sábado, 16 de março de 2013

O PRAZER DE NAVEGAR


Sim onde andas tu alma
Que nas noites de inverno
Me trazias o afago e a calma
E me tiravas deste inferno

Oh, sim princesa do meu castelo
Que fugias para os meus braços
E procuravas com desvelo
Recuperar de teus cansaços

Falava-me de saudade o teu corpo
E eu de ti o prazer de navegar
Ficava suspenso de olhar absorto
Levando longe o meu viajar

Agora ao entrar da noite escura
Ou nos momentos de partida
Se torna mais dolorosa a lonjura
E na alma a saudade como uma ferida.

Esperar-te-ei na beirada do caminho
Sem medo da noite gelada
Como no seu ninho um passarinho
Esperando o nascer da alvorada

sexta-feira, 15 de março de 2013

UMA NOITE.. NA MÚSICA



Deixando deslizar as notas da guitarra sobre a superfície do ouvido, vou deixando surgir as palavras que aqui vou escrevendo.

Sinto cada nota na pele como se os teus dedos me dedilhassem despertando cada poro.
Cada mudança de tema é um amplexo de prazer que vou descobrindo nos beijos com que me vai deliciando. Vou vogando sulcando os ares empurrado por brisas diversas que sucessivamente me vão levando mais longe no prazer do desfrute.

Sonho-te, imagino-te, vejo-te.. desnudada, libertando teus braços em movimentos loucos, enquanto o ondular do teu corpo faz vibrar o espaço que enches com a tua presença. Rodas teu corpo sobre os bicos dos pés, como se quisesses marcar o ar com espirais, libertando o teu perfume na emoção que te domina e se vai espalhando no ar.

Debaixo da luz amarelada, em que te moves, as nádegas umas vezes salientes outras escondidas. as coxas que se movimentam desenhando os músculos, os seios roliços, que se agitam, o cabelo que se solta emoldurando o teu rosto onde os teus olhos se semicerram, ou se abrem de espanto, a tua respiração se torna mais e mais intensa. De repente despojas-te no chão como um pássaro agonizando de um voo peregrino.

E eu? Eu sorvo-te, como a sede num deserto, e deixo-me ir sem destino ao sabor dos teus desejos.

quinta-feira, 14 de março de 2013

TEMOS PAPA ....NÓS TEMOS É FOME

É assim, todos se preocupam com o Papa, que foi eleito e os que têm fome continuam com ela e não fazem parte dos noticiários. Ou seja temos Papa, mas não temos papa, comida, morfos, shop, shop... e por aí fora.

Elegem um Papa, com idade avançada—76 anos—, para que não tenha tempo, nem paciência, para fazer seja o que for e manter tudo o que até agora existe. Vão continuar as lavagens de dinheiro, os negócios de armas, etc.,etc. etc.?? Então a estória de ser eleito um Papa, mais novo, cheio de força na guelra, disposto a corrigir tudo, como se dizia à boca pequena, para onde foi?

Interessante é que escolham um Papa argentino(?). Será coincidência? Hummm...não me cheira. Nada é por acaso,a América Latina estava mesmo a precisar de uma coisa destas, já que os EEUU estão com dificuldade em encontrar uma solução, para resolver algumas espinhas que têm encravadas na garganta com estes novos presidentes populares, em países, onde antes eram réis e senhores.

Fica aqui um extracto de um texto de Júlio C Gambina*
publicado Argenpress.info. 13MAR2013, que ajudará a perceber melhor a situação
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Há 40 anos o neoliberalismo foi ensaiado em nossos territórios com as ditaduras e o terrorismo de Estado, para a seguir estender-se por toda a orbe. A Igreja da Argentina, salvo honrosas e escassas excepções, acompanhou a ditadura genocida nesse parto neoliberal, ainda que agora fale contra a pobreza e a ética.

Um PAPA polaco chegou à Igreja para acompanhar o princípio do fim da experiência socialista, ainda que se discuta o próprio carácter daquela experiência. O capitalismo mundial necessitava do Leste da Europa. A Alemanha assim o entendeu. Os EUA também. Sem o Leste da Europa, já abandonado o projecto socialista original, o mundo deixou de ser bipolar e constituiu-se o rumo unipolar do capitalismo, transnacional e neoliberal.

