domingo, 7 de outubro de 2012

MANhÃS de DOMINgO



Depositei-lhe um beijo sobre a face, tocando-lhe ao de leve a pele. Senti um formigueiro nos lábios como se a sua energia me devolvesse a intensidade do meu beijo incitando-me a continuar. Beijei-lhe os lábios, o pescoço, os ombros, fui caminhando de beijo em beijo por todo o seu corpo, sentindo o seu sentir na polpa dos lábios, sentindo cada vez mais a maciez da sua pele, seu perfume e  seu sabor.

A sua respiração foi-se tornando mais agitada, ligeiros murmúrios saiam de sua boca. Levantei a cabeça olhei os seus olhos e vi-os  perdidos, olhando sem ver, enevoados pelo prazer que na sua intimidade se instalava...

Assim se iniciam as manhãs de domingo, quando nos amámos e o amor não tem pressa.


sábado, 6 de outubro de 2012

PESADELO....


A voz insonora repete as frases indefinidamente como sussurrasse aos ouvidos de dentro para fora. É a nossa mente a trair-nos a efabular levando-nos à desconfiança aos medos. As frases repetem-se sucessivamente. Quem nos observa, vê os olhos vermelhos raiados de sangue, as pálpebras inchadas, e as olheiras marcando o rosto, mostram o cansaço das inúmeras noites mal dormidas. É um ciclo vicioso, as vozes silenciosas que andam passeando na nossa cabeça não nos deixam descansar, não descansando o número de vozes aumenta e a confusão dos diferentes discursos.
A nossa vida íntima mistura-se com a vida profissional. Ficamos parados por dentro e por fora, sem saber como ultrapassar toda a pressão exercida.

Queremos ter vida. Nascemos para ter uma vida seja ela qual for, já passamos de primitivos, a escravos, destes a pessoas livres, no entanto parece quererem que façamos o ciclo ao contrário voltemos aos tempos primitivos. Tudo o que obtivemos tecnologicamente, todo o progresso atingido até aos dias de hoje, cada vez mais serve a “casta superior” dos que mandam, dos que governam, nos empregos ou no país. Impingem-nos tudo o que é possível para justificar o retrocesso, usam todas as artimanhas para nos transformarem em seres amorfos e sem vontade própria, tentando reduzir-nos cada vez mais a ratos de esgoto. São pensamentos que nos arredam do nosso mundo de intimidade junto dos filhos, da mulher, dos avós, enfim da família e por fim das amizades.

Quando absorvidos por essas vozes insonoras que nos perseguem, acobardamo-nos e somos vitimas de enganos, desastres, doenças e caminhamos inconscientemente pelo mar adentro perdendo o pé, desaparecendo debaixo da ondulação das emoções...

- Levanta-te...acorda homem...são horas de trabalhar, que se passa contigo hoje?

- Dassss ainda bem que me acordaste sentia-me ir pelo cano abaixo... hoje vou à manifestação chega de ceder a estes sanguessugas que nos tiram a vida.

"Portugal é hoje um paraíso criminal onde alguns inocentes imbecis se levantam para ir trabalhar, recebendo por isso dinheiro que depois lhes é roubado pelos criminosos e ajuda a pagar ordenado aos iluminados que bolsam certas leis."

Barra da Costa

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ERIC CLAPTON, O FASCÍNIO

Ouvi a música e fiquei parado olhando o LCD gigante onde se via Eric Clapton tocando e cantando. A guitarra soltava os seus gemidos estridentes, e paralisou-me durante uns momentos. Todo o eu estava envolvido no que ouvia, completamente fascinado parecia que cada nervo, cada respiração se me colava à pele (de galinha) porque cada nota que ouvia.  Tal foi o estado em que fiquei, que chegado a casa pensei que gostaria de "borrar uma pintura" e assim fiz, o resultado não tem o brilhantismo de Eric, mas pelo menos ficou como registo do momento mágico que vivi.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

SÓ LUTANDO...



No interior fervilham emoções díspares sobre o que ocorre.
Nas emoções que cavalgam em nosso peito ninguém comanda
Díspares fervilham na vida que nos consome, na dor que não morre

Soltam-se gritos no cimo da montanha sobre a planície
Afogando-se a raiva de não enfrentar o explorador
É a morte dos dias no nascer das alvoradas mais além da superfície
Em acumuladas iras de impotência perante o ditador

Só rasgando toda a contenção que impede de dizer não
Só lutando com toda força contra tão indiscriminado poder
Será anulada a miséria imposta sem razão
Ganhando a Pátria um Povo e este ganhando o seu pão

domingo, 30 de setembro de 2012

UMA SÓ LEMBRANÇA



Como sempre nos seus encontros acabavam na fnac, passeando entre as prateleiras.

