diariamente se lhes depara e em muitos casos para tomarem decisões com futuro, outras vezes lêem livros, jornais, revistas, pensam, sonham. E é também aqui que muitas vezes somos apanhados com “as calças na mão”, e sem saber o que fazer.

Todos nós já devemos ter reparado no tempo que as pessoas passam nas casas de banho, muitas delas quando saem trazem um rosto pensativo, como se estivessem na maior biblioteca, ou lugar de culto. Como diria escritor, “conversas de WC”, a sós consigo mesmos. Talvez tenha chegado o momento de deixar de criticar quem “perde” o seu tempo na casa de banho, não sabemos o quanto esse tempo está a ser usado a pensar em coisas positivas, não só para o próprio, mas também para os outros. Nem sempre são ideias de MERDA, no entanto se forem ficam no local em que devem estar e facilmente são descarregadas no autoclismo da vida. Além de mais para que conste MERDA, é tão normal como, ONG, PT, EDP, PM, PR, UE, ONU, EEUU, ou no pior PQP.

MERDA:
Movimento de Energia Renovada Da Alma

http://bairrodooriente.blogspot.pt/2010/02/morreu-o-homem-da-sanita-dourada.html

quarta-feira, 10 de abril de 2013

NÃO, NÃO VOU POR AÍ !


Deixou-se silenciar pelas preocupações, muitas horas foi pensando entre portas, na sua caixinha onde se guardam todos os segredos, e todo o fraseado da vida. Os pés mesmo que arrastados, trazem consigo as pernas e fazem deslocar o corpo, o restante acompanha, só o que está dentro da caixinha, bem no topo está longe, com as suas dúvidas, realidades que o assaltam, sentimentos que vagueiam. no meio de tudo isso, a permanente interrogação sobre a existência do ser humano. .. nascemos para não ter alegria, ou a alegria é que deve gerir o nosso viver...

Olhar sem ver, caminhar sem saber, fugir de quê? ...ontem o sr. Joaquim cortava as árvores, aparava a relva na sua rotina costumeira, como se os braços estivessem longe daquele seu olhar parado...a esposa doente? Os filhos?...Aquela a cheiinha que passeia o cão pintalgado está grávida novamente, parece ter o dobro do tamanho deve ser porque passam mais tempo na cama....o inverno frio e chuvoso provoca estes acontecimentos.... ah, aquele sujeito continua a visitar os caixotes do lixo procurando não sei o quê...tem um ar bastante humilde, mas asseado, que razão o leva a escarafunchar o lixo...estou quase a chegar a casa... mais uma vez lá terei que preparar o almoço com os bocados que sobram, beber um copo de vinho e...voltara a pensar, nas patetices do costume...aquele gajo constitucionalista na televisão, é mesmo estúpido, e ninguém lhe pergunta se também quer dividir o seu salário para dar emprego a alguém... será que só os pensionistas é que devem ser roubados no final da sua vida quando nem hipóteses têm de trabalho e de descanso... não são do FMI são da PQP, porque nunca viveram com salários em atraso, com trabalho precário...que merda de razão se estabelece na sociedade que um gestor ganhe um milhão de euros por ano e um trabalhador deve fazer o sacrifício de viver com cerca de cinco mil euros...quem foi a besta que pensou que uns são melhores que outros assim tão diferentemente...

A caixinha tem uns milhares de neurónios que não param de funcionar enquanto o corpo se desloca, o futuro é já ali, não tarda, num qualquer cemitério, e ao olhar para trás verifica, que muito deste muito fica por ver, viver e sentir. Tem um país que conhece por fotografias, e pouco sabe do seu povo, um mundo de cultura que só lhe conhece as aparas, uma vida onde na infância roubada aprendeu de depressa a palavra trabalho, uma saúde precária no meio do egoísmo dos homens. Há uns quantos que continuam a acumular ouros e bugigangas perdidos da vida e que se automatizam na alegria de destruir o que seria a realidade de outros se não fossem por si escravizados.

..vou continuar pensando, não tenho pressa de sentir o caminho das pernas, nem para onde me levam... lembro o cântico Negro de José Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?



domingo, 7 de abril de 2013

AS FRASES QUE NÃO TENHO...



... e aqui são apresentadas, escritas por pessoas famosas, que fariam as nossas delicias em algumas situações com que nos deparamos nas conversas dia-à-dia, ou perante algumas atitudes de pessoas com quem temos necessidade de comunicar. Quase apetece dizer que são frases “prontas a usar” e que aplicadas de forma certeira vão directas ao objectivo.


> Leve é o trabalho quando repartido por todos. (Homero)


> Todo o trabalho tem em si mesmo a sua misteriosa recompensa.
   (Lerberghe)

> Não me digas o muito que trabalhas; fala-me antes do muito
   que fazes. (James Ling)

> O caminho mais curto para conseguir fazer muitas coisas é fazer
   uma de cada vez. (Samuel Smiles)

> Cada fracasso ensina ao homem algo que ele necessita de
   aprender. (Dickens)

> A única pessoa que pode mudar de opinião é aquela que tem
   alguma. (Edward Westcott)

> Quem se irrita com as críticas está a reconhecer que as merece.  
   (Tácito)

> A vida é fascinante. O que é preciso é vê-la com os óculos certos.
   (Alexandre Dumas)

> O desespero consiste em imaginar que a vida não tem sentido.
   (Chesterton)

> As pessoas equivocadas parecem falar mais alto que os outros.
   (Andy Rooney)

> Errar é próprio do homem. Persistir no erro é próprio dos loucos.
  (Cicero)

> No mundo há riqueza suficiente para satisfazer as necessidades
   de todos, mas não para alimentar a ganância de cada um.
   (Gandhi)