O rumo unipolar está a ser desafiado pela mudança política na Nossa América e o ressurgir do socialismo, seja pela mão da revolução cubana ou pelos processos específicos que emergem em alguns países (Venezuela ou Bolívia), inclusive em variados movimentos políticos, sociais, intelectuais, culturais, na nossa região.
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         *Presidente da Fundación de Investigaciones Sociales y Políticas, FISYP .

quarta-feira, 13 de março de 2013

MAIS UM DIA DE MERDA...



Não posso deixar o dia correr sem manifestar o meu grito de revolta.

Perdem-se horas nos media televisivas, rádio ou impressos, comentando a eleição do Papa. Cobertura e mais cobertura jornalística,  entretanto morrem de suicídio pessoas que vêm a sua vida destruída por este governo estrangeiro, que governa a Pátria, e tudo se transmite num curto espaço de tempo e logo se passa ao futebol do dia.

Os comentadores políticos perdem horas a dar sugestões, contrárias às sugestões que em tempos tinha sugerido, e parecem todos saber mais do que um qualquer "Papa".
Nesta actividade “politica.ó. jornalística ” se perdem horas, a ouvir as opiniões de todos os bem falantes e apessoados, menos aqueles que pagam a austeridade perdendo direitos, vendo diminuir o seu poder de compra, com o desemprego e abaixamento de salários.

Escondem-se as misérias e as medidas miseráveis que se tomam em nome da austeridade, protegem-se os gandulos que enriquecem com a crise, deixa-se que Isaltinos, BPN, Limas e outros, livres ou com pulseiras — mais caras que algumas jóias de ourivesaria — e o povo com as suas dificuldades, são varridas para debaixo do tapete da indiferença.

Não entendo como um patrão pode mandar para o desemprego um funcionário para poder manter o seu estatuto económico e social, mas muito menos o governante que o protege. E não entendo, como este tipo de gente, consegue sentar-se à mesa para a refeição com a sua família, ouvindo a notícia, de que alguém se suicidou junto com os filhos, porque não tinha que lhes dar a comer, porque honesto, não queria roubar. 


E o que todos devemos fazer??? Talvez f...-los como diz o cantor, ou seja mandá-los trabalhar. Talvez apelar aos deputados que no parlamento não estão de acordo, que pateiem os governantes e não os deixem divulgar as mentiras. Talvez fazer uma greve indefinida até que caiam do pedestal e o povo os possa julgar pelos crimes de lesa Pátria. Quem sabe, talvez assim pudéssemos comer presunto, porque os porcos iam para fumeiro.

terça-feira, 12 de março de 2013

ToMAR DECISÕES



O mar cinzento pelo reflexo das nuvens, e a espuma branca das ondas em contraste com o plano do passeio definiam a linha do mar. As pessoas dentro dos carros observavam o espectáculo do mar que sobressaia entre a chuva intensa que caía. Ela era uma das poucas pessoas que de forma intermitente interrompia a sua observação, lendo o livro que tinha no regaço, ou dormitava, naquele cerrar de olhos leve que nos deixa entre este mundo e um outro que desconhecemos.
Na prática aquele estar junto ao mar, era uma forma de deixar correr as preocupações que a atormentavam e os sentimentos cada vez mais confusos que a trespassavam.
O clima emocional, não lhe permitia ter a melhor visão dos factos, o cinzento também pairava na sua cabeça, e se não surgir um arco-íris que de repente se sobreponha à tempestade, será difícil ultrapassar a angústia que a domina.