Dirigiram-se a secção infantil. Pouco depois, estava ele de ar compenetrado, auscultadores nas orelhas ouvindo atento a música que no aparelho de escolha estava tocando. Olha atento para o avô, esperando a palavra importante que não chega. Este, pouco depois, solicita-lhe angustiado que deixe o aparelho para que outras crianças possam ouvir, e que avance continuando a caminhar pela livraria. Novamente ele pára e namora tempos infinitos, as várias caixas com plasticina, marcadores, jogos de montar, olha para o avô novamente, que se faz distraído, como se não reparasse na forma como ele o olha alternando com a observação dos objectos.

O avô procura não encarar os seu olhitos brilhantes. O dinheiro cada vez mais escasseia e é preciso para satisfação de outros compromissos. A sua reforma à largos anos não é actualizada e os subsídios que davam para ter um extrazito agora na sua grande parte ficou o Governo com eles, como imposto para pagar as indecências bancárias. Aquela simples lembrança tem de ficar para outro momento possível.

Ele sem pedir nada dizia “Vô olha...estás a ver olha...”, e o avô, muito a custo, lá teve de lhe dizer que nesta altura não seria possível. Olhou mais uma vez o avô e fechou o rosto, pôs-se na lateral da gôndola, onde os objectos estavam expostos, muito atento a colocar as imagens com íman sobre a pintura que lá se encontrava. Fê-lo com destreza e muita atenção como se tudo o anteriormente ocorrido já tivesse desaparecido. O avô pegou-o ao colo, aqueles dezoito quilos de vida e muito sentimento, rodou com ele no ar para que ele observasse tudo de cima como se tudo tivesse importância relativa, ele ria-se para satisfazer o avô mas com o olhar distante, como se não o visse.

Saíram, foram caminhando e o silêncio se instalou até chegarem a casa, pouco mais que meia dúzia de palavras foram ditas. Manteve-se sempre de forma contida, ele cumprira o que a mãe lhe dissera, “ não peças nada ao avô .. certo?”

É certo que as crianças precisam mais de pão, de saúde, e afecto, mas uma pequena lembrança que as fizesse sorrir também seria bem vinda.

QUERO ACREDITAR NO POEMA POVO

Quero acordar e na tua voz confiar
Nas lutas que persegues para te libertares

Quero acreditar no poema povo
Quero viver o surgir do Homem novo

Quero acreditar que o povo está na rua
Por sentir que na verdade a luta é sua

O seu sangue percorreu Portugal sem cansaço
Chegando em vaga ao Terreiro do Paço

Milhares de voz entoando verdades como punhos
Trazendo da austeridade seus testemunhos

Numa jornada de luta contra o poder
Ao qual se recusa submeter

É neste povo guerreiro que dá o corpo e luta
Que acreditamos para vencer esta disputa

Este povo que tantos sacrifícios tem vivido
E sabe que Unido Jamais Será Vencido

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

LENDO NOTÍCIAS


Lendo as notícias nos meios de comunicação diários, ficamos todos os dias aquém da verdade e da realidade dos factos. As notícias já têm um formato condicionado, por quem é dono e porque quem dirige o meio de comunicação. São estes que determinam o que é importante, ou não, são eles que estabelecem o critério. Os conselhos de redacção, hoje, são um bluf.
O que se passa na Grécia, ou as manifestações gigantes em Espanha, a alienação de património do estado pelos governos atinge toda a Europa, mesmo os países dos quais ainda não ouvimos uma palavra sobre a "sua crise". Estes assuntos são motivo de notícia e devem preocupar todos os europeus, mas se repararmos bem, fala-se muito mais da guerra da Síria e das eleições americanas.

Em Portugal as manifestações que se fazem têm diferentes tratamentos jornalísticos, tentando dizer que umas são melhores do que outras, que umas são partidárias, outras não, e  assim procurando dividir a opinião pública, que cada vez é mais coesa na defesa dos seus interesses e na apreciação das verdadeiras causas da crise. Também neste caso, os meios de comunicação puxam os cordelinhos fazendo valer a sua força e servindo interesses de quem manda.
A culpa nem sempre é do jornalista, que vive de uma liberdade fictícia, na prática o seu emprego também está em causa, o que por vezes leva a que ele se auto-censure.
Já vem de longa data "homem prevenido vale por dois". Aqui este conselho serve para estarmos atentos àquilo que os meios de comunicação dizem, ou melhor o que não dizem, ou dizem errado.

Será bom não ficarmos só pelo que dizem o nosso jornal, revista, televisão, ou rádio, preferidos, devemos sempre consultar outros, de diferentes quadrantes de opinião, sejam eles bons ou maus. Se possível ir à internet, vendo e lendo outras noticias.

É imprescindível fazer comparações entre as várias formas como as notícias são dadas, as imprecisões, as faltas de elementos de notícia, a tendência política que revela, a qualidade do que és escrito e dito, só assim poderemos extrair da intoxicação mediática o que nos esclarecera efectivamente.