A frase, saiu sem pensar, ganhou expressão
por si só. O clima está incerto, faz sol, ou chove, há vento, ou uma ligeira
brisa, o calor é imenso, no virar da esquina o frio segue. Tudo muda na
incerteza dos minutos, dos gostos e desgostos, da mente perturbada, congelada,
que não pensa, são os dedos por si sós que se movem, ganham vida própria. Serão
comandados pelo subconsciente? Responderão directamente ao coração, ou não querem
saber de nada disso? Confuso? Não sei, os dedos continuam carregando nas
teclas, umas vezes depressa outras devagar, sempre marcando letras que fazem as
palavras, os raciocínios e continuo sem pensar da razão do acontecer. Como
aquele beijo que damos sem pensar, o abraço que damos sem explicar, o restar em
vez de partir, a respiração que funciona mesmo sem pensar.
As palavras na sua suavidade, ou
intensidade, por vezes surgem à frente, saem da boca e abstraem-se da pessoa
que as solta, tantas vezes tem doçura e mel, outras tantas vinagre e sal, em
ambas as situações são tempero de vivências, são reflexos de personalidade expressando
de que massa somos feitos. Lá chegarão as alturas, em que será necessário,
escolher as palavras com cuidado, com a precisão necessária, em razão do
momento. Até lá deixarei que elas sejam livres e se façam sentir. Que as leia
quem quiser, como quiser, e como eu, não pense demasiado na sua adequação.
Sirvam-se delas gozem a sua sonoridade, fiquem-se pelo gozo da repetição ao
serem pronunciadas, fiquem com as que gostam no vosso acerbo, e disparatem
insultando quem acaba de se pronunciar, escrevendo tudo isto.
dc