As decisões a tomar tão dolorosas e difíceis, e, por vezes inexplicáveis, são um tormento que se lhe depara. Por mais que se diga que a vida continua, na verdade, nada será como dantes. Sejam questões de ordem económica, sejam questões de ordem sentimental, elas exigem, não raras vezes, uma racionalidade que a deixa vazia por dentro, com marcas profundas, que mesmo com o correr dos tempos se tornem mais suaves, não deixam de periodicamente sangrar.
Ela gostaria de colocar um fim, ao seu desassossego, ficando liberta, mas ao mesmo tempo sente que lhe pode estar a fugir entre mãos algo mais valioso, que neste momento não consegue enxergar bem a sua dimensão. Daí o medo das decisões, o medo das escolhas. Sabe que os dias correm vertiginosamente e cada vez menos tempo e as oportunidades de ser feliz, realizar os seus projectos, alguns somente sonhados, vão escasseando. E o que pode acontecer, é de repente olhar para trás e encontrar um enorme vazio difícil de preencher.
É bom, quando se olha para trás, e se fica com a noção de ter tomado as decisões certas, no tempo certo, mas como ter a certeza, agora, perante os acontecimentos, de que está a decidir pelo mais certo?
Na verdade todos sabemos que por vezes é preciso arriscar e não ter medo. É no acerto e no erro, que se vai evoluindo, construindo futuro.

Olhou o mar e viu as ondas sucessivas que se iam desfazendo contra o muro, repetidamente cumprindo os ciclos. Ali estava o gráfico da sua vida, de sete em sete vem a onda maior, tudo muda de dimensão, os acontecimentos se manifestam de modo semelhante, mas nunca iguais. Uns dias na crista da onda, noutros bem em baixo nos pés da sua formação, mas todas elas no mesmo meio, a vida.

A decisão estava tomada, não deixaria que os acontecimentos matassem o sentimento que a mantinham viva. Tinha que aguentar um pouco mais, até que chegasse o momento em que o mar iria diminuindo o volume da ondulação, ficando quase um lago somente agitado pela brisa do entardecer, e procuraria gozar esse momento o mais tempo possível, porque bem o merecia.

domingo, 10 de março de 2013

CONSTRUIR UMA VIDA



Construir uma casa bonita ou feia não é importante, importante é construí-la. É não deixar que os dias se esgotem construindo as casas dos outros e sonhando com a materialização daquela que nos acompanha no pensar dos dias.

No cimo da falésia, vai nascendo no espaço da antiga casinhota, a casa que há-de pasma-lo diariamente olhando o mar.

Em cada pedaço construído, sente-se mais próximo de quem amava, e vê reconstruir novos laços com os amores de toda à vida.

Pena foi, que para dar tal passo, fosse necessário saber que tinha um prazo para existir mais curto que o previsto.

Nada será por acaso, o que ontem parecia um facto tenebroso, no hoje, é pensado como uma bênção e um mal menor. Tudo acaba por contribuir para que transformemos os desígnios das nossas vivências.

Vivemos anos, dias, horas e segundos matraqueando a cabeça com projectos que vamos vivendo em sonhos e protelando vida, e vamo-nos deixando morrer na apatia, na sensaboria da nossa existência.

Nem sempre o dinheiro, ou a falta do projecto são razões para não se obter a realização dos nossos sonhos, a maioria das vezes são a nossa cobardia, o nosso comodismo, o nosso egoísmo os culpados, de não obtermos ainda a tempo, nos anos áureos da nossa vida, aquilo que seria o fermento que embelezaria o nosso estar aqui.

Não se pode deixar que esta nossa, tão curta, passagem à superfície da terra, seja constantemente desaproveitada, pensando mais na “morte da bezerra”, do que na realização do amor, da amizade, do bem estar mental, que é o alimento base da nossa criatividade, do nosso sorriso, do nosso prazer de sermos vivos.

Todos nós temos direito a ser tocados e a tocar os que amamos, com a carícia, o beijo ou o abraço e este gesto não pode ser deixado para o amanhã, em nome de um nada menos importante.


DC

sábado, 9 de março de 2013

SORRISO INGÉNUO




Sorriso ingénuo
Talvez
ao certo, certo
trás muitos porquês
Dá que pensar
se é ingénuo o sorriso
ou é aparente disfarçar


Os olhos não respondem
Com a mesma alegria
que ao sorriso parece
Talvez porque escondem
o quanto sofria
e do mal de que padece

Ri do amor que tanto falam
goza com o sentimento
e do sofrimento
que muitos calam
E no entanto sempre procura
O amor a cada momento
é toda a sua loucura
e quando ele acontece
toda ela feliz floresce.

DC